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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Artigo para o TCC - Graduação Psicopedagogia Uninter

 

ATENÇÃO PLENA NO CONTEXTO PSICOPEDAGÓGICO: BENEFÍCIOS E POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS

SOUZA, Pérola Machado de
RU 1802031
VALLE, Andreia Elicker de Oliveira do

RESUMO

O objetivo deste trabalho é investigar a prática da atenção plena aliada a prática de psicopedagogia através da análise de livros e artigos publicados sobre o tema. A prática de atenção plena, também conhecida como mindfulness e meditação, vem ao encontro da iniciativa em se buscar como esta forma de autoconhecimento pode apoiar o ato de aprender no contexto da psicopedagogia clínica, escolar e até mesmo empresarial. 

Palavras-chave: Atenção plena. Psicopedagogia. Inteligência emocional. 


1 INTRODUÇÃO

    O tema que será desenvolvido neste projeto de pesquisa é sobre como a utilização da prática de atenção plena associada com a psicopedagogia pode apoiar a práxis de ensino-aprendizagem.   
Ainda são poucas as pesquisas e aplicações da atenção plena como instrumento psicopedagógico no Brasil e por isso surge a pergunta: como novas formas de intervenção podem ser aplicadas no contexto da educação? A atenção plena tem sido utilizada em várias abordagens psicoterapêuticas, se destacando dentro das ciências, principalmente da medicina, neurociências e psicologia, justificando a importância deste estudo para encontrar de que forma essa prática pode apoiar indivíduos aprendentes e educadores, além de ser um método que pode ser pesquisado e utilizado nas intervenções clínicas e institucionais, através da psicopedagogia.
    O objetivo geral deste estudo é demonstrar como as técnicas de atenção plena modificam o estado de consciência do praticante, melhorando sua auto-observação, equilibrando as suas escolhas e promovendo mais qualidade de vida. Além disso, este estudo pretende demonstrar como estudantes com problemas de atenção e aprendizagem podem se beneficiar com as técnicas para melhorar a sua concentração, ajudando a eliminar a dispersão. 
    Foi pesquisado sobre os benefícios da atenção plena e encontrados artigos sobre o que é o mindfulness. Para Rahal (2018), esta abordagem é uma forma de se relacionar com a experiência presente, ou seja, envolvendo a habilidade de prestar atenção intencionalmente.  Segundo o autor, a atenção plena começou a ser integrada à Psicoterapia no início do século XX e atualmente tem sido utilizada em diversas abordagens comportamentais. Para compreender como a prática do mindfulness pode apoiar a atuação do psicopedagogo foi pesquisado sobre a prevenção, diagnóstico e a intervenção do processo de ensino-aprendizagem. São várias as definições sobre o que é a aprendizagem e como funcionam as interferências tanto dos fatores internos quantos dos externos ao indivíduo (FARIAS, E, GRACINO, E. 2019). Finalmente, para fundamentar este projeto foi buscado entender mais sobre os fundamentos da psicopedagogia. Claro (2018) ressalta que a psicopedagogia é a área de estudo que se preocupa em investigar a maneira como o sujeito constrói seu conhecimento e que propõe estratégias que auxiliem no aprendizado.
    Para fundamentar a investigação sobre atenção plena e Mindfulness relacionados com as práticas de educação com alunos e professores, foram realizadas pesquisas bibliográficas através de artigos científicos do Scielo, Google acadêmico e livros digitais. Também foi buscado através dos livros físicos e digitais da psicopedagogia, formas de aliar as técnicas de atenção plena para ser utilizada como prática de intervenção e que demonstram como as emoções funcionam através da neurociência. 


DESENVOLVIMENTO (ATENÇÃO PLENA NO CONTEXTO PSICOPEDAGÓGICO: BENEFÍCIOS E POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS)

