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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Resenha: JAINA YOGA: A DOUTRINA DOS PONTÍFICES VITORIOSOS

O Jainismo é uma das mais antigas religiões da Índia e é uma doutrina heterodoxa, ou seja, diferente e contrário do hinduísmo principalmente por ser contra a casta dos Brahmanes, dos rituais védicos e sistema patriarcal.
Considerada uma doutrina rival, visto pelos hindus como ramo colateral do Hinduísmo, mas que não constituem ameaça nenhuma por ser seguida por um pouco mais de três milhões de pessoas apenas. Mas é um grande movimento sociorreligioso que se destaca pela observância de importantes preceitos morais, entre eles a não-violência (ahimsá).
É uma prática de tapas (ascese) com ênfase especial na renúncia e num rigoroso código de ética. Mestres jainas que vieram depois de Cristo incorporaram muitas idéias e práticas do yoga hindu principalmente o de patanjali.
O Jainismo foi fundado por Vardhamâna Mahâvira (séc. VI a.c) que era poucos anos mais velho do que o Buda e reconhecia a existência de vários Mestres (jinas – vitoriosos porque haviam vencido o “eu”) que viveram antes dele e dos quais ele se via como devedor. Por isso o termo “pontífice”, construtor de pontes entre este mundo e o outro, ou seja, entre a ilusão e o real. Mahâvira era considerado o vigésimo quarto e último pontífice. O primeiro teria sido o legendário Rishabha e que pode ter vivido por 8,4 milhões de anos. No Rig-Veda, no Taittiriua- Aranyaka e no Bhagavat-purana existem referências sobre um vidente Rishabha, mas não se pode afirmar que tenha sido ele de fato.
Vardhamâna Mahâvira provavelmente pertencia a uma família rica da casta guerreira, talvez em Varanasi. Doze anos depois de começar a sua caminhada espiritual, ele atingiu a iluminação e começou a pregar a verdade logo em seguida de forma carismática, com desapego e muita dedicação. Andava nu como exemplo da sua renúncia e essa questão da nudez dividiu a comundiade jaina em duas sietas por volta do ano 300 a.c.
Até hoje existem os jainas nus – Digambaras (vestidos de espaço) e os Shvetâmbaras (vestidos de branco) que optaram por essa forma de renúncia. As mulheres não podem ficar nuas ainda até que renasçam num corpo de homem, a não ser Malli que foi a décima nona pontífice.
Conforme expõe os Shvetâmbara, o cânone das escrituras sagrada jainas tem quarenta e cinco livros. Já os Digambaras admitem que nenhuma das obras canônicas dos primeiros tempos foi conservada. Os livros jainistas costumam ser chamados de âgamas e tem obras semelhantes aos Upanishads.
Existem obras extracanônicas como o Tarangavati, poema escrito por Padalipta Suri, Pauma-Cariya de Vimala e o famoso Tattva-Artha de Umasvati considerado o maior filósofo do Jainismo ( Sua influência dentro do Jainismo é comparável a Shankara no Hinduísmo). Existiram outras obras importantes que contribuíram também para a filosofia indiana e embora os Digambaras rejeitem os cânones Shvetâmbaras, eles o citam frequentemente. Alías é válido ressaltar que apesar da rivalidade das duas seitas, as diferenças são mínimas. O Jainismo conseguiu preservar os seus ensinamentos originais por mais de dois milênios.
No século XIII, os mulçumanos destruíram milhares de monges, templos,e bibliotecas debilitando a cultura jaina. Mas movimentos como o Anuvrta, fundado por Acarya Tulasi em 1949 conseguiu manter os votos do jainismo na Índia.
Semelhante ao Hinduísmo e ao Budismo, o Jainismo prega um caminho que leva à libertação através da doutrina do Karma , mas com uma extensão até então não vista ainda. A idéia que a ação e reação se apliquem também no domínio psíquico ou moral, usando o medo como fator predominante para se determinar o futuro ou outras encarnações. Já as tradições indianas afirmam que essa condição pode ser transcendida no momento da libertação.

