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quarta-feira, 13 de abril de 2011

O REAL VALOR DO YOGA


Querido Leitor

Para escrever esse texto, tive que esperar uns dias para não escrever com o emocional. Algumas indignações tomaram conta do meu ego e fiquei preocupada em não ser muito agressiva nas minhas palavras. Mesmo assim, é um texto escrito, lido, relido até que tive certeza que não estaria agredindo as pessoas que me causaram essa indignação. Essas pessoas saberão de qualquer forma que são elas e por isso quero começar esclarecendo que essa minha atitude é por puro amor por essa filosofia maravilhosa que é o Yoga e amor por pessoas que não sabem o que falam, pois me sinto como uma mãe chamando a atenção de um filho. À vocês queridos, obrigada por estar me dando essa oportunidade de poder falar para outros milhares que pensam como vocês. (Mas por que será que eu sempre tenho a impressão que aqueles que precisariam ler não vão ler?)

Na verdade tudo começa quando alguém diz para mim que yoga é caro (tudo isso aconteceu quando a mensalidade subiu, porque tudo subiu), ou quando alguém simplesmente dá aula de yoga sem cobrar nada. Afinal, qual é o verdadeiro valor do yoga?

Vamos analisar a famosa frase: “Quanto custa para estragar a saúde?” Quanto se gasta com as porcarias que ingerimos (comidas gordurosas, bebidas alcoólicas, substâncias químicas dos alimentos, poluição e festas)? Qual é o custo dos programas cheios de venenos mentais e emocionais que são assistidos (principalmente os jornais sensacionalistas que são loucos por um desgraça para prender sua atenção)? E agora o principal: quanto custa para consertar o estrago que isso tudo faz no ser humano?

Vamos imaginar o seguinte: Para consertar a saúde é preciso gastar com médicos, nutricionistas, hospitais, remédios, psicólogos, psiquiatras, dentistas e tudo que é tipo de terapia. Quanto custa tudo isso? Não leve só em consideração o preço das consultas e dos remédios, mas também a locomoção e o tempo investido. Afinal de contas, não é essa sociedade que diz que tempo é dinheiro? Então o seu tempo tem que ser levado em consideração também. Bom, todos esses profissionais que vão atender para te curar agradecem, inclusive eu como Yogaterapeuta. Vendo pelo lado econômico é bom para todos que você não se preocupe com prevenção! Se a pessoa acha isso tudo natural e que faz parte da vida, tudo bem. Para mim sem problemas também porque eu não sou o exemplo mais perfeito em saber escolher o que é melhor para mim, já que vivo no mesmo mundo que todos e adoro alguns tipos de “porcaritus” com refrigerantes nos domingos na cama com meus filhos assistindo seriados americanos. Aliás, acho isso muito terapêutico uma vez que tiramos um dia de nossas vidas para fazer isso. Mas não somos escravo disso! E você, já pensou nisso? No seu estilo escravo de vida?

Quero aproveitar para comentar sobre os nossos futuros médicos. Obviamente sem generalizar. Mas há alguns anos eu era chamada para dar uma vivência de yoga para os estudantes de medicina de uma faculdade tradicional em Curitiba, num evento conhecido como Semana da Saúde. A intenção do evento era alertar esses futuros médicos sobre suas próprias qualidades de vida, uma vez que o uso de ansiolíticos, remédios para dormir, ritalinas entre outras substâncias tóxicas são abusados por grande parte desse grupo para poderem agüentar as horas de estudo e as jornadas dentro da faculdade. Por dois anos eu fui e foi maravilhoso. Fiquei sabendo que nesse ano não vamos ter porque não houve inscritos na Semana da Saúde (veja bem, não era falta de demanda na prática de yoga, era falta de inscrição na Semana da Saúde). Esses são os médicos do futuro, os mesmos que pretendem atender a você que vai lá para curar sua úlcera nervosa, ou seu stress...desconsidere os verdadeiros médicos que tem ética e amor próprio (mas são raros).

Diante disso jamais diga que Yoga é caro (pelo menos na minha frente) porque existem preços para todas as classes econômicas. No espaço onde facilito as práticas o valor mensal é o equivalente a quatro jantares numa churrascaria de classe média em Curitiba, ou duas baladas (incluindo bebidas alcoólicas, entradas, estacionamento e em alguns casos uma balada), uma peça roupa de marca (já ví bonés que valem o dobro de um mês de prática), meia bolsa feminina do shopping, 4 engradados de cerveja, 1 garrafa de vinho bom ou 5 garrafas de vinhos populares, 6 frangos assados, 3 disque-pizzas, uma assinatura de TV a cabo com internet. Perceba que tudo isso é delicioso, mas que tudo isso tem um preço na saúde. Todo mundo paga por essas e outras milhares de coisas com muita felicidade, mas acha caro pagar um profissional de yoga, ou um curso onde vai reorganizar o corpo e a mente, que vai realmente preencher o vazio que compra nenhuma preenche! Não é de indignar?

