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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Resenha: Mitologia Hindu_material Sandra Cury


O YOGA E A RELIGIÃO HINDU
Quando examinamos o hinduísmo, Budismo, Jainismo e o Sikhismo percebemos que mesmo o yoga não sendo uma religião no sentido convencional e que não se vincula às crenças e práticas religiosas dessas tradições, não deixa de ser uma espiritualidade, um esoterismo, um misticismo.
O ocidental (judaico-cristão) vê como pecado a adoração de panteão, por ser monoteísta. Mas na verdade videntes e sábios védicos eram profundos conhecedores de símbolos hábeis na linguagem metafórica e desde a época mais antiga, as divindades eram consideradas com três pontos de vistas: material, espiritual e psíquicas. Sempre que pensamos em uma divindade devemos ter em mente os três aspectos, pois constituem uma só realidade. Desde a era védica que os teólogos indianos falam em trinta e três divindades. Um pequeno grupo de divindades são associados ao yoga.
Shiva e a divindade dos yogins e ponto focal do Shaivismo. Ele é a figura de um yogin, cabelos compridos, corpo coberto de cinzas, leva uma guirlanda de crânios – representando a renúncia – com seus três olhos representando o sol, a lua e o fogo, revelando coisas do passado, presente e futuro e o olho que está na testa representando o fogo cósmico. A serpente enrolada representa a kundalini. O rio Ganga que sai da sua cabeça é a purificação perpétua. A pele de tigre o poder da shakti que ele domina, seus quatro braços representam o domínio sobre os quatro pontos cardeais, e o tridente simboliza os três gunas (sattwa, rajas e tamas). O touro Nandin representa a energia sexual e o leão a gula e voracidade dominados por Shiva.
Nos primórdios, Shiva era Rudra (grande médico), divindade ligado a manifestações do ar (vento, tempestade, trovão e raio) e também energia, respiração, etc.
Shiva tem outras denominações: Hara – eliminador, Shankara – aquele que concede alegria, Shambu – sede das delícias, Pashupati – senhor dos animais, Ishana – Soberano e mahadeva – grande deus.
Símbolo importante associado a Shiva é o Linga, traduzida como falo e que significa literalmente sinal. Representa o princípio da criatividade e é o âmago criativo da existência cósmica (prakriti). O mundo é a relação de shiva e Parvati, ou seja, entre consciência e Energia.
Vishnu (o que impregna todas as coisas), foco de adoração dos vaishnavas, é conhecido também como Hari (eliminador), Narayana (Morada dos humanos), Vasudeva (Deus de todas as coisas). Como Shiva, também tem quatro braços que significam a onipresença e onipotência. Seus atributos são representados assim: a concha (criação), disco ( intelecto), lótus (universo), arco e flechas (ego e sentidos exteriores), maça (força vital), cacho de cabelos dourados (âmago da natureza), carruagem (mente como princípio da ação), cor preta ou azul-escura da pele (extensão infinita do espaço).
Afirma-se que Vishnu encarnou 10 vezes:
Matsya (Peixe) – Veio para salvar Manu Satyavrata, progenitor da raça humana.
Kurma (tartaruga) – Recuperou tesouros, restabelecendo a ordem e o equilíbrio universais.
Varaha (Javali) – teve como missão destruir o demônio de “olhos de ouro” que havia inundado a terra inteira.
Nara-Simha (Homem-leão) – com suas garras dilacerou o corpo do rei Hiranyaka-shipu que havia tentado matar o seu filho Prahlada, grande devoto de vishnu.
Vamana (anão) – Veio para vencer o demoníaco Bali e concedeu-lho o império do mundo inferior.
Parashu-Rama (Rama com o machado) – Destruiu vinte e uma vezes a casta guerreira.
Rama – (o escuro ou o agradável) – Está na epopéia Ramayana. Soberano justo e sábio de Ayodhya.
Krishna – (o que puxa) – Deus homem, cujos ensinamentos estão no Bagavath gita e Mahabharata.
Buddha (o desperto) – nasceu para desorientar os demônios e malfeitores.
Kalki (O vil, o Humilde) – é o avatar que ainda não veio. Sua tarefa será de destruir esse mundo e iniciar a nova era.

Outros deuses devem ser citados como por exemplo Brahman, que é o mais abstratos de todos eles e é o criador do mundo. Devemos ter um cuidado especial para não confundir a Realidade transcendente não-dual que é brahman.
Deus Ganesha (Senhor dos exércitos), filho de shiva também é conhecido por outros nomes como Ganapati (tem o mesmo significado) e Vinayaka (comandante). Ganesha está ligado diretamente ao simbolismo da força vital e da energia serpentina.
Destaque para Durga (a que é difícil de atravessar), que representa a energia cósmica de destruição e que destrói e anula o ego. Só é mãe protetora para aqueles que seguem uma vida de transcendência.
Kali é personificação de Durga e faz parte de um grupo das dez Grandes Deusas chamadas grandes sabedorias. Dentre elas Chinnamasta tem importância especial no Yoga, representando um sacrifício primordial da Mãe divina criando as duas correntes ida e pingala.
O aspecto benigno do supremo é Lakshmi e significa Boa Sina ou boa fortuna.
No ponto de vista ocidental Deus não é nem benigno e nem maligno, mas transcende todas essas categorias.