Capítulo 7
O YOGA NO BUDISMO
Buda provavelmente nasceu em 563 a.C de morreu aos oitenta anos de idade. Budismo é o nome da tradição cultural que se criou através dos ensinamentos de Buda. Nessa época, a religião dos brâhmanas, era uma formalidade cansativa e que aborrecia a muitos e o povo ansiava por um outro caminho.
A personalidade carismática e bondosa do Buda, que era um aristocrata, ajudou a espalhar sermões que ele pregou e que foram registrados na língua pali. Buda nasceu no clã dos Shakyas de Koshala, sul do atual Nepal. Cresceu e foi criado na riqueza e aos vinte e nove anos, cansado da vida protegida saiu em busca da sabedoria.
Aproximou-se de vários mestres famosos da época e percebeu que os estados que atingia não eram suficientes para se chegar a verdadeira Iluminação. Permaneceu em profunda meditação por seis anos, jejuando quase até a morte. Depois percebeu que esse não era o caminho que levava à emancipação e voltou a pedir esmolar para comer, como fizer antes e através de uma nova percepção entregou-se ao processo espontâneo de meditação tornando-se um ser desperto (buddha).
Conta a história que Buda alcançou a Iluminação sentado sob uma figueira (árvore bodhi – árvore da Iluminação) no mês de maio numa noite de lua cheia. O dia de lua cheia de maio de 1956 foi reconhecido como o 2.500º aniversário da iluminação do Buda.
A constituição dos fundamentos de seus ensinamentos é formada por uma mente liberta de desejos e concepções errôneas que vem do ego, a compreensão da ignorância e da servidão espiritual.
Procurou os cinco ascetas que foram seus companheiros por muito tempo e fez seu primeiro sermão no Parque dos Veados de Sanath e chamou o seu caminho de “caminho do meio” (madhya-marga). Revelou as quatro nobres verdades do sofrimento, de desejo como causa do sofrimento, da eliminação dessa causa de e do nobre caminho óctuplo.
Fundou mosteiros e por quarenta e cinco anos, vagou pelo norte da índia ensinando a todos os que se dispunham a ouví-lo, sem nunca cobrar.
A disseminação da doutrina Búdica se deu depois da sua morte no atual Nepal e foi no reinado do famoso imperador Ashoka que o Budismo deixou de ser uma seita local para transformar-se em religião de Estado.
O Budismo dividiu-se em duas tradições: o Hînayâna (pequeno veículo) e Mahâyâna (grande veículo) e as duas afirmam ter o verdadeiro e original conhecimento de Buda. Hînayâna refere-se aos textos escritos na língua Pali, é voltada para o indivíduo e punha como prioridade a extinção total do desejo (nirvana). As escolas Mahâyâna achavam essa atitude egoísta e substituíram por um pensamento mais holístico. Os textos de estudo da escola Mahâyâna eram em Sânscrito.
O Budismo também sofreu com a destruição de vários legados, no século V d. com as invasões dos hunos. Mas a erradicação da Índia se deu pela obra de Shankara, o maior dos mestres do Vedanta, cuja doutrina não dualista é semelhante à doutrina do Budismo Mahâyâna.
Assim, o Budismo se estabeleceu mais fortemente no Sri Lanka, Indonésia, China e no Japão. Duzentos anos depois conquistou o Tibete e no século VIII, o Afeganistão. Hoje acredita-se que haja mais de 500.000 budistas só nos Estados Unidos.