    A atenção plena é uma prática que tem sido empregada atualmente em diversas psicoterapias, entre elas a Terapia Cognitiva-Comportamental que é baseada em mindfulness (nome da prática de atenção plena). O estudo de atenção plena no contexto psicopedagógico para este artigo foi desenvolvido através de pesquisas que demonstrem as possibilidades de prática e benefícios para o aprendizado do indivíduo. Primeiramente é preciso perceber qual é o papel da psicopedagogia no contexto da educação para depois poder associar com as funções da atenção plena na cognição do indivíduo que aprende. A psicopedagogia se tornou uma profissão à parte em 12 de novembro de 1980 com a criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Segundo Claro (2018), o conceito de psicopedagogia remete a duas grandes áreas do conhecimento: psicologia e pedagogia. Sendo assim o foco de estudo é o sujeito e como ele aprende. 
    Jorge Visca foi um dos primeiros psicopedagogos, que através da psicopedagogia convergente, propõe um diagnóstico que precisa convergir na compreensão dos aspectos afetivos, cognitivos e do meio. É uma forma de intervenção muito semelhante às técnicas de atenção plena, que levam o indivíduo a um olhar mais profundo para si mesmo, entender onde as dificuldades de aprendizado surgem e podem ser modificadas. Para relacionar a prática de atenção plena com a psicopedagogia também foi necessário observar os pensamentos de outras escolas que contribuíram para a epistemologia convergente, com a epistemologia genética de Jean Piaget que busca entender como o sujeito constrói conhecimentos como relata (CLARO, 2018).
    A prática de atenção plena tem o aspecto construtivista proposto por Vygotsky pois segundo este teórico, o homem é um ser social, dotado de história e cultura (Claro, 2018). Esta mesma autora cita que a corrente pedagógica que originou do pensamento de Vygotsky é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo. A aproximação deste pensamento com a atenção plena é justamente porque a prática leva a perceber como estão as relações afetivas, os comportamentos e que escolhas podem ser feitas para equilibrar esses fatores. Estudando todos esses autores teóricos chegou-se a conclusão que psicopedagogia estuda a aprendizagem, aquele que produz conhecimento e tem como objetivo compreender o sujeito em sua totalidade.
    A psicopedagogia tem mais que um papel de intervir nas dificuldades de aprendizagem pois tem também um enfoque preventivo, através de intervenções e avaliações que podem ser aplicadas no trabalho clínico e institucional.  Para a prática do psicopedagogo acontecer, é necessário que a atuação comece no campo da investigação que é sustentada por outras áreas do conhecimento, como a psicologia, a pedagogia, a neurologia, a neurociência, entre outras que potencializam possibilidades singulares de cada pessoa (CLARO, 2018). A atenção plena, ou até mesmo a meditação oriunda da filosofia, escolas esotéricas e até mesmo religiosas, pode vir a ser mais uma área do conhecimento, com base na neurociência para ser usada como forma interventiva e até mesmo preventiva das dificuldades de aprendizado, pois o indivíduo vai aprender a auto-observação e a auto percepção. Segundo Ramon (2021), a prática de atenção plena motivou o surgimento de outros programas semelhantes e assuntos como a meditação, que sempre foi visto como religioso ou filosófico, hoje tem sido esclarecido através de correlações neurobiológicas e ensinadas em contextos laicos. É importante observar que existe um encontro entre a filosofia e a pedagogia pois isto traz a reflexão sobre a educação.  
        Os autores da psicopedagogia trazem conceitos que podem ser ligados aos benefícios que a prática de atenção plena pode proporcionar. Exercitar a atenção voluntária pode apoiar o aprendizado do indivíduo, que é avaliado conforme a sua totalidade e de forma multidisciplinar. Estes autores demonstram que para a aprendizagem acontecer é necessário autoconhecimento que é justamente o que a inteligência emocional desenvolvida pela atenção plena pode proporcionar. Para entender os efeitos da prática de atenção plena, este estudo voltou-se para a neuropsicologia, onde o conceito de memória de trabalho ou memória operacional, é trazer algo para a consciência e manter a atenção. Em uma tradução literal do inglês, mindfulness seria a qualidade de quem é atento, e o termo tem sido transposto, como atenção plena ou consciência plena (RAMON 2021).
        Através de técnicas de neuroimagem, estudos demonstram que a prática de meditação ou atenção plena impacta a neuroplasticidade e como relata Ramon (2021), provoca mudanças estruturais do cérebro com alterações nos funcionamentos cognitivo e emocional. A neuroplasticidade é crucial para a capacidade de aprendizagem, ou seja, quando o sujeito aprende alguma coisa, o cérebro se modifica, já a prática de atenção ou meditação muda estruturas e circuitos cerebrais da mesma forma. O assunto ainda é muito investigado e não tem conclusões definitivas. O mesmo autor cita que Britta Holzel e colaboradores propõem que a prática de mindfulness regula a atenção, aumenta a consciência corporal, regula as emoções e cria mudança na autopercepção. 
        A autorregulação é o processo de dirigir a atenção nas próprias ações e pensamentos para atingir um objetivo. Em neuropsicologia, a autorregulação é uma função executiva, ou seja, um conjunto de processos cognitivos para estabelecer uma estratégia comportamental. Ramon (2021) também enfatiza que estudos indicam que a autorregulação é relacionada no desempenho escolar dos jovens e também com a saúde, as habilidades sociais e até mesmo o sucesso profissional. Sendo assim, é através da atenção que um monitoramento acontece e é onde o indivíduo pode impedir comportamentos autônomos, podendo escolher condutas que considerar mais importantes. 
Considerando os estudos da neurociência das emoções no processo de aprendizagem, Morais (2020) afirma que o aprender ocorre de forma integradora, ou seja, além do processo cognitivo, é preciso ter uma interação com os fatores emocional, racional e social. Para o autor, o autocontrole envolve o córtex frontal e regula as emoções e a neurociência demonstra que a prática de atenção plena tem o mesmo papel, utilizando a mesma função cerebral. Algumas dificuldades de aprendizagem surgem da tendência natural para a divagação, principalmente no mundo moderno, por conta do excesso de informações disponíveis e pela prática de buscar informações nos dispositivos eletrônicos. Assim também tem se tornado comum as pessoas realizarem atividades simultâneas, achando que está acontecendo de forma eficiente e produtiva. Na verdade, o cérebro está alternando as atividades e, portanto, o desempenho é mais lento e superficial.  
        O resultado é que estamos constantemente destreinando a capacidade de exercitar a atenção executiva e, cada vez mais, perdendo a habilidade de nos concentrarmos em uma tarefa de cada vez. Consequentemente, estamos enfraquecendo nossa capacidade de autorregulação. (RAMON, 2021, p. 15) 
        As dificuldades de aprendizagem podem ser advindas de contextos como o familiar, o cultural e o social e não somente do ambiente escolar como afirma Claro (2018), confirmando que o desequilíbrio emocional e afetivo afeta diretamente o aprendizado. Isto ocorre porque as emoções regulam a atenção e vice-versa. Para Ramon (2021) as regiões corticais que coordenam a função executiva desencadeiam as respostas emocionais. Sendo assim, a atenção contribui para o alcance do equilíbrio emocional e o indivíduo consegue controlar as reações impulsivas quando tomado pelas emoções. Um dos mais importantes fundadores da psicologia moderna, William James, falava sobre a importância de desenvolver a atenção para uma educação por excelência e como afirma Ramon (2021), os variados tipos de meditação praticados por várias culturas ao longo dos séculos têm em comum o treinamento da atenção voluntária. A meditação altera a atenção, o controle emocional e a autopercepção porque utilizam as mesmas estruturas cerebrais. 
        A atenção plena pode influenciar o aprendizado em sala de aula, que acaba sendo limitado por conta da falta de atenção provocada pelo condicionamento moderno de multitarefas, ou seja, o indivíduo está se habituando cada vez mais a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e quando precisa se concentrar em uma tarefa única, encontra dificuldades de se concentrar, muitas vezes se sentindo ansioso e inquieto. O cérebro não divide realmente a atenção, alternando entre os objetos de atenção, tornando o processamento mais lento e mais superficial (RAMON, 2021). 
     A palavra cognição refere-se ao ato de conhecer, que envolve processos neurobiológicos, psicológicos como a percepção e a memória. A regulação emocional, que é justamente a capacidade de mudar de forma voluntária a experiência emocional, pode impulsionar a sensação de bem-estar, equilibrar as inter-relações sociais que são aspectos importantes para o aprendizado acontecer, ou seja, tornando o sistema cognitivo mais eficiente. 
​​ O objetivo da linha de psicopedagogia clínica é observar, diagnosticar, avaliar e intervir na metodologia da aprendizagem para indivíduos com dificuldades em aprender. Os principais transtornos do neurodesenvolvimento são: transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), deficiência intelectual (DI), transtorno específico de aprendizagem (dislexia, discalculia) e os transtornos motores (tiques, síndrome de Tourette) (HADDAD, 2019). A prática de yoga para crianças, que tem como por objetivo desenvolver a atenção plena de forma lúdica, tem sido difundida nas escolas e instituições no brasil. É uma forma de atuação que visa ajudar as crianças que sofrem tanto com os transtornos quanto os distúrbios de aprendizagem. Basicamente este tipo de prática serve justamente para ajudar o indivíduo a regular as suas emoções utilizando as técnicas de atenção plena. O Yoga é uma prática muito antiga e milenar, que surgiu na Índia. Para o Yoga, a respiração é mais do que um ato fisiológico pois segundo Patanjali, autor do Yoga Sutra que é um dos textos clássicos e básico do yoga, os exercícios respiratórios conhecidos como Pranayamas, tem também efeitos sobre as emoções e na energia do ser (SARASWATI, 1996). Segundo Santos (2013), estes exercícios respiratórios são capazes de influenciar no equilíbrio físico e mental, desenvolvendo uma consciência corporal mais eficaz, assim como a concentração e o hábito de pensamentos positivos. Nos indivíduos com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), o circuito executivo está desregulado, ou seja, justamente sofrem com uma disfunção atencional, com alterações nos processos emocionais e motivacionais. Por conta disso, estes indivíduos têm muita dificuldade em planejar as suas condutas, inibir comportamentos inadequados e acabam por ter baixo desempenho escolar. O sintoma mais significativo do TDAH é a dificuldade de atenção, e para Farias (2019) é preciso estimular a atenção das crianças que sofrem com esse transtorno, estimulando a atenção, com uma motivação adequada, pois o Tdah não acomete a inteligência ou a criatividade do indivíduo. O indivíduo com TDAH têm dificuldade em organizar seus pensamentos e tarefas. Sendo assim, exercitar a atenção plena de forma voluntária certamente pode vir ajudar os indivíduos que precisam exercitar suas organizações mentais e do seu próprio ambiente. Sendo assim, chegou o momento onde a neurociência poderia investigar mais a fundo sobre como exercitar a atenção plena e através da neuroplasticidade que ela produz pode ajudar o indivíduo como um todo, principalmente para os indivíduos que apresentam dificuldades ou transtornos de aprendizagem. 
    Segundo Claro (2018), o papel do psicopedagogo no ambiente educacional é auxiliar professores e coordenadores pedagógicos para refletir sobre o papel da educação levando em consideração as dificuldades de aprendizagem. Sendo assim, o psicopedagogo escolar deve orientar os alunos que apresentam dificuldades e encaminhá-los a profissionais especializados, caso perceba a necessidade em direcioná-los para psicólogos, fonoaudiólogos, neurologista e psiquiatras. O psicopedagogo escolar precisa participar das reuniões de pais, esclarecer sobre o rendimento escolar dos filhos e orientar a melhor forma para motivá-los nas tarefas escolares no lar. A atenção plena poderá vir a ser mais uma forma de intervenção do psicopedagogo escolar, não só para os alunos com dificuldades e transtornos de aprendizagem, mas para todos os aprendentes da instituição para apoiar no ensino. Para Rahal (2018), apesar das pesquisas nessa área serem recentes, elas já demonstram excelentes benefícios no contexto escolar como melhora da performance cognitiva, aumento da resiliência ao estresse e que também pode ser inclusiva.
  Um dos métodos da prática da atenção plena é na respiração lenta por conta do seu efeito relaxante. Pode ser aplicada como intervenção, assim também como a prática de yoga para adolescentes e crianças. Para Massola (2012), é necessário desenvolver a observação e o olhar interno e sendo assim, a prática de yoga tem se mostrado uma maneira nova e eficiente para auxiliar no desenvolvimento físico e mental desta faixa etária. Na prática, observa-se nas crianças grande interesse, alegria e facilidade em aprender esta milenar arte indiana para integração de corpo e mente (Massola, 2012).  
No contexto da psicopedagogia empresarial, os benefícios da prática de atenção plena podem ser muito produtivos, ajudando ao educador ou o aprendente empresarial a lidar com os desequilíbrios da profissão para que possam ter mais motivação para os seus propósitos. A satisfação no trabalho é influenciada pela motivação e a promoção de intervenções que despertem o desejo de manter a profissão (DAVOGLIO, SPAGNOLO 2017). A psicopedagogia empresarial pode provocar mudanças no comportamento do ser humano para que possam melhorar o seu desempenho tanto profissional como pessoal. Através de uma investigação como funciona a prática de atenção plena (mindfulness) para grupos de empresas, instituições formais e não formais de ensino, observa-se que pode ser criada uma proposta de trabalho para que educadores e colaboradores das instituições possam se beneficiar das técnicas voluntárias de atenção e auto-observação. Os problemas de relacionamentos nas instituições, que afetam o crescimento e produtividade do ambiente acabam originando os comportamentos que comprometem a harmonia. Esses problemas podem ser identificados com a visão autocentrada que leva o indivíduo a reagir de forma irrefletida. Ramon (2021) afirma que os pensamentos são eventos mentais: eles ocorrem, mas não são gerados voluntariamente. 
“Se um pensamento me ocorreu, então é porque eu penso assim: isso sou eu”. Ao fazer isso, criamos uma realidade particular, capaz de alterar nosso sentimento emocional e gerar comportamentos inadequados às circunstâncias. (RAMON, 2021, p. 37) 
 