Se as pessoas entendessem que praticando yoga elas irão se estruturar de uma forma que vai diminuir consideravelmente o custo com a reintegração da saúde, elas achariam o yoga barato, econômico. Ainda por cima teriam benefícios como concentração, criação mental, organização mental e administração do tempo, benefícios inclusos de forma genial! Alguém aí poderia acrescentar nesse texto quanto custa um workshop de cada uma dessas coisas citadas?

Já aconteceu de praticantes chegarem para mim e falarem que não podiam mais praticar por questões financeiras. Instruí essas pessoas para que não deixassem a prática por causa disso, uma vez que é nessa hora de dificuldade é preciso praticar mais do que nunca para se reestruturar. Sugeri outras formas de pagamento como apoio nos eventos, uma mensalidade mais acessível ou até mesmo trocas de favores e foi maravilhoso para os dois lados (troquei por aula de música para meus filhos, terapia floral, massagem, assessoria de imprensa, tatoagem, acupuntura, comida porque tudo isso vale dinheiro e precisa ser valorizado também). Quando a pessoa quer realmente praticar yoga, quer ser uma pessoa melhor, quando sabe da responsabilidade que tem com sua vida e com a vida do planeta, não existem barreiras para praticar. Eu mesma quando comecei a praticar não tinha como pagar e troquei por patrocínio esportivo, onde eu dava o retorno fazendo propaganda para o estabelecimento. Depois abri porta para outros atletas que precisavam desse apoio em consideração ao que o universo havia me proporcionado. De graça jamais! Pode ser uma troca e isso muitas vezes vale mais do que dinheiro. Ninguém dá valor no que é gratuito (que no fundo sempre tem uma intenção por trás). Por isso sou contra as praticas gratuitas porque elas desvalorizam quem precisa receber. Veja bem, o profissional de Yoga, assim como todos os outros profissionais, gasta com livros, cursos, faculdades, viagens para se aperfeiçoar e poder atender melhor aos praticantes. O profissional de Yoga precisa comer, se vestir, se divertir e viver.

Já escutei outra que também me deixou boquiaberta: O yoga não deve ser vendido e é pecado ganhar dinheiro com a filosofia milenar. Peraí! Toda forma de exploração é absurda em qualquer área. Mas então comida deveria ser de graça também já que vem da terra. Gente, o Yoga é cobrado para poder dar ao praticante uma estrutura boa (tapetes, ambientes limpos, acolhedores e que gerem bem estar) e isso não é barato. O facilitador da prática precisa se preparar, ter tempo para ler e se aprimorar e principalmente se inspirar para poder ajudar e levar os praticantes para a verdadeira prática. Perdoem-me aqueles que não gostam disso, mas a pessoa que dá prática nas horas vagas do trabalho não tem tempo para ser um verdadeiro e dedicado profissional de yoga. Facilitar prática de yoga não é só entrar na sala e dar alongamento, meia dúzia de musculares e ensinar a vocalizar o om. É preciso mais que isso, é preciso “feeling”, tempo para estruturar a prática e o ambiente para ela, para pesquisar e ajudar seus alunos, atendê-los quando precisarem de acolhimento, organizar grupos de estudos e aperfeiçoamento. Esse é o verdadeiro profissional.

Faço deste tema o meu Dharma nesse momento da minha existência, onde vejo escolas de Yoga fechando e professores de yoga tendo que fazer concurso público porque Yoga não dá dinheiro. Obrigada a todos aqueles que nunca deixaram escolas fecharem e professores abandonarem o magistério da filosofia.

Desejo que esse texto desperte realmente muitas mentes para essa visão do valor do yoga. Todos têm o direito à prática, mesmo que seja pouco o que se pode pagar, uma vez que o valor que se dê seja compatível com o que se deve realmente pagar dentro da sua classe econômica e sabendo o verdadeiro valor que essa filosofia de 5000 anos tem.

Termino esse texto com a frase do Dalai Lama. Essa frase me dá a impressão que ele tem o mesmo sentimento:
“.... Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”