UMA PROCURA DE ESCLARECIMENTO
A história conta que no século VI a.c surgiram vários pensadores importantes que contribuíram para a evolução da filosofia com um destaque para a responsabilidade perante o destino, ou seja, o ser humano passa a ser dono daquilo que acontece na sua vida. Coincidência ou não, na mesma época em que surgiu o profeta Jeremias em Israel com esse pensamento, apareceu Anaximandro na Grécia (todas as formas de vida surgiam da mesma fonte) e Heráclito citando a impermanência como característica básica da vida. Outro importante pensador surgiu na China, Confúcio com preceitos morais enquanto que na Pérsia, Zaratrusta defendia que o homem devia escolher entre o bem e o mal. Na Índia os homens tinham os mesmos questionamentos e se transformou no centro de criação religiosa e assim, surgiam novas concepções sobre o universo e uma formulação nova de crenças.
A inspiração para a criação de novas crenças na Índia veio das Upanishads que continham muitos temas que deram a base religiosa do Jainismo e do Budismo. Lembrando que as Upanishads não trazem declarações absolutas sobre o certo e o errado, sobre a criação, deuses e sobre os homens. Mas as Upanishads questionam a verdade sempre oferecendo um leque de possibilidades e é a literatura mais sagrada dentro do ponto de vista religioso trazendo questões sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Talvez o único absolutismo das Upanishads tenha sido que viemos todos do mesmo lugar, ou seja, de um único espírito (divina essência) chamado Brahma e de onde vinha também todas as formas. Mesmo assim as Upanichads referenciavam os inúmeros deuses antigos e os indianos continuaram a ser politeístas, mas o sentido de monismo é o temo predominante das religiões indianas (é o espírito invisível que a tudo se estende).
Segundo as Upanishads o homem que não compreende essa compreensão continua o sofrimento nos renascimentos repetidos e o progresso da alma é regulado pelo carma, lei de causa e efeito. Ou seja, a sua próxima encarnação vai depender do carma estabelecido nessa existência pela suas ações e pensamentos atuais.
Como auxílio nesse avanço de novos nascimentos surge o darma, o dever que temos nessa existência. Se for seguido corretamente, ou seja, se o ser humano realizar aquilo que veio fazer como obrigação, o nascimento na outra existência será recompensatório. Enfim o ciclo de renascimento, o conceito e carma e o de darma se tornaram a base da crença indiana.
Ainda nesse mesmo século surgiram outros intelectuais desafiando os brâmanes. Alguns se tornaram hedonistas (filosofia de prazer mundano) e outros ascetas que buscavam a liberdade da interferência mundana e realizando práticas impressionantes como os faquires e realizadores de façanhas desafiando a natureza. Esses ascetas combinavam as práticas desafiadoras com concentração mística e habilitavam os seus espíritos deparando-se com intuições novas e preciosas. Muitas voltavam as cidades levando novos pensamentos e adquiriram adeptos e os cultos heterodoxos se espalhavam. Muitos desses cultos eram antibrâmanes. Centenas de cultos surgiram, mas dois realmente sobreviveram e conseguiram alterar a tradição brâmane que foram o jainismo e o budismo.
Vardamana, criador do Jainismo era um asceta desde o começo da sua vida, mas viveu uma vida aristocrática até os 30 anos quando seus pais morreram. Tornou-se mendigo e logo depois abandonou o vestuário e passou a andar nu, como forma de renúncia, dedicando 12 anos à austeridade. Aceitava o carma e a reencarnação, os conceitos de Átman e de Brahma, mas com interpretações novas. Atribuía alma a todos os seres, ate mesmo aos rios, árvores e pedras. Dizia que por rigorosa abstenção de mau procedimento, o homem podia livra-se de suas impurezas, clareando sua alma manchada. Assim a alma deixaria de renascer. Para os Jainas o maior objetivo era a purificação da alma e a única maneira de conseguir essa pureza era entrando para um mosteiro e não fazer coisa alguma. Pregava que matar qualquer forma de vida produziria terríveis resultados espirituais. Essa proibição era tão séria que os jainas tinham cuidados para não matar insetos varrendo o chão por onde passavam ou colocando máscara sobre o nariz e sobre a boca para não matar insetos acidentalmente com a respiração.
Nos dias atuais os jainas ortodoxos não comem carne e só se alimentam ao dia para não matar acidentalmente os insetos no escuro. Para eles a realização suprema era cometer suicídio por inanição. Assim Mahavira jejuou até morrer aos 72 anos. Mesmo para aqueles não viviam em mosteiros, os conceitos vividos do carma de Mahavira e os preceitos de honestidade e justiça eram tão fortes que foi possível levar essa religião para a vida urbana.
Uma religião mais forte então surgiu com outra pessoa: Sidara Gautama, conhecido como Buda. Muitas lendas cercam o nascimento de Buda e de acordo com uma delas cinco dias depois de seu nascimento os adivinhos profetizaram que o menino seria um Imperador Universal e que quatro sinais lhe revelariam as misérias do mundo.
Os sinais se revelaram. O primeiro foi quando Buda descobriu que os homens envelhecem, o segundo é que os homens sofrem com as doenças, o terceiro foi um homem morto e o quarto um mendigo contente. Com este último Sidarta entendeu que os homens podiam ter paz, afastados do mundo e assim achou o seu destino.
Começou a sua jornada aos 29 anos e da maneira tradicional aos pés de um guru que ensinava as Upanishads, mas que não conseguiu satisfazê-lo. Assim juntou-se a um grupo de cinco ascetas e foi para a floresta. Comia apenas um caroço de feijão por dia e emagreceu muito. Até um dia, depois de seis anos de renúncia, perdeu os sentidos e voltou a si socorrido por uma moça da aldeia e que lhe deu mingau para comer. Percebeu que esse não era o caminho e deixou os ascetas que não quiseram deixar a renúncia. Foi para uma meditação solitária, debaixo de uma figueira e resolveu que só sairia dali que entendesse os mistérios da vida. Tornou-se assim o Buda, “o esclarecido”. Foi então para a cidade ensinar o que tinha aprendido e proclamou as Quatro Nobres Verdades e o Caminho de oito passos que se tornaram conceitos fundamentais do budismo.
O caminho de Oito Passos é uma regra de vida assim como os Dez mandamentos. São eles: a Compreensão Certa (conhecendo as quatro nobres verdades), o Objetivo Certo (o homem deve aspirar a salvação), a Palavra Certa (não mentir e não caluniar), o Procedimento Certo (com cinco preceitos: não matar, não roubar, não mentir, não ser sensual, não beber intoxicantes), um Meio de Vida Certo (com uma ocupação que leve à salvação), o Esforço Certo (força de vontade), Consciência Certa (examinar o seu procedimento) e a Meditação Certa (a fim de atingir a salvação).
Características importantes dos ensinamentos de Buda foram: ensinar em língua corrente assim os ensinamentos alcançavam mais pessoas e qualquer pessoa podia ser o caminho desde que se empenhasse. Com o tempo centenas de mosteiros surgiram e continham milhares de monjes e monjas pela Índia que seguiam o Caminho de Oito passos. Portanto, Buda colocou a salvação ao alcance de todos. Com o tempo a religião se dividiu como Veículo Maior que o maior número de víeis (cerca de 250 milhões na Ásia atualmente) e Veículo Menor. Mas mesmo tendo muitos adeptos pela Ásia, o Budismo foi praticamente erradicado da Índia com o surgimento do Vedanta de Shankara.

