ÉPICO RAMAYANA – ITIHÂSA HINDU
Ramayana descreve a epopéia de RAMA, constituindo a conhecida filosofia épica que revela muito sobre a estrutura psicológica de um povo, sendo que sua influência é exercida até os dias atuais, como modelo de comportamento social. Composto por Valmiki, é uma obra que pode ser comparada com a mitologia grega, mais precisamente, a Ilíada de Homero, semelhante em muitos aspectos, como por exemplo, o rapto de Helena por Páris que causa a guerra entre gregos e troianos. Lembrando que o épico foi escrito anteriormente à obra grega.
Segundo o livro Rama, Os grande Iniciados, de Édouard Schuré, o nome de poema significa Façanhas de Rama (Rama+aiana) e foi escrito originalmente em sânscrito. Rama, o herói de Ramayana, é uma forma humana do deus Vishnu e serve como modelo aos homens hindus. É elegante, bravo e marido devotado. Sita, sua mulher, belíssima, representa o ideal indiano de devoção ao dever e ao marido.
O AUTOR E A ÉPOCA
Valmiki, o autor, é uma figura legendária, brâhmane de nascença, mas que era brigão, salteador, sempre envolvido em confusões e que atacou sete RISHIS, que estavam em profunda contemplação, afim de perturbá-los. Mas os RISHIS, não deixaram que a negatividade os atingissem e para “tocar” o coração de Valmiki e direcioná-lo na direção correta, ensinam o poderoso mantra de RAMA. Isto toca o coração de Valmiki que entra em meditação por mil anos. Quando os RISHIS voltam, encontram Valmiki coberto por formigas bravas e brancas e então surgiu seu nome (formigas brancas segundo Édouard Schuré).
Segundo Schuré a maioria dos eruditos, inclinam-se a favor da real existência de Valmiki dizendo que a obra é tão perfeita que só um autor único poderia conseguir tal unidade e tal segurança.
O ARGUMENTO
Independente do questionamento sobre a existência do autor, o Ramayana representa o drama eterno da vida, um permanente combate feito por um herói dotado de virtudes como a beleza, força e encarnação dos mais puros e nobres sentimentos (Vishnu), contra as potências do mal.
O Ramayana, como glorioso legado de uma das literaturas mais antigas do mundo, é um documento para que o homem comum possa ver refletir-se em sim os pensamentos que despertam na alma humana a contemplação e a nobre satisfação do cumprimento do dever.O poema representa também a libertação, como processo de desprendimento gradual, de sutilização.
A história acontece na cidade de Ayodhia onde reinava Dasaratha, um rei da raça solar. Essa cidade não tem uma exata localização até os dias de hoje. O Rei Dasaratha tinha três esposas. Aproximando-se da velhice decide realizar o Ashta-medha (ritual do sacrifício do cavalo) para ter filhos. Suas esposas deram à luz a quatro filhos. Rama, um deles é o avatar de vishnu (sétima encarnação da divindade) para combater o mal – RAVANA – o demônio que representa o símbolo da natureza inferior da alma, ou a mente cheia de ilusão e orgulho que precisamos dominar.
No primeiro capítulo, o Ramayana descreve a vida dos irmãos na floresta de Ayodhia, onde morava VISVAMITRA, um sábio. Era um lugar atacado constantemente por seres demoníacos: os RAKSHASAS, que simbolizam as hostes à serviço do mal. VISVAMITRA pede ao Rei que coloque Rama sob sua orientação. Rama vai juntamente com Laksham, seu fiel irmão à casa do guru e Rama é obrigado a matar TARAKA, o ser demoníaco que chefiava os que tentavam atrapalhar o trabalho do seu guru.VISVAMITRA ensina aos irmãos a manejaram as armas celestiais (siddhis).
Certo dia o guru VISVAMITRA leva os irmãos à corte do rei de JANAKA, no país de VIDEHA onde RAMA conhece SITA, cujo nome significa SULCO (que nasceu da terra), e era a própria LAKSMI em forma humana, esposa de Vishnu. Para ter a mão de SITA ,RAMA precisou passar pela prova do Arco de SHIVA. Além dele, seus irmãos também casaram com as irmãs de SITA. A felicidade não estava assegurada. KAIKEYI, a segunda esposa de DASHARATHA, sonha e ver seu filho BARATHA como rei do trono e consegue fazer com que o rei expulse do reino por quatorze anos, seu filho RAMA.