    A prática de atenção plena muda a autopercepção e aumenta a capacidade de autorregulação, onde o indivíduo passa a ter maior discernimento e capacidade de escolha. Sendo assim, pode vir a ser muito útil como prática de psicopedagogia empresarial. O psicopedagogo empresarial precisa ter um conhecimento humanístico, filosófico e técnico para atuar juntamente com os Recursos Humanos da empresa. Segundo Claro (2019), o psicopedagogo é o profissional que por meio de instrumentos e técnicas próprias, pode analisar queixas e propor soluções baseadas em um diagnóstico, deve ter como objetivo desenvolver uma aprendizagem para o grupo que valoriza a autoestima e a autonomia através de instrumentos que ajudem a superar as suas dificuldades. Dessa forma o psicopedagogo pode realizar trabalhos em grupos através de dinâmicas, jogos, atividades lúdicas, entre outros, propondo um trabalho multidisciplinar que pode ser desenvolvido nos níveis de promoção, prevenção e tratamento (CLARO, 2019). Os instrumentos para avaliação psicopedagógica institucional devem ter uma visão ampliada da instituição, diferente da avaliação psicopedagógica clínica, que avalia o indivíduo isoladamente. Para a mesma autora, na Teoria do Vínculo, proposta de grupos operativos a qual se fundamenta em uma psicologia social, apresentada por Pichon-Rivière em 1960, na Argentina, o sujeito é visto como parte integrante de um grupo e suas ações são decorrentes da inter-relação estabelecida entre eles. Sendo assim, a psicopedagogia precisa proporcionar a consciência que possibilita o desenvolvimento social. Um exemplo de intervenção no âmbito escolar vem através de um estudo na Espanha que demonstrou que o desenvolvimento de um trabalho com professores através da inteligência emocional tem um impacto positivo nas questões relacionadas ao afeto emocional, burnout e otimismo (DORNELLES, CRISPIM, 2020). 
    O resultado dessa pesquisa deixa clara a importância do desenvolvimento das técnicas de inteligência emocional para preparar profissionais para enfrentar os desafios da era atual. Aliada à inteligência emocional, a atenção plena ou consciência plena é uma ferramenta muito adotada em grandes empresas como a Google, Facebook e Apple que confirmam que os ganhos são diversos como o aumento da concentração, do foco, da criatividade e até mesmo da produtividade. Para os autores Demarzo & Campayo, (2015), o estado de “estar presente” pode ser cultivado de diversas formas, como a   meditação, por exemplo, como foco na auto regulação da atenção. 
Para entender como a prática de atenção plena, mindfulness e meditação podem ajudar o psicopedagogo com a psicopedagogia empresarial é necessário analisar o pensamento. Ramon (2021) relata que quando o indivíduo observa os pensamentos, ou seja, observa o próprio espaço mental, como os pensamentos surgem e desaparecem, é onde ele compreende que os pensamentos são apenas pensamentos, ou seja, não é necessário se identificar com eles, podendo observar como ele ocorre, com aceitação e sem julgamento. Por conta disso, a capacidade de discernimento aumenta e o indivíduo consegue criar a competência de escolher entre alternativas comportamentais, freando a impulsividade. Sendo assim, olhar para o pensamento reflete em sair do "piloto automático", modificando o circuito cerebral do modo padrão responsável pela divagação e mobilizando a atenção executiva. Se o objetivo da psicopedagogia empresarial é modificar o indivíduo, no sentido de melhorar o seu próprio aprendizado e equilibrar o seu envolvimento com o coletivo do meio em que atua, então a prática de atenção plena pode vir a ser uma grande aliada como forma de auto-observação e escolha das próprias ações. O objetivo deste estudo é justamente este que demonstra como a atenção executiva pode beneficiar a prática psicopedagógica, uma vez que o indivíduo pode vir a desenvolver a capacidade deliberativa consciente. O córtex pré-frontal é a região onde a organização das respostas adequadas para a resolução de problemas acontece e para Morais (2020) uma tomada de decisão que envolve um componente emocional acontece por meio de ligação entre este córtex e o córtex parietal. As estruturas límbicas são a parte estrutural do cérebro que regula as emoções e segundo Ramon (2021) é cada vez mais evidente que não se pode separar o processamento das emoções do processamento cognitivo. Praticar o desengajamento sistemático de pensamentos cultiva uma flexibilidade atencional, muito útil na regulação das emoções. Ainda segundo o autor, o indivíduo aprende a perceber que as emoções são estados transitórios e essa percepção contribui para a diminuição ou eliminação do estresse. A amígdala é o centro nervoso relacionado com a ansiedade e também é responsável pelo aprendizado. Segundo Morais (2020) a emoção tem um papel significativo na aprendizagem pois o processo cognitivo tem seu funcionamento interligado a habilidades emocionais desenvolvidas, ou seja, o autor confirma que a execução e tomada de decisão podem ser prejudicadas pela vivência emocional porque os processos emocionais estão relacionados com o funcionamento do sistema nervoso, envolvendo inteligência, memória e atenção. É por isso que a sugestão de uma prática contemplativa como a atenção plena ou meditação,  levam a percepção de melhoria do estresse e promovem alterações nos indicadores fisiológicos, baixando o nível de cortisol, regulando a atividade cardíaca e melhorando o sistema imunitário. Morais (2020) afirma também que com a prática de atenção plena, é possível diminuir a atividade do sistema nervoso simpático e o ritmo respiratório lento regulam a atividade parassimpática. Todas essas alterações aumentam a sensação de bem-estar, diminuindo a ansiedade, promovendo a regulação emocional e consequentemente melhorando as capacidades cognitivas para um melhor aprendizado, seja ela qual for. 
 


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Este estudo teve como objetivo investigar a prática de atenção plena em contexto psicopedagógico. Para isto, tomou-se como base estudos sobre a atuação do psicopedagogo e como funciona o processo ensino aprendizagem. Também foi estudado sobre como a prática de atenção plena pode beneficiar tanto o educador quanto o aprendente e pode ser utilizada também como prática psicopedagógica. Para tanto, foi utilizado estudos que fundamentam a psicopedagogia, de Claro (2018), assim como também funciona a avaliação psicopedagógica clínica, de Haddad (2019). Para entender como a prática de atenção plena altera a neuroplasticidade cerebral foram utilizados estudos de Ramon (2021) que explica como o exercitar a atenção, a auto-observação e a inteligência emocional favorecem o ato de aprender. Dos estudos apresentados, foram escolhidos aqueles que demonstraram como funciona a neurociência das emoções e porque o desequilíbrio emocional afeta o desenvolvimento humano e o aprendizado. 
A partir deste estudo observa-se que as intervenções psicopedagógicas poderiam se aproveitar dos benefícios da prática de atenção plena, que pode ser usada no contexto clínico, escolar e até mesmo empresarial. No contexto clínico, utilizar técnicas que utilizem a respiração lenta, observação do momento presente e observação de si mesmo, pode favorecer um estado de presença e consciência mais tranquilo para apoiar a prática do psicopedagogo. No contexto escolar, a prática de atenção plena pode melhorar a afetividade, equilibrar os relacionamentos, desenvolver a inteligência emocional nos alunos e como consequência propiciar um melhor e mais comprometido aprendizado. No contexto empresarial, exercitar a atenção plena com técnicas que ensinam o indivíduo a estar mais presente, pode diminuir o estresse e ansiedade, facilitando a comunicação, aumentando a auto realização e melhorando a regulação do comportamento. 
Assim, pode-se concluir que a partir do levantamento dos estudos pesquisados, que a prática de atenção plena em todos os contextos citados acima pode vir a ser muito eficaz. Esta pesquisa evidenciou que as modificações cerebrais originadas pela atenção plena são significativas e precisam ser mais praticadas, pesquisadas e divulgadas para auxiliar o papel do psicopedagogo. 
Fica claro que há necessidade de aprofundamento sobre o tema e os estudos que foram escolhidos são bem atuais e já demonstram através da neurociência os efeitos neurológicos desta prática. Sendo assim, mais do que nunca é necessário que as intervenções com a atenção plena sejam realizadas e publicadas para demonstrar a eficácia desta prática.  
 
 
REFERÊNCIAS 

CLARO, Genoveva Ribas Claro. Fundamentos de psicopedagogia. Curitiba. InterSaberes, 2018. (Série Panoramas da Psicopedagogia)

COSENZA, M. Ramon. Neurociência e mindfulness: meditação, equilíbrio emocional e redução do estresse. Livro Digital, 2021, Porto Alegre, Artmed Editora. 

Morais, Everton Adriano de. Neurociências das emoções. Curitiba: Intersaberes, 2020. (Série Panoramas da psicopedagogia).

HADDAD, Monaliza Ehlke Ozorio. Avaliação psicopedagógica clínica [livro eletrônico]. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia)

SARASWATI, S. S. Asana Pranayama Mudra Bandha. New Delhi: Bihar School of Yoga, 1996.

SANTOS, A. G. et al. Yoga, uma abordagem complementar para o desenvolvimento psicomotor da criança na escola. Coleção Pesquisa em Educação Física, Várzea Paulista, v. 12, n. 4, p.135-144, out. 2013.

FARIAS, E, GRACINO, E. Dificuldades e distúrbios de aprendizagem. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia).
 
RAHAL, Gustavo Matheus. Atenção plena no contexto escolar: benefícios e possibilidades de inserção. Artigo de psicologia escolar e educacional, Instituto Federal do Paraná. Foz do Iguaçu, 2018. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572018000200347&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso em 21 de abril de 2021. 

MASSOLA, Maria Ester. Yoga para crianças. Rev. bras. med. fam. comunidade ; 7 (Suplemento 1): 16-16, jun. 2012. Disponível em  https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-880761 Acesso em 21 de abril de 2021.

CLARO, Genoveva Ribas Claro. Avaliação Psicopedagógica Institucional. Curitiba: InterSaberes, 2010. 

DORNELLES, Marcos; CRISPIM, Sergio Feliciano. Inteligência Emocional de Professores Universitários: Um Estudo Comparativo Entre Ensino Público e Privado no Brasil. Universidade São Caetano do Sul - São Paulo - Brasil. Disponível em  https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/riesup/article/view/8657189/22484 Acesso em 27/07/2021. 

DAVOGLIO, Tárcia Davoglio; SPAGNOLO, Carla; SANTOS, Bettina Steren dos. Motivação para a permanência na profissão: a percepção dos docentes universitários. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS – Brasil. Disponível em https://www.scielo.br/j/pee/a/vzb6M8PmGWZkK3N9cq8dKbh/?lang=pt&format=pdf Acesso em 25/07/2021. 









quarta-feira, 7 de julho de 2021

Relatos de Extensão: um projeto online com práticas do yoga

Pérola de Souza

É com muito orgulho que venho anunciar a aprovação do artigo científico, na Revista EXTENSÃO TECNOLÓGICA -  Revista de Extensão do Instituto Federal Catarinense,  que relata uma experiência de atividades desenvolvidas em um projeto de Extensão, realizado em seis encontros on-line e organizados por servidores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Este projeto vem de encontro com a necessidade do Yoga obter mais aprofundamento científico e fundamentar cada vez mais os benefícios das práticas para que possa beneficiar mais ativamente as comunidades. 


Como convidada para participar deste artigo, ajudei a investigar sobre os estudos atuais já publicados sobre o Yoga e relacionar com a prática mediada e orientada pela amiga e aluna Evelyn Raquel Carvalho (UTFPR) e uma equipe incrível de pesquisadoras. Foi com muita satisfação que recebemos a notícia da aprovação da submissão pela Revista. Este é, provavelmente, o início e um grande incentivo para a realização de outras investigações e colaborar com o conhecimento científico. 