Comentários e Observações finais:
Sem dúvida nenhuma a Índia é o País mais espiritualizado do mundo pelo que se pode observar na história da humanidade. Antes das grandes religiões surgirem a intuitiva MahaBaratha já dispunha de rituais, acervos de ensinamentos sagrados, pensadores, sacerdotes um grande culto de forças naturais. Essas idéias inspiraram grandes religiões como o Jainismo e o Budismo e porque não dizer que influenciaram até mesmo o Cristianismo? Já começa pelo nascimento lendário dos grandes homens como Buda, Cristo e até mesmo o próprio Patanjali, sempre com histórias “mirabulantes” e profecias. Idéias sobre o comportamento correto e compreensão certa do ego, renúncias e com uma visão de que “colhe-se o que se planta” estão incutidas em todos os seguimentos religiosos. Mesmo as religiões que não são tão praticadas deixaram uma mensagem importante no mundo e são princípios nobres que depois se transformaram nas nobres pregações de Buda, pregações de Cristo e que influenciam as leis dos homens até os dias atuais. Atos como matar, mentir, roubar são duramente punidos nessa existência pelas leis do planeta e isso talvez seja o correto, mas fazer o ser humano acreditar que isso atrapalha a sua salvação da escravidão do renascimento é a forma mais dura e consciente de punição. Ao meu ver é a forma mais corretade transformar o ser humano em uma pessoa melhor, mas provavelmente não é a mais fácil já que é preciso que lei interfiram para que a pessoa pare de prejudicar aos outros. Uma forma de tentar conscientizar não tão eficaz como tornar a pessoa consciente através da crença. Fica muito mais difícil para a pessoa entender de que ela é responsável de tudo o que acontece com ela. Muitas pessoas no ocidente optam pelas religiões onde é mais fácil culpar o mal, os seres do mal, influências do mal por suas más ações. Ou seja, tenho visto as grandes religiões atuais pregarem que a responsabilidade de matar e roubar não é culpa das pessoas e sim dos demônios que as cercam. Então hoje posso roubar e alegar que eu estava possuída por um ser a que chamam de diabo me tirando a responsabilidade do meu ato. Assim, se eu me entrego à Igreja, eu encontro a salvação.
Vejo que o que está faltando explicar é que esses demônios são nossos ruídos internos e nós mesmos trazemos esses demônios internos á tona com nossas más escolhas e ações erradas. A responsabilidade volta a ser nossa.
Para finalizar acho que foi uma pena o Budismo não ter ancorado na Índia e ter deixado espaço para outras religiões como o Islamismo que não teve o mesmo berço. Percebo também pela mídia que o Budismo tem ocupado um espaço bem maior aqui no ocidente e o Cristianismo no Oriente. Talvez seja essa a grande mudança de órbita que tantos estão afirmando que está para acontecer no grande planeta terra.

Namastê
Pérola de Souza

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FEURESTEIN, G. A tradição do Yoga, São Paulo: Pensamento, 2006.
SHULBERG, Lucilla, Uma Procura de Esclarecimento, Coleção Biblioteca Universal Life.