RAMA obedece e com sua esposa e seu irmão LAKSHAMAN deixam o reino e vão morar no coração da floresta que simbolizam os anos de aprovação. É justamente o que descreve o terceiro capítulo, a sua vida de eremita. Depois de seis dias de viagem, chegam ao monte CHITRAKUTA onde morava o autor VALMIKI e esse monte até hoje é adorado pelos milhares de pessoas. Já o rei DASHARATHA não suportou a dor e morreu.
No quarto capítulo, o príncipe BHARATA, ao voltar de uma viagem e ao ficar sabendo da morte do pai, recusa o reino. Procura RAMA na floresta e implora para que este volte e assuma o trono, mas RAMA recusa com sabedoria. RAMA dá as sandálias ao irmão como símbolo de amor. BHARATA declarou que se RAMA não retornar depois de quatorze anos, terminará seus dias na pira.
No quinto capítulo é descrito a moradia de RAMA, SITA E LAKSHMAN. O livro número seis uma série de acontecimentos se inicia e uma princesa da hoste dos RAKSHASAS se apaixona por RAMA. Mas este é fiel é RAMA e não corresponde. A princesa inconformada solicita ao seu poderoso irmão RAVANA que ajuda. Este envia um demônio em forma de gazela para tirar RAMA de casa. RAMA pede para que LAKSHMAN cuide de SITA, enquanto sai à caça da gazela. O amor de SITA faz com que ela convença LAKSHMAN a ir atrás de RAMA, julgando que este estava em perigo, sob influência de RAVANA. LAKSHMAN abandona SITA, contrariado e RAVANA aproveita e rapta a esposa de RAMA.
Com muita dor e andando pelas montanhas Nilgiri, Rama vai até os VANARS. É o que nos conta o capítulo sete. VANARS são qualidades mentais que RAMA encontra para buscar por SITA. O rei dos macacos (que segundo alguns autores eram os povos de raça negróide da Índia e que foram mesclando com os arianos) se aliou na luta com RAMA contra RAVANA. O general do seu exército HANUMAN de origem divina e dotado de poderes sobrenaturais, pulou da Índia ao Ceilão (Lanka), onde morava RAVANA, em um único salto.
No oitavo capítulo, Hanuman descobre que SITA era prisioneira de RAVANA e estava guardada por entidades terríveis. SITA reconhece o anel e dá a HANUMAN para que este leve a RAMA e para comprovar que está viva. HANUMAN cruza o oceano e conta toda a história para RAMA a quem entregou a pedra preciosa de SITA.
RAMA vai até RAVANA, entra com facilidade em sua ilha e chega até a prisão de SITA. HANUMAN queima grande parte da cidade. RAVANA reúne-se com sua família e decidem iniciar uma grande guerra.
Então inicia-se o choque entre o BEM e o MAL, e em meio a temporais e trovões em fúria, inicia-se a guerra, no capítulo dez onde podemos ver a força da poesia:
“As trevas chegaram mas, os combatentes continuavam lutando sem cessar, com um ódio ainda maior na escuridão da noite!”
Os VANARS acabaram como uma chama o exército de RAVANA e este derrotado, fica só. Na terceira batalha, dá-se o encontro de RAMA e RAVANA. RAMA usa o dardo do BRAHMA, e com ele atinge o coração de RAVANA, matando-o rapidamente. Ainda nesse capítulo, RAMA demonstra sua bondade permitindo o ritual de sepultamento na pira do seu inimigo.
No último capítulo, RAMA volta ao lar com SITA, mas uma grande suspeita paira nesse amor, onde SITA precisa provar que não foi possuída por RAMA, entrando no sacrifício do fogo, na praça principal. Ele dever sair viva e sem queimaduras da fogueira se estiver inocente. E realmente ela saiu sem nenhum fio de cabelo mexido ou queimado, provando a sua inocência. RAMA volta feliz para seu trono, onde reinou por muitos anos.
No livro de Édouard Schuré, podemos encontrar uma parte instigante do poema que diz: “Eis aqui tua esposa, RAMA. Recebe-a pura, sem mancha e defeito, eu te asseguro. O fogo vê tudo que se mostra e tudo o que se oculta.” (pág 73).
Existe um outro final, triste onde RAMA manda a esposa embora por achar que foi maculada por RAVANA. A leva para Valmiki (o autor), na floresta. SITA tem com Valmiki dois filhos LAVA E KUSA que se tornam mestres exímios e aprender de cor todos os versos do RAMAYANA. Um dia RAMA implora o retorno de SITA a Valmiki que cede ao pedido de RAMA. Mas SITA, inconformada com a desconfiança do marido, volta para terra que se abre num sulco.
