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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pesquisas e questões sobre textos de yoga escolhidos pela Professora Cláudia Regina Teixeira Rocha

QUESTÕES RESPONDIDAS POR ESCRITO, TENDO POR BASE A LEITURA DOS TEXTOS MENCIONADOS ABAIXO, DOS QUAIS FOI SOLICITADA A LEITURA, BEM COMO SEU CONHECIMENTO PRÉVIO SOBRE O ASSUNTO.
TEXTOS DE REFERÊNCIA:
Ÿ TIWARI, M. O Caminho da Prática. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. Cap. 5 ( p.127-146);
Ÿ GULMINI, L.C ...[et al.] Estudos sobre o Yoga. São Paulo: CEPEUSP,2003. Parte I – Construindo o Conceito de Yoga – ROJO, M. O que é Yoga ? ( p.49-65);
Ÿ DESIKACHAR, T.K.V. O Coração do Yoga. São Paulo: Jaboticaba, 2007. Parte 3 – O Yoga Sutra de Patanjali – Cap. 2 – SADHANAPADAH (p.243-267) – Sutras 2.1 a 2.14


1. Suponhamos a seguinte situação: “você acaba de assumir uma turma de Yoga, como professor(a), e esta turma é de iniciantes. As idades são variadas, há homens e mulheres, ou seja, a turma é heterogênea, composta de 20 alunos. Após uma anamnese inicial, feita através de questionários que foram entregues e respondidos pelos alunos antecipadamente, você identificou casos de pressão alta, depressão e síndrome do pânico e decidiu – de imediato – por colocar alguns exercícios respiratórios como foco de sua primeira aula. “ Agora responda:

A). Sua decisão é adequada e pode ser aplicada? Por quê e como ? Explique como você procederia, que tipo de precaução tomaria, os exercícios indicados ou não, etc.
Sim, a decisão é bem adequada já que um trabalho com Adhama Pranayama (por exemplo) serve para todos, sem contra indicação e sem dúvida vai auxiliar no equilíbrio fisiológico e energético tanto para os praticantes que tem enfermidades tanto para aqueles que não tem nenhum problema de saúde aparente mas que vão se beneficiar muito com a vitalização da reeducação respiratória.
B). Como você falaria aos seus alunos sobre os prana vayus, numa explicação do que sejam e onde ou como atuam ?
Explicaria que o Prana é composto de 5 ventos “ares” diferentes com funções distintas dentro do corpo e da mente. Trabalhar pranayamas faz com que esses vayus se equilibrem com o universo. Quando o prana não está funcionando bem a nossa energia vital é ameaçada. Já que Prana inunda laringe, coração influenciando no sistema respiratório e sanguíneo. Já Udana preserva nossa voz interior e faz com que percebamos melhor as coisas. Samana rege o metabolismo e a digestão enquanto apana é a energia de eliminação e capacidade de reprodução. Vyana age na circulação e todos esses “ares” agem também no rosto e cérebro. Equilibrando os vayus o praticante é beneficiado com boa eliminação, saúde nos órgãos internos, metabolismo equilibrado, boa respiração e circulação, clareza de pensamentos e fala e uniformidade na temperatura do corpo. Ou seja, equilíbrio que pode ser adquirido com os pranayamas.

C). Assumir uma prática de equilíbrio da respiração solar e lunar – conforme é tratado no texto de TIWARI – pode ser tido como uma forma de sadhana? Por quê ?
Sim, sem dúvida porque alinhamos a nossa respiração com o ritmo diário, com mais consciência e equilibramos os dois canais de prana (ida e pingala). Alinhamos a nossa respiração com a respiração cósmica

D). Descreva, da maneira mais clara e simples que conseguir, os procedimentos que TIWARI indica para – ativar a energia lunar e solar, bem como para equilibrar tais.
Primeiro deve-se verificar qual é a narina que está permitindo a entrada de maior quantidade de ar. Se o ar é mais forte do lado direito, quer dizer que a respiração solar está mais ativa. Se for o esquerdo então a lunar está mais ativa. Expira-se fortemente com uma narina de cada vez, com a mão em frente a narina para perceber em qual narina o ar sai com mais força. Como o objetivo é harmonizar com o dia com a respiração lunar e a noite com a respiração solar, deve-se ativar a respiração respectiva. Por exemplo: Se começamos o dia com a narina solar (narina direita)ativa então devemos usar a mão na axila para abrir o canal e alterar a respiração de narina para narina até abrir. Pode-se usar também a respiração alternada das narinas, podendo colocar ritmos (anuloma viloma).