Resenha: A HISTÓRIA E A LITERATURA DO PATANJALI-YOGA


RESENHA: Capítulo 9
Livro: Georg FeuresteinPáginas 271 a 275

Na história do yoga sempre houve praticantes com intelectos espetaculares que deixaram um legado forte para o desenvolvimento da prática e fortalecimento da cultura hindu. Neste contexto pode-se citar Shankara como defensor da metafísica hindu, adepto do Yoga que viveu no século VIII d.C., além de outros mestres budistas e pensadores que chegaram a influenciar os praticantes espirituais contemporâneos como Max Müller, criador da disciplina comparada.
Da mesma maneira, o adepto do yoga que representou o clímax do desenvolvimento da prática foi Patanjali, que foi considerado o compilador do Yoga-Sútra,que segundo Christopher Chaple, pesquisador do Yoga, relatou no estudo de feurestein: “Patanjali fez o Yoga Sútra apresentando sem preconceito toda uma diversidade de práticas, numa metodologia profundamente arraigada na cultura e tradições da Índia”.

A Escola de Patanjali foi reconhecida como o sistema oficial do Yoga (Darshana) e é possível que ele tenha sofrido alguma influência do Budismo que era forte naquele período (Século II d.C) que é a data provável da existência de Patanjali.
A Índia reconhece outros “patanjalis” que foram sacerdote védico, um mestre Sâmkhya, autores e até mesmo mestre de Yoga da tradição Shaiva, mas nenhum foi de fato o próprio Patanjali, que segundo a tradição hindu foi uma encarnação de Ananta, o rei da raça da serpentes que guarda os tesouros ocultos da terra, isto é, o conhecimento esotérico. É por isso que muitos yogins começam as suas práticas do yoga com reverência ao sistematizador, o Senhor das serpentes.
Tudo que existe sobre Patanjali é especulação e a maior probabilidade é que ele tenha sido chefe de uma escola onde o estudo (swadhyaya) era o aspecto mais importante da prática. Ao escrever os aforismas, trabalhou com obras que já existiam e assim, ele não foi o criador, mas sim, o compilador das obras.
Mesmo muitos ocidentais afirmarem que Patanjali foi o pai do Yoga, a tradição pós-clássica diz que o criador foi Hiranyagarbha, o “germe de ouro” que significa o embrião da criação. Portanto, ele não é um indivíduo, mas sim, uma força cósmica primordial, sendo um símbolo do poder onde o processo espiritual é revelado.
O Yoga Clássico leva esse nome porque Patanjali deu uma forma clássica à tradição. A obra cuida da definição dos elementos mais importantes da teoria e da prática do Yoga. Sútra significa “fio” (fios perdidos da lembrança de complexas exposições com as quais ele já estava perfeitamente familiarizado), que são meias frases, como notas tomadas em aulas para aqueles que já conheciam as instruções sobre o assunto, segundo a História da Filosofia Indiana de Surendranatha Dasgupta.
O Yoga Sútra é composto de 195 aforismos ou sútras (algumas edições com 196), com versões diferentes, mas que não alteram o sentido da obra. É dividido em 4 capítulos (padas) onde o praticante pode se beneficiar muito com o estudo da compilação de Patanjali.



Namastê
Pérola de Souza

DICAS PARA VEGETARIANOS E VEGANOS

Ø Cerca de 50% dos vegetarianos têm baixos níveis de vitamina B 12. É importante dosar essa vitamina desde o início da sua modificação alimentar.
Ø Alguns estudos chegavam inclusive a demonstrar que os vegetarianos estariam mais expostos ao risco de desenvolver doenças cardiovasculares do que os onívoros!
Ø Os primeiros sintomas da deficiência é o déficit de memória, perda de sensibilidade nas extremidades, redução do apetite, perda do equilíbrio e sensação de língua inchada.
Ø As únicas fontes de vitamina B 12 confiáveis são as carnes, leites, queijos e ovos. Mas nenhum desses alimentos pode ser considerado fonte segura de B 12.
Ø O ideal é solicitar a dosagem da própria B 12 no sangue, mas atenção: o Hemograma comum e VCM jamais deve ser utilizado para fazer esse diagnóstico.
Ø A forma mais segura de corrigir a deficiência da B 12 é através da via injetável. Pode ser feita a cada 6 meses ou uma vez por ano, sendo uma vitamina bastante segura para uso e os produtos provenientes de grandes marcas da indústria farmacêutica costumam ser mais confiáveis. É proveniente de cultura de bactérias em laboratório e é preciso tomar cuidado porque alguns são derivados de animais. As bactérias mais comuns utilizadas para fabricação são Pseudomonas denitrificans e a Propionibacterium shermanil.
Ø O bom médico ou nutricionista que trabalha com vegetarianos deve solicitar a dosagem dessa vitamina em seus exames.
Ø Não são só vegetarianos ou veganos que tem deficiência de B 12 e é bom ficar atento e manter os níveis sempre acima de 350 pg/ml.
Ø A B 12 é absorvida no final do intestino delgado. A dose de manutenção preconizada para ser tomada uma vez por semana é de 2.000 mcg.
Ø Com a alimentação deve-se ter muito cuidado. Os alimentos que contêm B12 ativa são as carnes, queijos, ovos e leite, além de alimentos enriquecidos. Mas para se ter idéia seria preciso 650 ml por dia de leite para suprir a necessidade diária de B 12. Lembrando que o excesso de Cálcio do leite pode atrapalhar a absorção de ferro.
Ø Algumas poucas pessoas podem apresentar espinhas logo após o seu uso, mas que regridem completamente.



