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quarta-feira, 12 de maio de 2021

RELATÓRIO DE ESTÁGIO HIBRIDO DE PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR - YOGA NA EDUCAÇÃO

GRUPO EDUCACIONAL UNINTER - Pontal do Paraná - 2020

ALUNA: PÉROLA MACHADO DE SOUZA

NOTA FINAL DO RELATÓRIO: 100

  1. INTRODUÇÃO

As atividades deste estágio supervisionado de Psicopedagogia Hospitalar foram realizadas através da pesquisa Científica do Projeto Vozes da Pedagogia. Foi realizada a leitura do livro "Formação de professores em diferentes cenários - vozes da pedagogia - volume 3" e realizado o fichamento de 7 autores para fundamentar a pesquisa que reflete os resultados de pesquisas de um grupo de professores, tanto de instituições públicas como particulares, chamado "Vozes da Pedagogia". A obra enfatiza a sociedade, tecnologias, formação docente e a escola com representação curricular da Base Nacional Comum Curricular. O estudo foi feito através da participação do grupo Vozes da Pedagogia, com a participação da supervisora e autores dos textos dos livros para discutir o papel da educação no contexto da educação atual. 

Através do Estado da arte foi realizado a pesquisa sobre como funciona o trabalho psicopedagógico nos hospitais, chamado classe hospitalar, a rotina, metodologia, formas de avaliação e de intervenção. Também foi pesquisada sobre como está acontecendo as classes hospitalares em época de pandemia, assim como a criação de recurso digital para ajudar internados muito debilitados, que não podem ter acesso às brinquedotecas e salas pedagógicas. Ainda no estado da arte foi pesquisado como o relaxamento induzido com visualização criativa pode ajudar os pacientes a elevar a autoestima e diminuir a ansiedade, apoiando o processo de cura. 

A análise Imagética foi realizada através do documentário "Educação e Cultura no Hospital Pequeno Príncipe'' que foi utilizado para fundamentar sobre o papel dos educadores no apoio para a continuação da aprendizagem, emocional e até mesmo preventiva de crianças e adolescentes em condições de internamento hospitalar.

O objetivo da linha de psicopedagogia hospitalar é observar, diagnosticar, avaliar e intervir na aprendizagem de crianças e adolescentes internados nos hospitais, compreendendo a dinâmica do funcionamento destes ambientes e aplicar a psicopedagogia de forma humanizada. O objetivo do projeto "Vozes da pedagogia e a formação docente" através da leitura do livro e das reuniões de estágio é transitar entre a teoria e a prática nas articulações entre a EaD, semipresencial e presencial. Portanto, o objetivo que une a linha deste estágio e o projeto de pesquisa é compreender como estão acontecendo as práticas do ensino atual, levando em consideração as tecnologias, as metodologias atuais de ensino, assim também como as avaliações e intervenções psicopedagógicas. Dessa forma é que o bacharel em psicopedagogia é inserido no contexto de atuação, compreendendo as dinâmicas de funcionamento dos ambientes hospitalares.  

Dessa forma, as atividades do estágio foram a) "Formação de professores em diferentes cenários - vozes da pedagogia - volume 3" b) Fichamento dos autores do Grupo de Pesquisa e estado da Arte; c) Participação de 5 reuniões Vozes da Pedagogia com o grupo de pesquisa; d) Análise imagética do documentário "Educação e Cultura no Hospital Pequeno Príncipe'' fichamento e criação do relatório; e) Elaboração do plano de ação; f) Reflexão, criação e utilização do material didático manipulável; g) Elaboração de relatório de estágio.



ESTUDO RELACIONANDO O LIVRO FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM DIFERENTES CENÁRIOS - VOLUME 3 - GRUPO VOZES DA PEDAGOGIA COM O ESTÁGIO DE PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR


Para desenvolver esta pesquisa foi necessário compreender o que é competência no contexto atual e as adaptações oriundas da demanda da educação. A competência surge a partir de conhecimentos, capacidades humanas e habilidades. Segundo Mocelin, Machado e Inocêncio (2020, p. 25) […]” Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, habilidades, atitudes […]”. Sendo assim, compreender como isto está acontecendo na psicopedagogia hospitalar é fundamental para o desenvolvimento do bacharelado nesta área. Classe hospitalar é a forma como é chamado o atendimento pedagógico-educacional e como cita COUTO (2004) "tem como objetivo atender as necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e adolescentes que dadas as suas condições especiais de saúde esteja hospitalizadas […]” 

Em 1990, foi realizada na Tailândia a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, onde foi criado os quatro pilares da educação: Aprender a Aprender – Aprender a Fazer – Aprender a Conviver – Aprender a Ser, que são competências que conduz ao desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos cognitivos, emocionais e físicos. Mocelin, Machado e Inocêncio (2020, p. 25). Estes pilares fundamentam o trabalho que deve ser humanizado na psicopedagogia hospitalar, ou seja, ver o paciente na sua forma integral e não somente cognitiva. Na prática da Classe hospitalar, o desenvolvimento do ensino começa através do apoio do enfrentamento dos medos para que o aprendente internado possa elevar a sua autoestima e a confiança para ter vontade de lutar pela vida e pela saúde. Para isto é necessário o envolvimento da família e levar momentos agradáveis ao paciente, pois este já se sente culpado (PEREIRA, 2015, p.3). 