E). No SADHANAPADAH, segundo capítulo do Yoga Sutra de Patanjali, que trata sobre a prática do Yoga, estão relacionados 05 obstáculos (kleshas) que estão na base de todo o sofrimento humano, também traduzidos como aflições. Quais são eles? Seria possível falar sobre isso aos seus alunos iniciantes ? Como ?
Os Kleshas são:
Compreensão errônea – erros de percepção.
Falsa identidade – identificação com a mente.
Apego excessivo – objeto como felicidade.
Aversões sem razão – samskaras
Insegurança – ansiedade.
Sim, sem dúvida é possível explicar aos iniciantes sobre os kleshas, inclusive induzi-los a perceber os obstáculos nos ásanas, de forma sutil pois são iniciantes, mas significante, trazendo a percepção do novato para esses conceitos. A aflição que os praticantes iniciantes tem no sádhana pode ser traduzida, numa linguagem corporal como meio de entender o ser.
2. Imagine-se numa segunda situação: “você dá continuidade às aulas de Yoga e tem amadurecido sua própria prática pessoal. Permanece atuando com uma turma heterogênea, de alunos iniciantes. Num dia, sem aviso prévio, um aluno o(a) aborda e pergunta “o que é Yoga”? Você dá uma resposta, relativa à prática psicofísica dos asanas, à aprendizagem mental que isso traz e, por fim, embora tenha esclarecido algo ao aluno, sente que deveria “dizer” mais. Para a semana seguinte, decide fazer um texto explicando “o que é Yoga”. Como ficaria esse texto ? Relacionem as informações que deverá conter, façam isso em grupo (3 ou 4 pessoas), e preparem um texto para a próxima aula.
Bom, provavelmente usaria os estudos de Georg Feurestein que dão um bom fundamento histórico e filosófico. Aproveitaria dos seus textos comentários sobre a Essencia do Yoga, sobre a idéia de Purusha (o não-manifestado), sobre o que dizem as upanishads que foram os primeiros a ensinar o ritual interno e da absorção nesse fundamento. Citaria o Yoga Clássico de Patanjali que estabelece uma separação entre o Si mesmo transcendente e a natureza (prakriti) e sua definição (citta-vritti-nirodha) sobre a restrição dos turbilhões mentais e que na verdade trata de uma concentração de corpo inteiro, onde todo o ser se aquieta. Obviamente citaria o objetivo do Yoga oriundo de todas as escolas de Hinduísmo que concordam em que a Realidade última é o estado de superconsciência (samadhi) e a busca de (Moksha), libertação. Também esclareceria sobre os significados da palavra yoga (união). Finalizaria dizendo que por mais benefícios que possamos ter com a prática de yoga no equilíbrio das nossas vidas, o objetivo é na verdade muito maior, que é a liberdade e a consciência.

3. Entre os sutras 2.10 e 2.15 desenvolve-se uma idéia relativa às ações (karma) e suas conseqüências (ação e reação). Diz-se nesses sutras que as ações podem estar, e geralmente estão, mescladas aos obstáculos (kleshas), sendo por estes influenciadas e até determinadas. Releia os sutras mencionados e descreva como esta situação - de influência dos obstáculos (kleshas) - é exposta ali. Em seguida, responda :
Ÿ Qual (ou quais) o(s) elemento(s) ou instrumento(s) que pode(m) liberar o indivíduo deste aprisionamento?
Primeiramente, permanecer vigilante e quando perceber o klesha, dominá-lo na reflexão para que ele não fique no comando. Assim procurar um meio de se libertar.

Ÿ Como o indivíduo pode aprender sobre isso - sobre essa liberação ?
Procurar um meio de se libertar que pode ser com sádhana, púja, mantra, bhakti, diversão, etc. No sentido kármico (ação e reação), os kleshas podem mudar o resultado de uma ação influenciando a atitude mental e continuando a gerar problemas com efeitos dolorosos que podem ser o resultado de repetição de experiências e efeitos de condicionamentos, além da mudança do próprio indivíduo. O sádhana ensina a auto-observação, trazendo a tona tudo que pode ser trabalhado, superado, aceito. A prática é um simulado da vida real. Ficando consciente num sádhana, o praticante aprende a ficar atento e vigilante também no dia a dia. Com o tempo o praticante percebe que mesmo depois da prática, o sádhana continua.

Namastê
Pérola de Souza

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