Fonte de pesquisa:
Revista Vegetarianos – Pág 30,31 – Ano 2 – número 15 – Dr. Eric Slywitch
Revista Vegetarianos – Pág 42, 43 – Ano 2 – número 23 – Dr. George Guimarães
Revista Vegetarianos – Pág 56,57– Ano 3 – número 35 – Dr. George Guimarães
Revista Vegetarianos – Pág 32,33 – Ano 3 – número 27 – Dr. Eric Slywitch
Revista Vegetarianos – Pág 32,33 – Ano 3 – número 26 – Dr. Eric Slywitch

MEDITAÇÃO DO OSHO



LIVRO – COMO SILENCIAR A MENTE

O PORQUÊ DA ESCOLHA
Osho trás uma prática divertida, ressaltando o prazer do silêncio com fortes argumentos para vivenciarmos o agora e com observações aplicáveis no dia a dia. A sensação que tive ao trabalhar com o texto é que podemos “brincar de meditar” o tempo todo.
A MEDITAÇÃO
Primeiramente Osho explica: “Meditação é sentar-se sem fazer nada – não usar seu corpo nem sua mente”. Então ele declara que se a pessoa começar a contemplar ou a se concentrar em alguma coisa, isso já é estar fazendo alguma coisa. Ou seja, contemplação e concentração podem ser usadas como caminho, mas não é o meditar. Para ser meditação a pessoa não deve estar fazendo nada mesmo! Ele ressalta que não tem como fazer isso e nem praticar isso. É preciso apenas compreender. Dessa forma, só resta para o meditador apenas ser. “E quando pegar o jeito poderá ficar nesse estado por quanto tempo quiser” diz ele.
Então a primeira parte da meditação é simplesmente ser. A segunda parte é aprender a “simplesmente ser” na vida, no cotidiano, nas tarefas e ações. Até que a pessoa consiga manter a meditação imperturbada, tendo sempre o silêncio no fundo, ou seja, sem o ruído da mente.
Ele ressalta que a vida continua e até se torna mais intensa, mais alegre, com maior clareza, visão e criatividade. Por que o meditador não é aquele que faz, mas sim o que observa e todo o segredo da meditação está em tornar-se o observador. Você faz grandes ações, mas sem perder o seu centro.


EXPERIÊNCIA PESSOAL
Teve uma época em que achava que meditação não era para mim porque era um exercício difícil e meio sem motivação. Minha mente não parava, meu Vatta sempre foi muito forte e então era difícil ficar mais do que 10 segundos em um símbolo ou mantra, por exemplo. Então troquei a concentração pelo simplesmente ser. Deixar de pensar para sentir, colocando a existência inteira à minha disposição. O resultado foi imediato de compreensão de uma série de acontecimentos e pude sentir alguns chacras se abrindo. Uma sensação maravilhosa! Foi preciso desapegar do resultado da meditação para conseguir esvaziar.

APLICAÇÃO DIÁRIA
O exercício que passei a usar foi usando a palavra “brincar”. “Uma pessoa realmente meditativa é brincalhona e divertida, pois a vida é alegre para ela”, palavras do Osho que me chamaram a atenção. Brincar com a idéia de não estar fazendo nada, sentado no banheiro, por exemplo, é uma sugestão no livro, para aproveitar o tempo livre onde não temos que pensar, ou agir. Basta a pessoa estar relaxada, querendo se divertir e em silêncio centrado em si. Deve brincar, aproveitar o tempo livre, para simplesmente não fazer exatamente nada. Muito menos pensar...
Como Osho ressalta que não é preciso nenhuma postura especial e nenhum tempo especial para essa aplicação diária, ficou mais prático e interessante para mim, que pude fazer essa “brincadeira” várias vezes ao dia.