Criança, jovem ou adulto deve estar em condições de receber os instrumentos essenciais à aprendizagem, além da leitura e escrita conteúdos básicos como habilidades, valores e atitudes, necessários tanto para o seu desenvolvimento como para a sua sobrevivência, ressaltados pela Declaração Mundial sobre “Educação para Todos” realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, em seu Art. 1, em 1990 (SILVA, SAKAGUTI, 2020, p.137). No contexto hospitalar, a psicopedagogia visa promover o desenvolvimento da área cognitiva por meio de atividades com os conteúdos básicos e também os aspectos afetivos através de jogos psicopedagógicos e ludicidade (PEREIRA, 2015, p.6). Metodologias ativas são processos de análises, estudos e pesquisas com a finalidade de encontrar soluções para as problemáticas de ensino. Segundo Santos, Machado (2020) nos últimos dez anos, a literatura científica trouxe várias contribuições sobre metodologias ativas. Para que haja sucesso na aprendizagem e do desenvolvimento do ser humano o trabalho em equipe é fundamental, através de trocas de experiência, para que a psicopedagogia atue de forma preventiva e interventiva, observar as metodologias ativas para que esta prática devolva aos pacientes a esperança e vontade de viver, com poucos danos na sua regressão à escola e vida social (PEREIRA, 2015, p.4).

As mudanças sociais, tecnológicas e até mesmo epistemológicas na educação estão acontecendo profundamente mostrando a necessidade de uma formação holística e até mesmo emergencial e torna-se cada vez mais urgente uma educação flexível em sua organização, que tenha como fundamento a formação integral do ser humano e, inclui-se, portanto, a formação continuada docente. (SILVA, ALVES, 2020 p. 86). Sendo assim, como exigência social temos as crianças e adolescentes que hoje tem um enorme interesse pela tecnologia, uma vez que são nativos digitais e o foco da atenção já muda automaticamente. Além da humanização da prática educacional hospitalar, é preciso levar em conta o quanto é primordial que os recursos da informática são meios que podem apoiar novas metodologias que ajudem o aluno a ter mais interesse e criar mais autonomia, assim como nas classes formais de ensino. Portanto […]” a inovação não está restrita ao uso da tecnologia, mas também à maneira como o professor vai utilizar esses recursos. (CORDEIRO, KRAVISKI, 2020, p.57) 

Por conta de a sociedade estar em transformação constante está sendo exigido que o professor crie um ressignificado da aprendizagem através de uma reconstrução consciente e reflexiva para uma nova prática docente. É necessário que o educador compreenda essa nova forma de ação e prática profissional. Munhoz (2020, p.269) afirma que a humanidade vive um estado da arte altamente evoluído na utilização das tecnologias como substitutas do trabalho manual. Também para que as metodologias ativas funcionem perfeitamente elas levam em consideração as condições empáticas do ambiente e como afirma Munhoz (2020, p. 273) esta é uma das necessidades primárias dos relacionamentos humanos e agora também entre humanos e máquinas. As equipes multidisciplinares precisam se esforçar para que haja desenvolvimento nas rotinas computadorizadas. Porém, não é uma solução para iniciativas rápidas pois o custo envolvido pode ser elevado, principalmente se envolver processos de interação 3D, entre avatares e humanos (MUNHOZ, 2020, p. 281). Com a Pandemia, o recurso educacional digital tem sido a única opção de voluntários que trabalham nos hospitais, que não podem ter mais acesso presencial. Sendo assim, mais do que nunca, a importância do desenvolvimento das competências digitais é crucial e é necessário que as políticas públicas facilitem o acesso para incluir a todos. A educação voltada ao ensino semipresencial necessita de ações diferentes como superação e inovação e que podem acontecer por meio de projetos coletivos com diálogos, criação de novos métodos de ensinos e recursos virtuais pedagógicos (KAMINSKI, BENVENUTTI, 2020, P. 66).


