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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Resenha: A Essência do Yoga de Georg Feurestein


A ESSENCIA DO YOGA

Estar ligado a um estado de ser ou de consciência, que deve ser o fato comum entre as escolas de yoga reflete no uso da fórmula “Yoga é êxtase” (Yoga-Bhashya de Vyasa)e que resume a orientação essencial da prática.
Só é possível compreender essa noção quando é relacionada a idéia de Purusha que é o sinal distintivo da caminho yogue. A própria palavra “êxtase” significa estar fora do eu ordinário, ao passo que samadhi significa estar dentro do Si mesmo (essência transcendente da personalidade).
As upanishads foram os primeiros a ensinar o ritual interno e da absorção nesse fundamento. O Vedanta diz que o eu individual está separado do seu fundamento transcendente,do Absoluto e esse modo de compreensão difere de escola para escola. Algumas escolas dizem que nós nunca nos separamos do Fundamento e essa descoberta assemelha-se a uma recordação da nossa condição eterna de identidade com o Si Mesmo eternamente feliz.
Já o yoga Clássico de Patanjali não afirma em momento algum que a meta última do esforço yoguico é a união com a realidade transcendente. O metafísico Patanjali estabelece uma separação entre o Si mesmo transcendente e a natureza (prakriti) com todos os seus produtos. Portanto ele define o yoga como a “restrição dos turbilhões da consciência” (citta-vritti-nirodha), e que trata de uma concentração de corpo inteiro, na qual todo o ser da pessoa se aquieta.
Todas as escolas de Hinduísmo concordam em que a Realidade última não é um estado de estupor mas sim de superconsciência. A libertação é o gozo extático contínuo do Si Mesmo (moksha) e o Yoguin se desfaz da escada que utilizou para se realizar.


O PORQUÊ DO NOME YOGA

Yoga tem um sentido técnico: valores, atitudes, preceitos e técnicas espirituais. Técnicas oriundas da Índia e com mais de 5000 anos. É a tecnologia psicoespiritual da Índia. A palavra Yoga também foi aplicada a outras tradições como o Yoga Tibetano. Mas só pode ser usada a palavra Yoga como substituto puro das palavras “místico” e espiritualidade”.
No sentido mais correto, a palavra yoga deve ser aplicada ao sistema de Yoga de Patanjali (Yoga Clássico). Encontra-se como Darshana do Hinduísmo (pontos de vista) juntamente com outras cinco tradições: nyaya, Vaisheshika, Samkhya, Mimansa e o Vedanta.
O termo Yoga foi aplicado no Rig Veda onde a palavra é traduzida como “união, junção”, e pode ter conotações como “conjunção de dois astros, regra gramatical, emprenho, ocupação e equipe”.
No Vedanta o termo Yoga é explicado como união entre o eu individual e o si mesmo transcendental como já foi citado nessa resenha.

GRAUS DE TRANSCENDÊNCIA DO EGO – O PRATICANTE

Yogin (mesma derivação yug) é o praticante de yoga, que pode ser iniciante ou avançado ou até mesmo o adepto perfeito realizado no Si Mesmo. A praticante mulher é Yoginí. O praticante adiantado às vezes é chamado de Yukta. O Yogin perfeito é muitas vezes chamado de Yogendra.
O último estágio da transcendência é o Kaivalya (solidão) e é o grau mais alto de perfeição espiritual.

UMA LUZ NA ESCURIDÃO – O MESTRE

O yoga nunca é algo que a pessoa aprende sozinha. Eliade diz: “Ninguém aprende yoga por si mesmo”. É um processo de discipulado e um sistema iniciático de mestres e discípulos que remonta do período Védico (4500-2500 a.C). O conhecimento era passado de forma falada e memorizada. O mestre tinha que cuidar do bem estar dos seus discípulos e já o discípulo tinha que estudar e servir (seva) à casa do mestre. Um dos deveres do discípulo era levar uma vida casta (brahmacharya). A castidade era essencial para o cultivo do prana.
O relacionamento entre mestre e discípulo era chamado guru-kula.
O Hinduísmo distingue vários tipos de mestres. Dentre eles, os adeptos realizados em Deus têm um lugar sagrado na sociedade Hindu. São eles os únicos considerados capazes para iniciar o caminhante espiritual.
Outra citação importante está no Hatha Yoga Pradipika que afirma que sem compaixão (karuna) de um mestre é muito difícil alcançar a transcendência.
Enfim, o verdadeiro mestre não apresenta sinais de egoidade e não se envolve mais no automatismo e é sempre o mestre realizado em Deus que as escrituras exaltam e está acima de todos os outros.

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