O QUE É MEDITAÇÃO PARA O OSHO?
Meditação é a sua natureza, porém meditação está além da mente e não pode ser penetrada por ela, pois onde a mente acaba é justamente onde a meditação começa. Basta voltar-se para dentro e a meditação começa.

MEDITAÇÃO DAS PALAVRAS – SILÊNCIO ENTRE ELAS
Osho diz que na mente há uma tagarelice constante e que deve-se observar o silêncio entre as palavras. Basta ficar atento e observar que entre dois pensamentos há um intervalo e que até entre duas palavras há um intervalo, mas que estamos sempre atentos as palavras e não aos intervalos. Então ele sugere para que o praticante mude o foco. A mente só pode ver uma coisa de cada vez e quando estamos concentrados nas palavras não estamos prestando atenção no silêncio e vice-versa e sem esforço e sem estresse. Mas Osho deixa claro que isso deve ser divertido, despretensioso, como uma brincadeira.
Deve-se fazer essa técnica até esvaziar e lembrar que “mente significa palavras e o ser significa silêncio”. Essa frase do Osho foi sem dúvida a mais marcante para reforçar minha disciplina. Ou seja, silêncio é meditação e o silêncio está sempre presente, basta mudar o foco para ele.

O USO DOS MANTRAS PARA OBSERVAÇÃO DO SILÊNCIO ENTRE AS PALAVRAS
Osho sugere o uso de mantras para criar cansaço, para que a pessoa queira se livrar das palavras a única saída é mergulhar no silêncio. Quando a mente está repetindo a mesma coisa ou o praticante adormece ou entra no silêncio. Mas a idéia não é adormecer apesar do mantra ser um ótimo tranqüilizante por isso ele sugere que o praticante que dorme durante o mantra deve fazer em pé ou andando. A intenção é se livrar do falatório constante mas com cuidado para não reprimir sua energia e não com a intenção de obrigar a mente a ficar em silêncio e sim criar uma mente transcendida e principalmente sem querer controlar absolutamente nada.
“Fique sentado a margem de sua mente, observando sua sujeira, seus problemas, suas folhas podres, mágoas, feridas, memórias, desejos e aguarde o momento em que tudo estará límpido novamente” Mestre Osho.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Como Silenciar a Mente –

O que é Entropia?


A entropia (do grego εντροπία, entropía) é uma grandeza termodinâmica que aparece geralmente associada ao que se denomina em senso comum de "grau de desordem" de um sistema termodinâmico. Com a entropia busca-se medir a parte da energia que não pode ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas.
A entropia do ser humano é o envelhecimento. Uma vez ouvi dizer que tudo que existe, inclusive as idéias, já vem com um gene de autodestruição. Seria Shiva? Provável, pois é preciso transformar para renovar. Então a entropia é necessária para a manutenção de renovação do universo.
A questão é como reduzir o tempo da entropia em nós? A resposta é cuidando do nosso corpo como cuidamos de uma casa para que ela não vire ruínas como diz o Professor Hermógenes.


Desenvolvimento
Os fatores que cientista explicam para o envelhecimento são muitos, mas em síntese pode-se dizer que uma vida desregrada leva à entropia acelerada. Causas como intoxicação por alimentos artificiais, fumo, álcool, medicamentos e poluição são os primeiros aceleradores do processo de envelhecimento.
Problemas com imunidade e oxidação celular sem dúvida aumentam a destruição do organismo além da diminuição de hormônios, inclusive os sexuais que também fazem com que o processo de envelhecimento seja mais rápido. Pode-se também perceber que envelhecemos por falta de prana e problemas com a circulação dele no organismo energético e problemas de adequação na vida psíquica, social, ética e estética.
Mas não para por aí, pois vida ociosa, sem disciplina física, uma vida parada, sem atividades diárias, inclusive aquelas que mantem a coluna em pé para haver uma melhora na circulação sanguínea inclusive no cérebro fazem com que a velhice se aproxime sem dó, muito mais rápido.
Professor Hermógenes ressalta ainda que é o conjunto de todos esses fatores que fazem a entropia acontecer. Isoladamente também mas a sinergia (sistema de energias que interagem) é o maior fator de todos. Por isso, é importante atacar ao “inimigo” por todos os lados e não apenas um fator em específico, melhor que isso promover multifrontalmente a Vida e isso é o que o Yoga faz.