PESQUISA ESTADO DA ARTE

Para o estado da arte, foi investigado sobre a importância da presença do psicopedagogo no hospital, que é indispensável uma vez que, mesmo em internamento, o indivíduo pode continuar a aprender, brincar, criar e ter uma vida social.  Além disso, as atividades pedagógicas podem contribuir para a recuperação da criança/adolescente hospitalizado. (SANTOS, MENEZES, 2013, p. 455)

Diferentemente da psicopedagogia clínica, a hospitalar precisa respeitar o tempo e a saúde pois a aplicação das atividades depende de que o paciente precisa estar se sentindo bem, como relata Couto (2004) […]” assim em muitos casos, atividades deixaram de acontecer porque o paciente não estava se sentindo bem, ou havia recebido alta antes do término das sessões. Como prática na atuação, o psicopedagogo pode mostrar através de atividades o reconhecimento da sua enfermidade e fazê-lo entender a importância de estar ali e de se recuperar. Portanto, é de suma importância que os profissionais sejam curiosos, humildes e principalmente humanizados (COUTO, 2004, p. 13). 

De acordo com Santos, Menezes (2013) o pedagogo possui atribuições específicas dentro do contexto hospitalar como coordenar e avaliar o trabalho pedagógico, organizar materiais, observar as recomendações médicas, elaborar planos de ação, articular ações com outros profissionais, manter contato com a família do paciente aprendente, além de cumprir as agendas organizacionais que envolvem reuniões com os núcleos de educação. Como etapas da organização do trabalho pedagógico estão: pesquisar informações sobre os internamentos (censo hospitalar), preencher a ficha individual do aluno, realizar a anamnese, realizar contato com a escola de origem, orientar os professores da área, mediar o contato dos professores com os alunos, acompanhar o processo de ensino-aprendizagem, realizar troca de informações e fazer avaliações. Além disso, orientar os familiares após a alta médica e apoiar o retorno à escola de origem (SANTOS, MENEZES, 2013, p. 458). 

Para ajudar o paciente, é necessário que haja avaliação que pode ser inicialmente utilizada através de uma entrevista com a mãe ou acompanhantes, através da escuta, observação. Para Couto (2004) podem ser aplicados testes operatórios e projetivos, EOCA (entrevista operatória centrada na aprendizagem, TDE (teste de desempenho escolar), desenho da família e do seu próprio eu e que atividades com jogos, atividades com pinturas e até mesmo mandalas podem ser formas de avaliar. No contexto hospitalar, a avaliação psicopedagógica precisa passar por uma investigação da situação de adequação e bem-estar do paciente, considerando a estrutura física adequada, os recursos disponíveis para as atividades educacionais (ALE, 2020, p. 231). A vida hospitalar gera problemas no desenvolvimento da criança hospitalizada por conta dos traumas e podem levar a dificuldades na aprendizagem. Segundo Ale (2020), estes problemas podem ser minimizados se a ação dos profissionais for preventiva. As ações precisam ter como objetivos garantir que a vida escolar da criança tenha continuidade durante a internação, motivar a participação das crianças nas atividades, propiciar momentos de prazer, permitir que a criança expresse suas emoções e sentimentos e fortalecer a autoestima. Sendo assim, a classe hospitalar apoia o aluno internado a se sentir melhor consigo mesmo e ter projetos para a vida, conquistando espaço para distrair o seu sofrimento (ALE, 2020, p. 147). 

De acordo com Ale (2020) a maioria dos internados têm dificuldades para se locomover, seja por conta dos horários dos remédios ou até mesmo pela indisposição. Por isso, para a mesma autora, a importância das atividades lúdicas é fundamental para que elas se sintam capazes de aprender, mesmo em estado de fragilização, pois a ludicidade estimula a alegria e o prazer da criança, liberando hormônios que estimulam uma recuperação mais rápida. As brinquedotecas são espaços cruciais para as brincadeiras acontecerem, porém é importante lembrar que os brinquedos precisam de limpeza e desinfecção. Livros e as revistas da brinquedoteca também devem passar por medidas que diminuam a transmissão de infecções e que o manuseio dos objetos deve ser intercalado com a higienização das mãos, e os livros e revistas devem ser encapados com material plástico, de forma que possam ser desinfetados (ALE, 2020, p. 210).

A psicopedagogia visa intervir nas questões que englobam ansiedade, depressão e autoestima. Por isso a intervenção psicopedagógica diminui os prejuízos cognitivos da aprendizagem e também media o relacionamento do indivíduo com o meio e consigo mesmo. 


DESCRIÇÃO REFLEXIVA SOBRE A AÇÃO REALIZADA EM CAMPO E O USO DO MATERIAL DIDÁTICO MANIPULÁVEL PRODUZIDO.