OBSERVAÇÕES DA PÉROLA
“Aqueles que prestarem atenção desta admirável história de trabalhos infatigáveis, ficará livre dos pecados, terá filhos, se deseja filhos e riquezas, se tem sede de riquezas. Os que, reunidos, ouvem o poema que o próprio Valmiki compôs, granjearão do céu todas as graças, objeto de seus desejos” (In O Ramaiana – Valmiki).
Ao meu ver é uma obra que instiga a prosperidade, a fidelidade de irmãos (Lakshman e baratha), a fidelidade da amizade de Hanuman, as qualidades sobrenaturais (siddhis) que só são dignas de quem realmente as merece e a fidelidade no amor (Rama e Sita).
Interessante também a vinda de um Avatar sempre no momento onde o é necessário o entrave das lutas entre o bem e o mal, trazendo a sétima reencarnação de Vishnu em forma de Rama, e como alma gêmea, Laksmi, em forma de SITA. É sem dúvida, um romântico e inspirador poema que nos leva a avaliar as nossas lutas, conflitos internos, relação com a vingança e com a desconfiança.
O professor de Yoga Goura Nataraj Das, nos contou uma vez em prática, que HANUMAN fez um caminho por dentro do mar, desde a Índia até o Lanka, para que RAMA pudesse passar. Muito questionado por historiadores o fato de ser impossível fazer um caminho no mar, pode vir a ser um fato. Hare Krishnas nos contam que existem fotos de satélite que mostram caminhos de pedras entre os dois países. Essas fotos estão publicadas como estão abaixo:
Arqueólogos descobriram, graças a fotos de satélite da NASA, resquícios de uma ponte de 30km de extensão, feita pelo homem, unindo a Índia ao Sri Lanka. Até aí nada de mais, a não ser pelo fato de que a ponte foi construída há 1.750.000 a.C. (quase dois milhões de anos!), ainda na época do O primeiro animal que os cientistas classificam como hominídeo. Foram os primeiros a usar ferramentas de pedra, mas são anteriores ao homo erectus. Vocês acreditam mesmo que foi esse bicho aí do lado que projetou essa ponte? Os caras, antes mesmo de andar eretos, já eram engenheiros habilidosos?');" onmouseout=nd();Homo habilis! Outro detalhe impressionante é que a construção dessa ponte foi contada nos Veda provém da raiz sânscrita vid, que significa saber, conhecimento. Esses ensinamentos foram passados de forma oral por milhares de anos, porém, com o advento da era de Kali, quando o homem perdeu o poder de concentração, inteligência e memória, se fez necessário codificar os Vedas em forma escrita. No começo era um só Veda, mas o sábio Vyasadeva o dividiu em várias partes, pra facilitar o aprendizado. Os quatro tipos principais de Vedas são o Rigveda, o Yajurveda, Samveda e o Atharvaveda. Os Vedas não são considerados histórias inventadas (existe outra palavra para isso em sânscrito), mas sim relatos de coisas que de fato aconteceram.');" onmouseout=nd();Vedas, mais especificamente no Épico hindu Ramayana (escrito há pelo menos 5.000 anos!), onde lemos que ela foi construída sob a supervisão de ninguém menos que o deus Rama (avatara, significa que desce. É a encarnação de Krishna (um aspecto da Divindade Brahman, que é Única) que veio para realizar diferentes tarefas no mundo material e restabelecer o reto agir, o verdadeiro Dharma, que se corrompe através dos séculos.');" onmouseout=nd();Avatar hindu, equivalente ao nosso Cristo), na Treta Yuga (Uma Era que vai de 2.163.000 a.C. a 1.296.000 a.C., o que bate com a idade da ponte!).Mais fotos podem ser vistas aqui. Leiam o trecho do Ramayana aqui (em inglês), e notem que o exército de Rama era composto por "macacos", que eram mais inteligentes e hábeis que os macacos que conhecemos atualmente... mais parecidos com o que seria o Homo habilis.No mínimo intrigante...Referência: As eras (Yugas), segundo os Hindus;Homo habilis;Fatos estranhos do passado.
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, Nunes Murilo. O Pensamento do Extremo Oriente. O Olho do Furacão. São Paulo, Editora Pensamento.
SCHURÉ, Édouard. Os Grandes Iniciados. Rama. São Paulo, Editora Martin Claret.
VALMIKI. In Ramayana. Rio de Janeiro, Editora Matos Peixoto, 1964.
http://rodrigoenok.blogspot.com/2009/02/ponte-construida-pelo-homem-em-1750000.html - sobre Ponte de Ramayana – fotos de satélite.
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