Para acessar o Artigo: https://publicacoes.ifc.edu.br/index.php/RevExt/article/view/1744



quarta-feira, 12 de maio de 2021

RELATÓRIO DE ESTÁGIO HIBRIDO DE PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR - YOGA NA EDUCAÇÃO

GRUPO EDUCACIONAL UNINTER - Pontal do Paraná - 2020

ALUNA: PÉROLA MACHADO DE SOUZA

NOTA FINAL DO RELATÓRIO: 100

  1. INTRODUÇÃO

As atividades deste estágio supervisionado de Psicopedagogia Hospitalar foram realizadas através da pesquisa Científica do Projeto Vozes da Pedagogia. Foi realizada a leitura do livro "Formação de professores em diferentes cenários - vozes da pedagogia - volume 3" e realizado o fichamento de 7 autores para fundamentar a pesquisa que reflete os resultados de pesquisas de um grupo de professores, tanto de instituições públicas como particulares, chamado "Vozes da Pedagogia". A obra enfatiza a sociedade, tecnologias, formação docente e a escola com representação curricular da Base Nacional Comum Curricular. O estudo foi feito através da participação do grupo Vozes da Pedagogia, com a participação da supervisora e autores dos textos dos livros para discutir o papel da educação no contexto da educação atual. 

Através do Estado da arte foi realizado a pesquisa sobre como funciona o trabalho psicopedagógico nos hospitais, chamado classe hospitalar, a rotina, metodologia, formas de avaliação e de intervenção. Também foi pesquisada sobre como está acontecendo as classes hospitalares em época de pandemia, assim como a criação de recurso digital para ajudar internados muito debilitados, que não podem ter acesso às brinquedotecas e salas pedagógicas. Ainda no estado da arte foi pesquisado como o relaxamento induzido com visualização criativa pode ajudar os pacientes a elevar a autoestima e diminuir a ansiedade, apoiando o processo de cura. 

A análise Imagética foi realizada através do documentário "Educação e Cultura no Hospital Pequeno Príncipe'' que foi utilizado para fundamentar sobre o papel dos educadores no apoio para a continuação da aprendizagem, emocional e até mesmo preventiva de crianças e adolescentes em condições de internamento hospitalar.

O objetivo da linha de psicopedagogia hospitalar é observar, diagnosticar, avaliar e intervir na aprendizagem de crianças e adolescentes internados nos hospitais, compreendendo a dinâmica do funcionamento destes ambientes e aplicar a psicopedagogia de forma humanizada. O objetivo do projeto "Vozes da pedagogia e a formação docente" através da leitura do livro e das reuniões de estágio é transitar entre a teoria e a prática nas articulações entre a EaD, semipresencial e presencial. Portanto, o objetivo que une a linha deste estágio e o projeto de pesquisa é compreender como estão acontecendo as práticas do ensino atual, levando em consideração as tecnologias, as metodologias atuais de ensino, assim também como as avaliações e intervenções psicopedagógicas. Dessa forma é que o bacharel em psicopedagogia é inserido no contexto de atuação, compreendendo as dinâmicas de funcionamento dos ambientes hospitalares.  

Dessa forma, as atividades do estágio foram a) "Formação de professores em diferentes cenários - vozes da pedagogia - volume 3" b) Fichamento dos autores do Grupo de Pesquisa e estado da Arte; c) Participação de 5 reuniões Vozes da Pedagogia com o grupo de pesquisa; d) Análise imagética do documentário "Educação e Cultura no Hospital Pequeno Príncipe'' fichamento e criação do relatório; e) Elaboração do plano de ação; f) Reflexão, criação e utilização do material didático manipulável; g) Elaboração de relatório de estágio.



ESTUDO RELACIONANDO O LIVRO FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM DIFERENTES CENÁRIOS - VOLUME 3 - GRUPO VOZES DA PEDAGOGIA COM O ESTÁGIO DE PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR


Para desenvolver esta pesquisa foi necessário compreender o que é competência no contexto atual e as adaptações oriundas da demanda da educação. A competência surge a partir de conhecimentos, capacidades humanas e habilidades. Segundo Mocelin, Machado e Inocêncio (2020, p. 25) […]” Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, habilidades, atitudes […]”. Sendo assim, compreender como isto está acontecendo na psicopedagogia hospitalar é fundamental para o desenvolvimento do bacharelado nesta área. Classe hospitalar é a forma como é chamado o atendimento pedagógico-educacional e como cita COUTO (2004) "tem como objetivo atender as necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e adolescentes que dadas as suas condições especiais de saúde esteja hospitalizadas […]” 

Em 1990, foi realizada na Tailândia a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, onde foi criado os quatro pilares da educação: Aprender a Aprender – Aprender a Fazer – Aprender a Conviver – Aprender a Ser, que são competências que conduz ao desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos cognitivos, emocionais e físicos. Mocelin, Machado e Inocêncio (2020, p. 25). Estes pilares fundamentam o trabalho que deve ser humanizado na psicopedagogia hospitalar, ou seja, ver o paciente na sua forma integral e não somente cognitiva. Na prática da Classe hospitalar, o desenvolvimento do ensino começa através do apoio do enfrentamento dos medos para que o aprendente internado possa elevar a sua autoestima e a confiança para ter vontade de lutar pela vida e pela saúde. Para isto é necessário o envolvimento da família e levar momentos agradáveis ao paciente, pois este já se sente culpado (PEREIRA, 2015, p.3). 

Criança, jovem ou adulto deve estar em condições de receber os instrumentos essenciais à aprendizagem, além da leitura e escrita conteúdos básicos como habilidades, valores e atitudes, necessários tanto para o seu desenvolvimento como para a sua sobrevivência, ressaltados pela Declaração Mundial sobre “Educação para Todos” realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, em seu Art. 1, em 1990 (SILVA, SAKAGUTI, 2020, p.137). No contexto hospitalar, a psicopedagogia visa promover o desenvolvimento da área cognitiva por meio de atividades com os conteúdos básicos e também os aspectos afetivos através de jogos psicopedagógicos e ludicidade (PEREIRA, 2015, p.6). Metodologias ativas são processos de análises, estudos e pesquisas com a finalidade de encontrar soluções para as problemáticas de ensino. Segundo Santos, Machado (2020) nos últimos dez anos, a literatura científica trouxe várias contribuições sobre metodologias ativas. Para que haja sucesso na aprendizagem e do desenvolvimento do ser humano o trabalho em equipe é fundamental, através de trocas de experiência, para que a psicopedagogia atue de forma preventiva e interventiva, observar as metodologias ativas para que esta prática devolva aos pacientes a esperança e vontade de viver, com poucos danos na sua regressão à escola e vida social (PEREIRA, 2015, p.4).

As mudanças sociais, tecnológicas e até mesmo epistemológicas na educação estão acontecendo profundamente mostrando a necessidade de uma formação holística e até mesmo emergencial e torna-se cada vez mais urgente uma educação flexível em sua organização, que tenha como fundamento a formação integral do ser humano e, inclui-se, portanto, a formação continuada docente. (SILVA, ALVES, 2020 p. 86). Sendo assim, como exigência social temos as crianças e adolescentes que hoje tem um enorme interesse pela tecnologia, uma vez que são nativos digitais e o foco da atenção já muda automaticamente. Além da humanização da prática educacional hospitalar, é preciso levar em conta o quanto é primordial que os recursos da informática são meios que podem apoiar novas metodologias que ajudem o aluno a ter mais interesse e criar mais autonomia, assim como nas classes formais de ensino. Portanto […]” a inovação não está restrita ao uso da tecnologia, mas também à maneira como o professor vai utilizar esses recursos. (CORDEIRO, KRAVISKI, 2020, p.57) 

Por conta de a sociedade estar em transformação constante está sendo exigido que o professor crie um ressignificado da aprendizagem através de uma reconstrução consciente e reflexiva para uma nova prática docente. É necessário que o educador compreenda essa nova forma de ação e prática profissional. Munhoz (2020, p.269) afirma que a humanidade vive um estado da arte altamente evoluído na utilização das tecnologias como substitutas do trabalho manual. Também para que as metodologias ativas funcionem perfeitamente elas levam em consideração as condições empáticas do ambiente e como afirma Munhoz (2020, p. 273) esta é uma das necessidades primárias dos relacionamentos humanos e agora também entre humanos e máquinas. As equipes multidisciplinares precisam se esforçar para que haja desenvolvimento nas rotinas computadorizadas. Porém, não é uma solução para iniciativas rápidas pois o custo envolvido pode ser elevado, principalmente se envolver processos de interação 3D, entre avatares e humanos (MUNHOZ, 2020, p. 281). Com a Pandemia, o recurso educacional digital tem sido a única opção de voluntários que trabalham nos hospitais, que não podem ter mais acesso presencial. Sendo assim, mais do que nunca, a importância do desenvolvimento das competências digitais é crucial e é necessário que as políticas públicas facilitem o acesso para incluir a todos. A educação voltada ao ensino semipresencial necessita de ações diferentes como superação e inovação e que podem acontecer por meio de projetos coletivos com diálogos, criação de novos métodos de ensinos e recursos virtuais pedagógicos (KAMINSKI, BENVENUTTI, 2020, P. 66).


PESQUISA ESTADO DA ARTE

Para o estado da arte, foi investigado sobre a importância da presença do psicopedagogo no hospital, que é indispensável uma vez que, mesmo em internamento, o indivíduo pode continuar a aprender, brincar, criar e ter uma vida social.  Além disso, as atividades pedagógicas podem contribuir para a recuperação da criança/adolescente hospitalizado. (SANTOS, MENEZES, 2013, p. 455)

Diferentemente da psicopedagogia clínica, a hospitalar precisa respeitar o tempo e a saúde pois a aplicação das atividades depende de que o paciente precisa estar se sentindo bem, como relata Couto (2004) […]” assim em muitos casos, atividades deixaram de acontecer porque o paciente não estava se sentindo bem, ou havia recebido alta antes do término das sessões. Como prática na atuação, o psicopedagogo pode mostrar através de atividades o reconhecimento da sua enfermidade e fazê-lo entender a importância de estar ali e de se recuperar. Portanto, é de suma importância que os profissionais sejam curiosos, humildes e principalmente humanizados (COUTO, 2004, p. 13). 

