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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Psicologia: O que é imposto pela Sociedade_Escrito por Pérola de Souza

O padrão imposto pela sociedade para todas as idades é cruel. Temos um modelo para tudo, crianças, adolescentes, adultos e terceira idade. Cada um deles sofre quando sai desses padrões. Criança que fala como adulto é intrometida, precoce e deve ter problemas. Adolescente que se comporta como criança tem problemas emocionais e deve ter tido problemas na fase oral ou outra qualquer. Adulto que namora com adolescentes tem problemas sérios de adolescência mal resolvida e é safado. Adolescente que namora adulto teve problemas com a mãe ou com o pai. O pior é quando a “melhor idade” decide curtir a vida. Então surge o comentário de mais mau gosto que existe: “O velho pirou de vez”.
A idade que deveria ser mais admirada é justamente a mais velha. Ou seja, quanto mais idade a pessoa tem, mais experiência de vida, mais histórias, mais coisas para compartilhar...além de poucos darem o devido valor, ainda ridicularizam quando alguém acima dos sessenta decide realmente viver, podendo escolher os programas, as roupas, a comida, a música conforme o que gostam de verdade e não aquilo que é imposto para sua idade.
Vou contar uma situação muito interessante que me chamou a atenção e nunca mais vou esquecer. Meu pai, filósofo, estudioso, erudito tinha um amigo do qual gostava de dividir as horas filosofando. Esse amigo do meu pai está hoje com mais de 80 anos. Lembro que nos anos 80, vi meu pai perguntando para ele se estaria presente numa Convenção Rosacruz do qual freqüentávamos todos os anos e que para nossa família era um acontecimento onde o mundo parava. Esperávamos que ele, como Rosacruz, estivesse lá. Então ele olhou para meu pai com uma risadinha e disse: “Puxa vida Hermanito, tenho um compromisso muito importante e do qual não tenho como adiar...” Então me pai disse: “Nossa, deve ser algo muito especial, pois seus olhos brilharam...” Então seu amigo respondeu: “É sim, estou indo para o Rock In Rio...” Lembro da expressão do meu pai, assustado mas ao mesmo tempo deslumbrado. Deve ter pensado: “puxa que coragem!”
Lembro também do comentário mais falado na minha casa na época sobre isso: “Nossa, não tem jeito mesmo, esse não cresce, pensa que é jovem, vai fazer o que lá no meio da molecada...” Lembro também de ter ouvido: “Ah, mas esse sempre foi meio safado mesmo.”
Anos depois encontrei com ele numa festa promovida por duas amigas psicólogas que estavam inaugurando um Centro de psicologia transpessoal. Ele estava noivo de uma delas, pelo menos 20 anos mais jovem. Fiquei tão orgulhosa dele. Ele me puxou para uma conversa pois estava preocupado com a linhagem de yoga que eu estava praticando na época e me disse que eu deveria procurar o pessoal do Osho. Quando segui seu conselho e comecei a ler alguma coisa, entendi porque aquele homem era tão jovem, quebrando padrões e isso serviu de inspiração para mim, ou seja, quando eu crescer, quero ser como ele. Ele conseguiu quebrar padrões. Acho que a nossa sociedade está caminhando para isso. Espero que quem quer que seja meu parceiro quando eu tiver sessenta, goste de usar blazer vermelho e mergulhar em cachoeiras...e o texto me levou a pensar, que o primeiro padrão que deve ser quebrado é o medo da morte (para que não tenhamos que agir como defuntos antes de morrer) e o segundo é a forma como devemos nos comportar. Ser aquilo que somos e não o que a sociedade impõe. Preconceito é visto em todas as idades. Quando eu saio do treino com bermuda de atleta e preciso pegar meus filhos na escola, sinto que olham para mim com cara de “onde já se viu uma mulher dessa idade andar desse jeito”, “onde já se viu nessa idade estar pegando onda” Isso me falaram pessoalmente. Hoje, tenho visto muitas pessoas com mais de sessenta anos pegando onda. Quebrando padrões...isso me dá muita esperança de ver uma sociedade diferente quando eu tiver chegando nos sessenta...

Um comentário:

  1. oi Perola ! pensando no assunto...uma vida de conquistas$$ e poder e todas essas mudancas exteriores é uma coisa meio morta ja. ao quebrar esses padroes parece que buscamos o que deveriamos ser ou agir e isso nos da vitalidade. e quem nao se inspira quando ve essa molecada sessentona que nao cresce ?!!!
    grande abraco a todos e parabens pelo blog
    Marcelo - Imbituba/SC

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