MITOLOGIA CONTIDA NOS VEDAS

Para entendermos os Vedas é necessário entendermos o significado dos Deuses. Deva (Deus) é citado 33 em número oficial e tem 11 considerados celestes, 11 atmosféricos e outro tanto terrestres.
Podem ser divididos em grupos:
§ Adityas – Celestes (7,8 ou mais)
§ Maruts ou Rudras – Atmosféricos (nuvens, vento, trovão, etc), contados além dos 11 oficiais.
§ Vasus – terrestres (8, alguns oficiais e outros não).
O número de seres sobrenaturais nos vedas é muito grande. Categorias:
· Devas – tem poderes e sabedorias sobre-humanos.
· Espíritos – ligados a natureza, homens e espíritos de vários tipos.
Nos Vedas, os Gandharvas são espíritos associados às árvores, nuvens ou lagos e no Bhagavat-Gita eram os músicos do devas.
Os seres negativos eram:
Ø Asuras – oposto dos Devas, igualmente poderosos mas demoníacos.
Ø Rakshasas – vampirescos, negativos, mas não tão forte quanto o anterior.
Ø Pishacas – “comedores de cadáveres” ou de “carne crua”.

Devas e deuses Celestes
Um novo conceito, com idéia de transcendência aparece dizendo que é céu é imaterial, que é também o que se pensa do sobre-humano, algo fácil de relacionar com a idéia de Deus (como luminosidade, brilho, opondo-se as trevas).
Dois termos filosóficos se relacionam com o assunto:
Hierofania – manifestação sagrada – como se o fenômeno servisse de meio de comunicação – não que algum deus seja o fenômeno mas sim relacionando-o a um fenômeno natural.
Cratofania – manifestação de força ou poder, como o local ou espaço onde está se manifestando um deus.

Há vários tipos de deuses celestes e um dos mais antigos é DYAUS, o deva mais importante dos arianos e está associado ao céu. Quer dizer dia, um deva luminoso.
Devemos observar a semelhança das palavras Deus e Zeus de Dyaus (latim, grego e sânscrito respectivamente) e que tem como características a onisciência, às vezes citado como criador do universo.
VARUNA – como que sucessor de Dyaus, também é onisciente e relacionado a todas as coisas que estão no céu, considerado o principal deus moral dos Vedas. RITA é o guardião da lei ou ordem eterna e pode representar a ordem natural das coisas, envolvendo tudo que é correto. Enquanto RITA é uma lei eterna, VARUNA é guardião de RITA, considerado um dos devas superiores, mas sem muitos hinos.
Outro Deva quase igual a Varuna é Mitra e que chegam a ser confundidos. Mitra significa amigo. Mas Varuna é ligado a noite e Mitra ao dia.
Existem outros Adityas: Aryaman, Bhaga, Daksha, Amsha, Martanda.
No céu há outros deuses: Surya (dentro do sol), esposo da Aurora, USHAS, também filha de Dyaus e única divindade feminina que é invocada mais vezes nos Vedas.
As vacas tem uma importância grande nos Vedas e sempre aparecem nos hinos, associada com USHAS.
Há mais três devas celestes que não são muito importantes:
1) SAVITRI – relacionado com a aurora e com o sol. “aspecto do despertar”.
2) PUSHAN – “aquele que faz prosperar” – relacionado com o sol. Conduz os mortos ao lugar certo.
3) VISHNU – ele toma a forma de um anão e pede para o demônio que lhe dê o tanto de terra que ele conseguir percorrer com 3 passos e no primeiro passo alcança a terra toda, no segundo atinge o céu e os astros e no terceiro, o infinito.
DEUSES ATMOSFÉRICOS
A Característica principal desses deuses é o PODER. Na época em que os Vedas foram compostos, INDRA era o mais importante. RUDRA era mais parecido com os demônios.PARJANIA é um deva que faz chover e associado a KRISHNA. PRITHIVI é a terra fertilizada por PARJANIA.PANIS são combatidos por INDRA e significa avarento.
Há cerca de 20 hinos védicos sobre a história de Indra e as vacas.
INDRA tem como características: associação como touro e o bode e Indra é invocado para dar fertilidade aos animais e às pessoas, conhecido também como “Senhor dos Campos” e “mestre dos Arados”.
RUDRAS ou MARUTS (muito numerosos), representam as forças violentas que existem numa tempestade e são extensões de INDRA. RUDRA (deus de segunda categoria), considerado aterrorizante que mata homens, gado e espalha doenças mas que também era curador de doenças e benfeitor da humanidade. A lenda acerca de Rudra significa que há forças que os devas védicos não conseguem destruir e que precisam ser absorvidas e transformadas, ou seja, os acetas e yogues, engolem e transformam essas energias. Isso significa que as coisas negativas podem vir a ser positivas e produtivas para o universo.

Há outros deuses menores da atmosfera como YAYU (vento), associado a PARJANIA, MATABISHVAM, deva obscuro, que trouxe o fogo do céu pra terra, ás vezes identificado Agni e associado com ele e com outro nome: TRITA “o terceiro” falando dos três aspectos do fogo e APAM NAPAT (filho das águas)

DEUSES TERRESTRES
Como hierofanias temos PARVATA (grandes montanhas) e que originou o nome PARAVATI, a consorte de SHIVA.
Como deuses individuais temos: AGNI (deus do fogo) e SOMA (associado a lua e passa a ser celeste). VASUS que são associados aos pontos cardeais.
Até aqui cada Deva é associado a um fenômeno natural, além dos deuses associados as regiões do espaço e ainda há mais um grupo de divindades ou espíritos e que não estão associados a nenhum fenômeno natural.

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