De acordo com Santos, Menezes (2013) o pedagogo possui atribuições específicas dentro do contexto hospitalar como coordenar e avaliar o trabalho pedagógico, organizar materiais, observar as recomendações médicas, elaborar planos de ação, articular ações com outros profissionais, manter contato com a família do paciente aprendente, além de cumprir as agendas organizacionais que envolvem reuniões com os núcleos de educação. Como etapas da organização do trabalho pedagógico estão: pesquisar informações sobre os internamentos (censo hospitalar), preencher a ficha individual do aluno, realizar a anamnese, realizar contato com a escola de origem, orientar os professores da área, mediar o contato dos professores com os alunos, acompanhar o processo de ensino-aprendizagem, realizar troca de informações e fazer avaliações. Além disso, orientar os familiares após a alta médica e apoiar o retorno à escola de origem (SANTOS, MENEZES, 2013, p. 458). 

Para ajudar o paciente, é necessário que haja avaliação que pode ser inicialmente utilizada através de uma entrevista com a mãe ou acompanhantes, através da escuta, observação. Para Couto (2004) podem ser aplicados testes operatórios e projetivos, EOCA (entrevista operatória centrada na aprendizagem, TDE (teste de desempenho escolar), desenho da família e do seu próprio eu e que atividades com jogos, atividades com pinturas e até mesmo mandalas podem ser formas de avaliar. No contexto hospitalar, a avaliação psicopedagógica precisa passar por uma investigação da situação de adequação e bem-estar do paciente, considerando a estrutura física adequada, os recursos disponíveis para as atividades educacionais (ALE, 2020, p. 231). A vida hospitalar gera problemas no desenvolvimento da criança hospitalizada por conta dos traumas e podem levar a dificuldades na aprendizagem. Segundo Ale (2020), estes problemas podem ser minimizados se a ação dos profissionais for preventiva. As ações precisam ter como objetivos garantir que a vida escolar da criança tenha continuidade durante a internação, motivar a participação das crianças nas atividades, propiciar momentos de prazer, permitir que a criança expresse suas emoções e sentimentos e fortalecer a autoestima. Sendo assim, a classe hospitalar apoia o aluno internado a se sentir melhor consigo mesmo e ter projetos para a vida, conquistando espaço para distrair o seu sofrimento (ALE, 2020, p. 147). 

De acordo com Ale (2020) a maioria dos internados têm dificuldades para se locomover, seja por conta dos horários dos remédios ou até mesmo pela indisposição. Por isso, para a mesma autora, a importância das atividades lúdicas é fundamental para que elas se sintam capazes de aprender, mesmo em estado de fragilização, pois a ludicidade estimula a alegria e o prazer da criança, liberando hormônios que estimulam uma recuperação mais rápida. As brinquedotecas são espaços cruciais para as brincadeiras acontecerem, porém é importante lembrar que os brinquedos precisam de limpeza e desinfecção. Livros e as revistas da brinquedoteca também devem passar por medidas que diminuam a transmissão de infecções e que o manuseio dos objetos deve ser intercalado com a higienização das mãos, e os livros e revistas devem ser encapados com material plástico, de forma que possam ser desinfetados (ALE, 2020, p. 210).

A psicopedagogia visa intervir nas questões que englobam ansiedade, depressão e autoestima. Por isso a intervenção psicopedagógica diminui os prejuízos cognitivos da aprendizagem e também media o relacionamento do indivíduo com o meio e consigo mesmo. 


DESCRIÇÃO REFLEXIVA SOBRE A AÇÃO REALIZADA EM CAMPO E O USO DO MATERIAL DIDÁTICO MANIPULÁVEL PRODUZIDO.

A pesquisa para este estágio de psicopedagogia hospitalar foi baseada no interesse em entender como funciona a rotina do ensino no contexto hospitalar, sobre tecnologias para a criação de competência digital, avaliação e intervenção. Também foi pesquisado sobre como a psicopedagogia hospitalar está atuando na época da Pandemia Covid-19 para criar um material que possa ser usado neste contexto, onde o presencial é restrito. Sendo assim a investigação foi baseada na seguinte questão: Como criar um material que possa ser usado pela criança, que não pode sair do seu leito por conta do tratamento ou até mesmo porque os ambientes coletivos de aprendizagem dentro dos hospitais estão limitados por conta da Pandemia Covid-19? Para isto foi usado os exemplos das práxis que estão sendo utilizadas neste contexto, tanto dos pedagogos como dos voluntários, que precisaram se reinventar e estão usando a criatividade sem sair de casa. Como exemplo, a Associação Laços da Alegria que atende por meio de chamadas de vídeos, com visitas virtuais e que são guiadas pelos próprios pacientes. Adolescentes e crianças que estão matriculados na rede estadual de ensino e que se encontram internados no Hospital Infantil Joana de Gusmão recebem as atividades nos próprios leitos durante a pandemia da Covid-19, ou seja, agora os alunos não podem se reunir na sala de estudos. Desta forma é visível que a pandemia trouxe mudanças na vida dos internados, mas com muita disposição e vontade os pedagogos e voluntários estão dando continuidade aos trabalhos, mesmo com muita limitação. Então foi preciso pensar em um material manipulável que pudesse chegar a essas crianças para apoiá-las em época de isolamento social, tanto por conta da Pandemia, como por incapacidade de locomoção. 

O material manipulável para este estágio usa a tecnologia digital através de uma criação de áudio, para ser usado em época do isolamento social em que a criança e adolescentes vivem. Esta intervenção foi criada visando tratar, curar e até mesmo prevenir problemas de aprendizagem que podem surgir por conta do internamento do aluno e construir uma prática humanizadora e de forma lúdica. Para isto foi pesquisado sobre a contação de histórias para criar um texto que apoie na motivação em aprender, com estímulo às funções psicológicas superiores que são fundamentais para a aprendizagem escolar, elevando a autoestima, diminuindo a ansiedade, ativando a memória e a concentração, além de reforçar o processo de cura. Para realizar a mediação a técnicas de relaxamento de yoga com contação de história para a criança ou adolescente usar a imaginação, se visualizar vivendo a história, enquanto deitado. 

A mediação para este estágio foi construída através do recurso do áudio, que é uma forma diferente de linguagem, onde estimula a imaginação do aluno e pode ser utilizado para construir de forma positiva uma estrutura emocional e como consequência propiciar o desenvolvimento da estrutura cognitiva. Sendo assim, a construção do texto para o áudio levou em consideração que a visualização positiva através da mente, com uma história onde o paciente é o autor da imagem mental, pode interferir também positivamente na resposta corporal, que recebe estímulos neurais acelerando o processo de cura. 

O setting para a intervenção psicopedagógica pode ser a própria cama da criança internada, onde ela pode permanecer deitada. Setting é como é denominado o espaço e é onde se organiza a intervenção. No contexto hospitalar, muitas crianças ficam limitadas às suas camas e sendo assim o setting é o próprio local onde ela possa estar. O ideal é que o áudio possa ser ouvido com um fone de ouvido para que a criança não receba nenhuma distração externa. A música do áudio foi escolhida para trazer sensação de paz e tranquilidade, assim como exaltar a imaginação através das emoções. 

O texto do áudio foi criado para crianças de 7 anos até 12 que estão no período formal operatório concreto. Para Silva, Mocelin, (2019) nessa fase segundo os estudos Piagetianos, a criança já tem uma lógica interna consistente e desenvolve habilidade de solucionar problemas concretos. Também é a fase do início da escolarização formal através do Ensino Fundamental.  Sendo assim, a história é contada para a criança, em relaxamento e deitada, possa se imaginar sendo o principal personagem dela e receber instruções importantes, que elevem sua autoestima e confiança para desenvolver e acreditar nas suas capacidades cognitivas e funções psicológicas superiores, principalmente a memória e a concentração, funções cruciais para o aprendizado. Durante o texto, foram utilizadas frases afirmativas, para que o aluno seja estimulado a aprender, a desejar a cura e estimular suas capacidades de aprendizagem. 

O material utilizado para a criação do material foi computador MacBook Pro 15, internet, microfone para celular, celular, aplicativo de gravação de voz pelo celular, Microfone shure, Teclado Korg, programa de edição Cubase e aplicativo Soundclound para publicar a história. O áudio desse projeto tem 9:35 segundo e poder ser encontrado no link abaixo:

https://soundcloud.com/user-498966694/relaxamento-para-criancas-doentes_o-mestre-da-cura




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este relatório de estágio cumpriu com seus principais objetivos que eram investigar como funciona a psicopedagogia hospitalar, também chamada classe hospitalar, através da avaliação e intervenção, assim também como pesquisar sobre tecnologia digital e relacionar com o estudo através da pesquisa Científica do Projeto Vozes da Pedagogia. Ficou concluído que o olhar humanizado às crianças hospitalizadas para o atendimento pedagógico hospitalar é crucial para uma prática com sucesso. A Psicopedagogia ainda está se estruturando e foi observado que é preciso reforçar a multidisciplinaridade e que haja planejamento das atividades aplicadas, de forma lúdica, para prevenir problemas com a aprendizagem, assim também como possíveis intervenções em dificuldades de aprendizagem identificadas. 

É de vital importância que a organização do trabalho pedagógico atenda a necessidades diferenciadas. Para isto é necessário que o psicopedagogo estabeleça vínculos com o educando, e que a prática pedagógica que for realizada em ambiente hospitalar esteja de acordo com as limitações do ambiente e dos pacientes em processo de escolarização. A condição de saúde dos alunos atendidos em ambiente hospitalar tem um ritmo diferente do ambiente escolar. As condutas afetivas e cognitivas destes alunos internados sofrem em contexto hospitalar, sendo o papel do psicopedagogo e de uma equipe multidisciplinar, avaliar, observar, diagnosticar e intervir de forma que estimule crianças e adolescentes a aprenderem.

Juntamente com a observação do trabalho do psicopedagogo, este estudo concluiu que a participação do projeto "Vozes da pedagogia e a formação docente" através da leitura do livro e das reuniões de estágio,  transitando entre a teoria e a prática nas articulações entre a EaD, semipresencial e presencial, foi de suma importância para se pensar nas possibilidades de intervenção, principalmente para crianças que não podem sair dos seus leitos, ou seja, aquelas que não podem estar nas brinquedotecas e salas pedagógicas, seja por limitação física ou até mesmo por conta da Pandemia, onde as salas coletivas precisaram ser suspensas. Sendo assim, foi possível unir a linha de estágio com o projeto Vozes da Pedagogia, pois é preciso, mais do que nunca, levar em consideração as tecnologias e metodologias atuais de ensino para atender com efetividade o problema de isolamento social de alunos internados em hospitais. 