Com yogaterapia pode-se:
§ Resgatar e aumentar a imunidade;
§ Equilíbrio entre o meio interno e externo em que vivemos;
§ Aprimorar a conduta ética. Hermógenes não citou no texto, mas é óbvio que estamo falando de Yamas e Nyamas, por serem bem completos e lógicos;
§ Desenvolver a inteligência psicológica;
§ Nutrição eficiente para combater a degeneração celular, eliminando a oxidação;
§ Aumentar o prana na campo energético através dos respiratórios do yoga (pranayamas);
§ Praticar ásanas (posturas psicofísicas) para manter o corpo saudável, se contrapor à ação da gravidade e irrigar mais o cérebro;
§ Meditar, orar, interiorizar-se e relaxar para controlar o stress;
§ Ter uma vida regrada;
§ Reeducar a ética e esteticamente;


CONCLUSÃO
É a sinergia dos componentes citados acima que faz com que possamos voltar o tempo no relógio da nossa vida. A qualidade da nossa alimentação, mas também dos nossos pensamentos e emoções. Nos adequarmos ao mundo ao redor mas com inteligência emocional, racional e sentimental e buscar o equilíbrio entre tudo isso.
Continuar superando-se até o fim das nossas vidas pois isso é o que nos trará sempre motivação para nunca termos vontade de abandonar a nossa existência. Muitas pessoas ao perderem suas motivações, aquelas que se aposentam, deixam de se sentir úteis, deixam de querer se superar e então deixam de achar importante se cuidar. É por isso que todos devem meditar e buscar dentro de sim mesmo sua potencialidade pura que deverá durar até o último dia das suas existências.
Namastê
Pérola de Souza
REFERÊNCIAS:
HERMÓGENES, José. Saúde na Terceira Idade. 2ª ed. Rio de Janeiro, Nova Era, 1996.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia
Ilustrações:
http://maissaude.org/wp-content/uploads/envelhecimento.jpg
http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal74/Imagens/envelhece.jpg
http://naturaconsultorasandra.files.wordpress.com/2009/07/envelhecimento_maos.jpg

A ANEMIA E O VEGETARIANISMO

A primeira coisa importante a entender sobre a Anemia que vegetariano não é anêmico. As pessoas acreditam piamente na idéia de que sem o ferro da carne, um indivíduo desenvolverá anemia. Ledo engano porque Vegetarianos acabam consumindo muito mais vitamina C e assim absorvendo mais ferro. Portanto a anemia pode afetar igualmente vegetarianos e onívoros,se não houver alimentação balanceada, revela o Dr. Nelson Hamerschlak, coordenador do programa de hematologia e transplante de medula óssea, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Uma observação importante é a seguinte afirmação: “Os lacto e os ovo-lacto vegetarianos têm maior probabilidade de desenvolver anemia por falta de ferro do que os veganos”. George Guimarães, nutricionista. Como o cálcio acaba tomando o lugar do Ferro no organismo, pessoas que não ingerem lacticínios acabam tendo maior absorção de Ferro.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência de ferro (causando a anemia) é a desordem nutricional mais comum no mundo.
A anemia ocorre quando há uma diminuição dos glóbulos vermelhos no sangue, a hemoglobina, encarregada de carregar o oxigênio para todas as partes do corpo. “Sem Hemoglobina não há energia. Ela é que liga tudo”, explica a Dra. Cristina Purini (diretora do centro de hematologia de São Paulo). De acordo com Dra. Cristina, o exame conhecido como hemograma mostra a quantidade de hemoglobina no sangue. Entre as mulheres, o nível mínimo é de 12g/dL enquanto nos homens é de 14 g/dL e em recém-nascidos 16 g/dL. Para prevenir a anemia ferropriva (a mais comum) é preciso a suplementação de ferro.
Os principais sintomas da anemia são: fraqueza, desanimo, mal estar, palpitação, palidez, dores nas pernas e nos pés, queda de cabela, unhas quebradiças, falta de memória, dificuldade de aprendizado e hábitos alimentares incomuns como mastigar gelo ou comer terra – no caso de crianças.
Os alimentos ricos em ferro são: feijões, sementes, cereais, adoçantes como melado de cana, açúcar mascavo, oleaginosas, verduras (agrião, rúcula, mostarda, couve), frutas secas e condimentos.
A absorção do ferro se dá conforme sua oferta no organismo e depende da saúde do estômago, do intestino, mas depende principalmente do consumo da vitamina C que aumenta em até 30% a absorção de Ferro.
Por outro lado, há substâncias que atrapalham a absorção desse mineral como o cálcio, mas depende da quantidade de consumo porque é praticamente impossível separar essas duas substâncias em uma refeição. Isso se torna um problema para quem consome muito laticínios.
Fonte: Revista Vegetarianos – páginas 18 a 24 – ano 4 – número 42 – abril/2010.