A pesquisa através do documentário deste estágio trouxe uma alegria imensa em perceber esse olhar humanizado, a empatia e a força da disposição de pessoas que se dedicam a profissão da classe hospitalar, trazendo também a reflexão de que a importância desse trabalho precisa, urgentemente, de um apoio maior dos agentes das políticas públicas, para que se amplie e receba mais estruturas. Quantos hospitais ainda precisam receber a psicopedagogia hospitalar? Com certeza, muito mais do que já existem e a expansão da classe hospitalar deveria ser prioridade, já que existem leis para garantir este trabalho. 

A dificuldade do acesso aos pacientes nos leitos por conta da Pandemia, assim como a dificuldade de pacientes não terem acesso ao aprendizado pois não podem sair dos seus leitos nos tratamentos mais sérios, levou a pensar de que forma poderia contribuir para aliviar a pressão dos medos oriundos do ambiente hospitalar, aliviar as dores físicas e estimular a força de vontade. Mesmo que o método usado neste relatório não possa substituir efetivamente a intervenção psicopedagógica, ele pode ser a forma de se iniciar um trabalho pedagógico, para devolver ao paciente a vontade de aprender, e para isto se curar. 

Criar o material manipulável para este estágio foi a parte mais fascinante. A possibilidade de criar algo que possa transformar uma situação difícil, como um internamento no hospital, em oportunidade de crescimento e aprendizagem é o que traz sentido a este estágio e a esta profissão que estou iniciando como psicopedagoga. 


4 REFERÊNCIAS

ALE, M. B. S. F. Ação psicopedagógica hospitalar: pesquisas, vivências e práticas [livro eletrônico]: Série Panoramas da psicopedagogia. Curitiba: Intersaberes, 2020. 


AZEVEDO, A.V.S.; SANTOS, A.F.T. Intervenção psicológica no acompanhamento hospitalar de uma criança queimada. Brasília, 2011. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932011000200010. Acesso em 01 de março de 2021. 


COUTO, Janaina Martins. Intervenção psicopedagógica em classes hospitalares: uma alternativa de atendimento. Monografia de conclusão do curso de pós-graduação em Psicopedagogia, Universidade Candido de Mendes. Rio de Janeiro, 2004. Disponível no AVA, Uninter, acesso em 15 de fevereiro de 2021. 


CORDEIRO, G.R; KRAVISKI, M.R. Metodologias ativas na formação continuada de professores do curso de licenciatura me pedagogia. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.2. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


KAMINSKI, C; BENEVUTTI,C.D.S. Narrativas da vida profissional de professores do semipresencial: o reflexo do social e do tempo histórico da formação da prática pedagógica atual. Metodologias ativas na formação continuada de professores do curso de licenciatura me pedagogia. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.3. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


MACHADO, Dinamara Pereira. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


MOCELIN, M.R; MACHADO, D.P; INOCÊNCIO, K.C.M. Fluidez epistemológica na formação de professores: quando o excesso cega! Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.1. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


MUNHOZ, Antonio siemsen.  Utilização de professores como tutores inteligentes para criação de ambientes de alta empatia eletrônica com uso e tecnologias exponenciais. Metodologias ativas na formação continuada de professores do curso de licenciatura me pedagogia. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.12. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


PEREIRA, Wyliane de Lima. Psicopedagogia hospitalar: um olhar humanizado a crianças hospitalizadas. Trabalho de conclusão de Curso para Bacharelado de Psicopedagogia, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2015.  Disponível no AVA, Uninter, acesso em 18 de fevereiro de 2021. 


SANTOS, M.O.; MENEZES, C.V.A. A organização do trabalho pedagógico em ambientes hospitalares: um estudo de caso com educadores do serviço de atendimento à rede de escolarização hospitalar do hospital do trabalhador. Programa de Apoio à Iniciação Cientifica - PAIC 2012-2013. Disponível no AVA, Uninter, acesso em 19 de fevereiro de 2021.


SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA. Atendimento escolar no hospital infantil é adaptado durante a pandemia. 23 de novembro de 2020. Disponível em https://www.saude.sc.gov.br/index.php/noticias-geral/11818-atendimento-escolar-no-hospital-infantil-e-adaptado-durante-a-pandemia. Acesso em 25 de fevereiro de 2021.


SILVA, W.; MOCELIN, M.R.  Epistemologia genética [livro eletrônico]: Série Panoramas da Psicopedagogia. Curitiba: Intersaberes, 2019. 


SILVA, Alvez. A relação entre a Cultura escolar e o uso das tecnologias na formação continuada dos professores do ensino superior. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.4. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


YAMAGUTI, Bruna. Alegria à prova de distância: voluntários em hospitais se reinventam. Brasília, 13 de setembro de 2020. Correio Braziliense. Disponível em https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2020/09/4874789-alegria-a-prova-de-distancia-voluntarios-em-hospitais-se-reinventam.html  Acesso em 23 de fevereiro de 2020.

 

RELATÓRIO DE ESTÁGIO HIBRIDO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA - YOGA NA EDUCAÇÃO

 GRUPO EDUCACIONAL UNINTER - Pontal do Paraná - 2020

ALUNA: PÉROLA MACHADO DE SOUZA

NOTA FINAL DO RELATÓRIO: 100


  1. INTRODUÇÃO

As atividades deste estágio supervisionado de Psicopedagogia Clínica foram realizadas através da pesquisa Científica do Projeto Vozes da Pedagogia. Foi realizada a leitura do livro Covid-19 e feito o fichamento de 8 autores para fundamentar a pesquisa que visa resolver o problema sobre como desenvolver as competências digitais em professores e estudantes na atualidade. Também houve a participação das reuniões do grupo Vozes da Pedagogia, com a participação da supervisora e autores dos textos dos livros para discutir o papel da educação no contexto epidêmico atual. 

Através do Estado da arte foi pesquisado sobre as competências digitais e recursos tecnológicos que estão sendo desenvolvidos e utilizados em tempo de pandemia Covid-19. Ainda no Estado da arte foram pesquisadas as avaliações psicopedagógicas, os distúrbios e dificuldades de aprendizagem e recursos digitais para indivíduos com dificuldades em aprender, para serem trabalhados de forma emergencial durante a pandemia. Também foi realizada uma pesquisa sobre como a prática de exercícios respiratórios do yoga para crianças pode ajudar na saúde mental e emocional em tempos de isolamento social. 

A análise Imagética foi realizada através do documentário Jemicy School - Escola especializada em Dislexia que foi utilizado para fundamentar sobre o papel dos educadores no desenvolvimento humano e social das crianças com dislexia e como um ambiente bem estruturado, com professores comprometidos refletem no interesse pelos indivíduos em aprender de forma significativa e transformadora. 

O objetivo da linha de psicopedagogia clínica é observar, diagnosticar, avaliar e intervir na metodologia da aprendizagem para crianças e adolescentes com dificuldades em aprender. O objetivo do projeto Vozes da pedagogia através da leitura do livro e das reuniões de estágio é discutir a formação de professores na sociedade moderna e em época de pandemia, buscando entender a inovação dos ensinos híbridos, EAD e presencial. Investigar como os educadores estão se adaptando e utilizando as tecnologias digitais para dar continuar a práxis pedagógica de forma emergencial e remota. Portanto, o objetivo que une a linha e o projeto de pesquisa é compreender como as avaliações e intervenções psicopedagógicas estão acontecendo durante a época de isolamento na Pandemia Covid-19, cuja pesquisa é de fundamental importância para a formação profissional do bacharel em psicopedagogia, que precisa entender tanto das dificuldades de aprendizagem, como avaliá-las, quais recursos devem ser utilizados na profissão. Dessa forma é que o bacharel em psicopedagogia é inserido no contexto de atuação, compreendendo as dinâmicas de funcionamento dos ambientes clínicos.  

Dessa forma, as atividades do estágio foram a) Leitura do Livro Covid-19, Educação em tempos de Pandemia; b) Fichamento dos autores do Grupo de Pesquisa e estado da Arte; c) Participação de 5 reuniões Vozes da Pedagogia com o grupo de pesquisa; d) Análise imagética do documentário Jemicy School - Escola especializada em Dislexia, fichamento e criação do relatório; e) Elaboração do plano de ação; f) Reflexão, criação e utilização do material didático manipulável; g) Elaboração de relatório de estágio.


ESTUDO RELACIONANDO O LIVRO EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE COVID – 19 – GRUPO VOZES DA PEDAGOGIA COM O ESTÁGIO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

Pandemia, palavra assustadora que mudou a vida de todo o planeta, levou os seres humanos ao isolamento social e estimulou as atividades remotas como recurso emergencial para a sobrevivência da educação e até mesmo da saúde física, mental e emocional no ano de 2020. Percebendo que a mudança para um isolamento seria significativa e sem prazo para terminar, professores de várias modalidades precisaram pesquisar emergencialmente como proceder com as aulas online, se adaptar as tecnologias, desenvolver a criatividade através dos recursos da internet e ainda por cima manter a interação com os alunos para poder perceber os efeitos das práticas. Não está sendo muito diferente para pedagogos, psicopedagogos e psicólogos, uma vez que avaliações e procedimentos para crianças com dificuldades e distúrbios de aprendizagem também tiveram que passar por adaptações e uma reflexão mais profunda das competências digitais. 

Com a pandemia Covid-19, professores, pedagogos e psicopedagogos precisam se reinventar e refletir sobre as intervenções clínicas que agora precisam de mais apoio tecnológico do que nunca. Também é necessário estimular o apoio para a família e através dela manter o acesso à educação e principalmente o auxílio às crianças que possuem dificuldades ou distúrbios de aprendizagem. As famílias também precisam se reinventar e ser mais solidárias.

Contudo, quando a pandemia causa uma reviravolta perturbadora geral e requer o distanciamento social entre avós, filhos e netos e entre todos em geral, é hora de se repensar o sentido da família e da vida em família, da convivência em família e comunidade, e despertar para a solidariedade (MOSER, 2020, p. 31). 

A sombra da incerteza sobre o que está acontecendo com o mundo e de quando as atividades presenciais irão retornar deixam a família insegura. Mediadores da educação estão desnorteados. Professores dão aulas pela internet e os tutores dos alunos precisam assessorar seus filhos. Ambos precisam se aprofundar nos recursos da tecnologia para poder manter as práticas educativas. Crianças aprenderam que a tecnologia é muito mais do que um recurso para diversão e precisaram aprender, de forma remota, a manter atualizados os currículos, dentro das possibilidades que estão sendo apresentadas de forma emergencial. "Se a incerteza pode nos desnortear, também é propícia para a reinvenção" (MOSER, 2020, p.36). Mais do que nunca se torna necessário o desenvolvimento de mais competências de ensino, principalmente digitais, que para ser bem sucedido precisa levar em consideração aspectos da realidade humana, desde sentimentos até a facilitação de acesso tecnológico, […]” o que implica em uma grande integração de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e emoções […]". (SCHNEIDER, E. I., SCHNEIDER, A.B., 2020, p. 55).

A Pandemia fez, mesmo que forçosamente e até mesmo com um certo negacionismo, que as pessoas aceitem o desafio de produzir e acessar as informações. O mais importante é orientar o buscador dessas informações que elas devem ter qualidades e serem verdadeiras, éticas e sintonizadas com os diferentes contextos e realidades sociais. Schneider (2020) também afirma que o modelo europeu ensina sobre as competências e Literacias digitais explanando sobre o quanto é necessário realmente o envolvimento profissional, pois os recursos digitais estão disponíveis a todos e sendo assim a necessidade de observar as variedades e encontrar o que existe melhor para a sua prática docente.  No modelo europeu consta que não existe uma única metodologia e que é preciso criar estratégias de ensino e inclusive de avaliação onde se possa interpretar o processo de aprendizagem do aluno. Ainda neste modelo são discutidas as vantagens do uso de tecnologias inclusive para estruturar práticas pedagógicas centradas no aluno e envolvendo ativamente o aprendiz. Esta discussão abre portas para as possibilidades de inclusão de alunos com deficiências, dificuldades e distúrbios de aprendizagem, entre outros. Sendo assim, é importante observar que a sociedade atual já está na era da transformação digital, independente da Pandemia Covid-19, e que indivíduos que ainda não estão incluídos nesta mudança poderão brevemente ser considerados analfabetos digitais. Apesar das crianças da sociedade atual já terem disponíveis muitos recursos tecnológicos, o ensino domiciliar consiste em uma dificuldade muito grande por falta de formação dos tutores desses alunos."[…] o ensino domiciliar é bastante problematizado, principalmente por dois fatores: a socialização das crianças e a falta de formação dos pais", (QUADROS, CORDEIRO, 2020, p. 68)

O que precisa ser levado em consideração, seriamente, pelas políticas públicas é o fato de estudantes das classes sociais mais privilegiadas terem acesso à tecnologia, enquanto os mais vulneráveis perdem ainda mais a oportunidade de um ensino de qualidade. Mesmo para as famílias que têm acesso digital, muitas vezes é preciso dividir os equipamentos entre pais que estão em home office e até mesmo irmãos, dificultando ainda mais a organização do tempo e das tarefas para todos. Para Santo, Trindade (2020, cap. 19) as escolas precisam considerar tais questões para organizar como cada estudante pode, efetivamente, contatar com a Escola e continuar a suas atividades escolares. 

Certamente a Pandemia está exigindo que psicopedagogos reflitam sobre a mediação das aulas via remota para os alunos com dificuldade ou distúrbios de aprendizagem, uma vez que a atenção individualizada ainda precisar estar acontecendo, mesmo com a utilização de mídias interativas, mas principalmente na organização escolar dessas crianças que certamente devem continuar sendo de forma mais atenciosa e criteriosa. É preciso levar em consideração a limitação de sessões de aulas remotas com relação à exposição à tela, de acordo com a idade das crianças, independentemente de ela ter dificuldades de aprendizado.  A relação entre educadores e responsáveis pelos alunos precisa ser muito próxima para que os pais sejam orientados a colocar em prática as questões de ensino e organização dos estudos, entre outras atividades e segundo Santo, Trindade (2020), os pais também precisam de orientações claras dos professores.  A organização da vida escolar precisa incluir momentos onde a criança possa se mexer, criar, brincar e se possível ter momentos ao ar livre, situação bem difícil nos grandes centros urbanos. A falta de brincar ao ar livre certamente afetará as crianças, não só na vida ou currículo escolar, mas principalmente no seu desenvolvimento psicomotor. Sendo assim, mais do que nunca é preciso levar em consideração o que afirma Lopes (2020, p. 76), é necessário pensar em como aproveitar a energia acumulada para se ter um filho mais relaxado para que haja sintonia no que se precisa ensinar. 

Para fundamentar e organizar o plano de ação deste estágio foi preciso buscar sobre o funcionamento da avaliação clínica, pois para os psicopedagogos clínicos o diagnóstico dos alunos é crucial para indicar as dificuldades e também quais são as áreas que podem ser estimuladas e potencializadas nos estudantes. A avaliação psicopedagógica permite uma reflexão sobre a aprendizagem e como ela é desenvolvida na escola, considerando que a psicopedagogia abrange a pedagogia, a psicanálise, a psicologia, a epistemologia, a linguística e a neuropsicologia, entre outras áreas (Bossa, 2011, p.40). Segundo Weiss (2007), o objetivo do diagnóstico psicopedagógico é encontrar as dificuldades de aprendizagem através das informações que surgem da família, da escola e terapeutas. Como um dos instrumentos psicopedagógicos utilizados para as avaliações temos a Entrevista operatória centrada na aprendizagem (Eoca), proposta por Jorge Visca (1987), que é realizada na primeira sessão. Este instrumento tem como objetivo fazer com que a entrevista seja espontânea, dirigida de forma experimental e onde são identificadas as hipóteses da problemática. Outro instrumento importante é a anamnese, pois ela possibilita integrar passado, presente e futuro do paciente sendo assim é uma anamnese familiar que deve ser realizada de acordo com o que se pretende investigar. As provas operatórias foram desenvolvidas por Piaget e seus colaboradores e dividem-se em provas de classificação, de conservação e de seriação e são fundamentais para um bom diagnóstico. As provas projetivas psicopedagógicas (PPP) ajudam a avaliar a aprendizagem nos aspectos emocionais que interferem no aprendizado e como exemplos são citados: Quatro momentos do dia, Par educativo, Eu e meus companheiros, O plano da sala de aula, A planta da minha casa, O dia do aniversário e Família educativa.  Sendo assim, é necessário entender o que é o distúrbio de aprendizagem não se trata de doença e por isso não tem cura aparecendo nos primeiros anos da escola, com causas multifatoriais, em indivíduos que têm inteligência e que podem aprender se forem descobertas suas verdadeiras necessidades. 

A Pandemia Covid-19 trouxe um maior desafio para os psicopedagogos clínicos sobre como manter as práticas de avaliação e direcionamento da práxis de desenvolvimento dos indivíduos com os distúrbios de aprendizagem. Os principais transtornos do neurodesenvolvimento são: transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), deficiência intelectual (DI), transtorno específico de aprendizagem (dislexia, discalculia) e os transtornos motores (tiques, síndrome de Tourette) e que segundo Araujo e Oliveira (2020) há maior incidência de transtornos psiquiátricos e distúrbios do sono desde o início da pandemia, por conta da mudança de rotina. 

Com a interrupção abrupta e a falta de sociabilização fez com que as crianças com necessidades especiais perdessem atividades com estímulos motores, ocupacionais, neurossensoriais, fonoaudiológicos e psicopedagógicos e por isso surgiu a necessidade de criar programas caseiros, virtuais, como o envolvimento dos pais para dar continuidade ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. 

Está sendo um momento muito desafiador para o psicopedagogo clínico, dar continuidade aos atendimentos e até mesmo se preparar para a nova demanda, neste tempo de Pandemia Covid -19. Para Mantovani, Santos (2011) será necessário que ele seja o protagonista para atender a demanda digital e desenvolver competências digitais para que possa manter a interação com a geração atual de alunos que em grande parte são nativos digitais. As tecnologias atuais permitem a comunicação em rede e formas de compartilhamento de arquivos e aplicativos que são ferramentas cruciais para o desenvolvimento da educação. Compete ao psicopedagogo clínico criar estratégias para que a aprendizagem aconteça.


DESCRIÇÃO REFLEXIVA SOBRE A AÇÃO REALIZADA EM CAMPO E O USO DO MATERIAL DIDÁTICO MANIPULÁVEL PRODUZIDO.

Para desenvolver uma ação em campo e um material didático manipulável foi necessário pesquisar sobre jogos digitais para crianças com dificuldades de distúrbios de aprendizagem, práticas de yoga para criança e desenvolver uma práxis com o apoio da família, com uma atenção dirigida por partes dos tutores, para criar um vídeo para apoiar a família em tempos de Pandemia Covid-19. Foi necessário o aprofundamento do estudo sobre exposição a telas, atividades fora do contexto virtual levando em consideração a saúde física e mental do indivíduo e aprender sobre a utilização da tecnologia digital para jogos, em forma de aplicativos. 

Assim como na docência, a psicopedagogia pode ser desenvolvida por um contato que desperta o imaginário dos alunos. A contação de histórias pelo Facebook tem sido uma das soluções mediadas por educadores que precisam refletir mais a fundo a profissão nesse sentido. Esta leitura citada no livro Educação em Tempos de COVID-19: reflexões e narrativas de pais e professores, através do grupo de estudos deste estágio, Vozes da pedagogia, inspirou o plano de aula para este estágio, para a criação de um vídeo, pois segundo as autoras Cordeiro, Burgo (2020), é necessário despertar o imaginário dos alunos e da comunidade como um todo.

Para crianças com dificuldades de aprendizagem podem ser utilizadas atividades, jogos e brincadeiras virtuais, que não são necessariamente psicopedagógicas, mas pode vir a ser se tiver um olhar investigativo para verificar com as crianças interagem com a atividade escolhida, quais estratégias elas usam, como se comportam, conhecido como observação lúdica. Segundo Teixeira (2020) o observador não interfere, atuando apenas como mediador. Sendo assim, o ideal é que sejam escolhidos jogos clássicos, jogos de construção e jogos pedagógicos. Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia, devem ser criteriosas as escolhas das tecnologias para garantir a qualidade dos recursos computacionais, explorando a interatividade para que o sujeito desenvolva a capacidade de representação por meio de palavras e imagens (signos verbais e imagéticos), testando caminhos diferentes, relacionando conceitos, tomando decisões, resolvendo problemas, estimulando a criatividade e portanto, construindo conhecimentos de forma autônoma através de competências e habilidades. Segundo as autoras Mantovani, Santos (2011), no artigo Aplicação das tecnologias digitais virtuais no contexto psicopedagógico, os recursos computacionais devem apresentar facilidades de uso e apresentar design agradável, o que me levou a experimentar vários jogos e aplicativos para achar um que seja fácil para acessar e jogar, além de divertidos e interessantes para ajudar a desenvolver habilidades, inclusive em crianças que apresentam TDHA e dislexia. A escolha dos jogos para serem apresentados no vídeo foram influenciadas pela pesquisa sobre dislexia e como estimular a leitura com jogos. 

O instituto Neurosaber, que reúne grandes especialistas para gerar conteúdos sobre comportamento e neurodesenvolvimento da infância e adolescência publicou no seu blog alguns exemplos de jogos indicados para o tratamento da dislexia. Alguns podem ser feitos fora das telas e outros utilizam a tecnologia digital. Fora da tela pode ser utilizado o jogo da forca que é ideal para que a criança desenvolva a formação das palavras e o uso adequado de sílabas. Já no universo digital, crianças com dislexia podem contar com jogos com ararumo onde o aplicativo Domlexia apresenta a crianças um áudio com um conjunto de palavras onde ela deve arrastar as sílabas presentes em bolhas flutuantes, desenvolvendo a leitura e a pronúncia. 

Em cima desta pesquisa, foi produzido um vídeo dando uma sequência de atividades que podem ser feitas dentro e fora das tecnologias digitais, intercalando a prática de jogos virtuais, com práticas rápidas de yoga, acrescentando técnicas respiratórias de yoga para melhorar a atenção plena e diminuir a ansiedade das crianças, com uma respiração dinâmica que envolve o movimento dos braços e a coordenação da respiração. A escolha do yoga para este estágio vem da minha experiência de mais de 10 anos trabalhando com yoga para crianças, por conta da observação dos efeitos calmantes das técnicas respiratórias para diminuir a ansiedade, manter a atenção durante as brincadeiras de posturas do yoga e na contação de histórias. 

O Yoga é uma prática muito antiga e milenar, que surgiu na Índia. Para o Yoga, a respiração é mais do que um ato fisiológico pois segundo Patanjali, autor do Yoga Sutra que é um dos textos clássicos e básico do yoga, os exercícios respiratórios conhecidos como Pranayamas, tem também efeitos sobre as emoções e na energia do ser (SARASWATI, 1996). Segundo Santos (2013), estes exercícios respiratórios são capazes de influenciar no equilibro físico e mental, desenvolvendo uma consciência corporal mais eficaz, assim também como a concentração e o habito de pensamentos positivos. 

Para a produção do vídeo foram escolhidas técnicas de respiração para crianças, que de forma lúdica, aumentam a consciência do aparato e melhoram a qualidade de vida. Depois de concluir todas as pesquisas, foram organizados os recursos para a produção do vídeo e foram necessários câmera de celular, microfone, cenário atrativo com iluminação com um refletor, quadro de giz, aplicativos de edição (youtube, final cut pro), computador, internet de alta velocidade. A edição foi realizada com a orientação de Luis Henrique Lima Schwind, meu marido, que acompanhou esta pesquisa e o desenvolvimento do material manipulável para a criação do mesmo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Crise gera inovação. O sofrimento torna o ser humano resiliente e para se adaptar a novas condições precisa se reinventar. Esse pensamento gerou a motivação para este estudo, onde considerar a tecnologia uma aliada é necessária mais do que nunca. Tecnologias e inovações diversas surgiram por conta das crises com guerras, doenças e espera-se que com esta pandemia tenhamos como herança mais inclusão digital, acessibilidade, criação de competências digitais e sem que isso se torne rotina na nova era. Os professores precisaram se reinventar e psicopedagogos também precisam se adaptar a esse novo entendimento de aperfeiçoamento tecnológico, inclusive os psicopedagogos clínicos que precisaram se organizar com os atendimentos de forma remota. Avaliações, anamneses e intervenções também precisaram ser organizados de forma que se mantenha o profissionalismo e a ética dos psicopedagogos clínicos. 

A reflexão mais importante deste estudo, que precisou levar em consideração a necessidade da tecnologia e do desenvolvimento das competências digitais, é pensar que o aluno ainda precisa ser o protagonista da sua própria aprendizagem, participando desse processo independentemente se for presencial ou virtual. Esta reflexão foi o resultado do estudo das competências digiais através do estado da arte, onde o conhecimento de como deve ser feita a criação de conteúdo é crucial, levando em consideração a necessidade real do aprendente em tempos de pandemia e isolamento social.

Os encontros com o Grupo Vozes da Pedagogia e a leitura do livro Educação em tempos de Pandemia Covid-19 trouxe o conhecimento necessário para se entender a necessidade da humanidade em se aprimorar nas tecnologias digitais e assumir a importância dela no desenvolvimento humano por conta do isolamento social. Isto leva a entender também que para os "nativos digitais", que é esta geração que já nasceu tecnológica, não tem mais sentido aprender sem o apoio das ferramentas virtuais e digitais. 

A pesquisa através do documentário deste estágio traz outra reflexão importante com relação ao ensinar, levando em consideração a melhor forma de aprender para o indivíduo. Apesar do documentário citar que esta ação pedagógica e metodológica é ideal para as crianças com dislexia, um espaço para um grande questionamento foi gerado dentro desta investigação: Será que a metodologia onde se avalia a forma como o indivíduo aprende para melhor ensiná-lo e desvendar as suas potencialidades, deveria ser apenas para o aprendente com dificuldades ou transtorno de aprendizagem? Esta metodologia não poderia ser usada por todos os alunos, mesmo sem dificuldades, aumentando o estímulo e a vontade em aprender?

A investigação sobre jogos digitais ideais para crianças com transtorno de aprendizagem foi uma parte bem interessante pois existem muitas opções, mas que precisam ser olhadas com cautela e serem aplicadas de forma assistida para que se tenha um resultado positivo e melhorar a aprendizagem, levando em consideração também o tempo de exposição na tela para cada faixa etária. 

Os problemas causados por conta do isolamento social, na questão da saúde física e mental, estimularam a pesquisa de técnicas e brincadeiras que podem apoiar as crianças que estão em casa, com relação a energia acumulada e a ansiedade. Mesmo que estas técnicas não possam substituir efetivamente a sociabilização, elas aliviam a pressão e o medo oriundos da sensação de falta de controle que a Pandemia trouxe para a humanidade. A criação do material manipulável para este estágio foi sem dúvida, a parte mais emocionante e motivadora, pois abriu o campo das possibilidades para a criação de conteúdos que podem ser ministrados de forma digital e que podem apoiar as famílias, os educadores e os psicopedagogos clínicos com relação às intervenções que podem ser orientadas por via remota. 


4 REFERÊNCIAS 


MACHADO, Dinamara Pereira. Educação em tempos de covid-19 [livro eletrônico]: reflexões e narrativas de pais e professores. 1. ED. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020. 


HADDAD, Monaliza Ehlke Ozorio. Avaliação psicopedagógica clínica [livro eletrônico]. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia)

FARIAS, E, GRACINO, E. Dificuldades e distúrbios de aprendizagem. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia).


ARAUJO, R; OLIVEIRA, G. P. Oliveira Potenciais danos silenciosos da pandemia COVID-19 em crianças com transtorno do neurodesenvolvimento e paralisia cerebral. P de Vista - residenciapediatrica.com.br, São Paulo, 12 de agosto 2020. Disponívelemhttps://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/pprint418.pdf Acesso em 21 de dezembro 2020.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. A Assistência Neuropediátrica em Tempos de Pandemia. Departamento científico de neurologia. Novembro 2020.  Disponível em:  https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22801c-DC-Assist_Neurpediatrica_em_tempos_de_pandemia.pdf Acesso em 21 de dezembro 2020. 


MANTOVANI, A.M.; SANTOS, B.S. Aplicação das tecnologias digitais e virtuais no contexto psicopedagógico. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/160/aplicacao-das-tecnologias-digitais-virtuais-no-contexto-psicopedagogico Acesso em 21 de dezembro 2020. 


BLOG. 7 jogos recomendados para crianças com dislexia. Núcleo Paulista de Neuropsicologia Aplicada. São Paulo, 6 de julho de 2017. Disponível em  http://nucleopnpa.com.br/7-jogos-recomendados-para-criancas-com-dislexia/ Acesso em 21 de dezembro de 2020. 


ALMEIDA, C. A. Técnicas de respiração do yoga para crianças. 2016. 36 f. Trabalho de conclusão de curso (licenciatura - Educação física) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2016. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/155642 Acesso em 21 de dezembro de 2020. 


SARASWATI, S. S. Asana Pranayama Mudra Bandha. New Delhi: Bihar School of Yoga, 1996.


SANTOS, A. G. et al. Yoga, uma abordagem complementar para o desenvolvimento psicomotor da criança na escola. Coleção Pesquisa em Educação Física, Várzea Paulista, v. 12, n. 4, p.135-144, out. 2013.