A pesquisa para este estágio de psicopedagogia hospitalar foi baseada no interesse em entender como funciona a rotina do ensino no contexto hospitalar, sobre tecnologias para a criação de competência digital, avaliação e intervenção. Também foi pesquisado sobre como a psicopedagogia hospitalar está atuando na época da Pandemia Covid-19 para criar um material que possa ser usado neste contexto, onde o presencial é restrito. Sendo assim a investigação foi baseada na seguinte questão: Como criar um material que possa ser usado pela criança, que não pode sair do seu leito por conta do tratamento ou até mesmo porque os ambientes coletivos de aprendizagem dentro dos hospitais estão limitados por conta da Pandemia Covid-19? Para isto foi usado os exemplos das práxis que estão sendo utilizadas neste contexto, tanto dos pedagogos como dos voluntários, que precisaram se reinventar e estão usando a criatividade sem sair de casa. Como exemplo, a Associação Laços da Alegria que atende por meio de chamadas de vídeos, com visitas virtuais e que são guiadas pelos próprios pacientes. Adolescentes e crianças que estão matriculados na rede estadual de ensino e que se encontram internados no Hospital Infantil Joana de Gusmão recebem as atividades nos próprios leitos durante a pandemia da Covid-19, ou seja, agora os alunos não podem se reunir na sala de estudos. Desta forma é visível que a pandemia trouxe mudanças na vida dos internados, mas com muita disposição e vontade os pedagogos e voluntários estão dando continuidade aos trabalhos, mesmo com muita limitação. Então foi preciso pensar em um material manipulável que pudesse chegar a essas crianças para apoiá-las em época de isolamento social, tanto por conta da Pandemia, como por incapacidade de locomoção. 

O material manipulável para este estágio usa a tecnologia digital através de uma criação de áudio, para ser usado em época do isolamento social em que a criança e adolescentes vivem. Esta intervenção foi criada visando tratar, curar e até mesmo prevenir problemas de aprendizagem que podem surgir por conta do internamento do aluno e construir uma prática humanizadora e de forma lúdica. Para isto foi pesquisado sobre a contação de histórias para criar um texto que apoie na motivação em aprender, com estímulo às funções psicológicas superiores que são fundamentais para a aprendizagem escolar, elevando a autoestima, diminuindo a ansiedade, ativando a memória e a concentração, além de reforçar o processo de cura. Para realizar a mediação a técnicas de relaxamento de yoga com contação de história para a criança ou adolescente usar a imaginação, se visualizar vivendo a história, enquanto deitado. 

A mediação para este estágio foi construída através do recurso do áudio, que é uma forma diferente de linguagem, onde estimula a imaginação do aluno e pode ser utilizado para construir de forma positiva uma estrutura emocional e como consequência propiciar o desenvolvimento da estrutura cognitiva. Sendo assim, a construção do texto para o áudio levou em consideração que a visualização positiva através da mente, com uma história onde o paciente é o autor da imagem mental, pode interferir também positivamente na resposta corporal, que recebe estímulos neurais acelerando o processo de cura. 

O setting para a intervenção psicopedagógica pode ser a própria cama da criança internada, onde ela pode permanecer deitada. Setting é como é denominado o espaço e é onde se organiza a intervenção. No contexto hospitalar, muitas crianças ficam limitadas às suas camas e sendo assim o setting é o próprio local onde ela possa estar. O ideal é que o áudio possa ser ouvido com um fone de ouvido para que a criança não receba nenhuma distração externa. A música do áudio foi escolhida para trazer sensação de paz e tranquilidade, assim como exaltar a imaginação através das emoções. 

O texto do áudio foi criado para crianças de 7 anos até 12 que estão no período formal operatório concreto. Para Silva, Mocelin, (2019) nessa fase segundo os estudos Piagetianos, a criança já tem uma lógica interna consistente e desenvolve habilidade de solucionar problemas concretos. Também é a fase do início da escolarização formal através do Ensino Fundamental.  Sendo assim, a história é contada para a criança, em relaxamento e deitada, possa se imaginar sendo o principal personagem dela e receber instruções importantes, que elevem sua autoestima e confiança para desenvolver e acreditar nas suas capacidades cognitivas e funções psicológicas superiores, principalmente a memória e a concentração, funções cruciais para o aprendizado. Durante o texto, foram utilizadas frases afirmativas, para que o aluno seja estimulado a aprender, a desejar a cura e estimular suas capacidades de aprendizagem. 

O material utilizado para a criação do material foi computador MacBook Pro 15, internet, microfone para celular, celular, aplicativo de gravação de voz pelo celular, Microfone shure, Teclado Korg, programa de edição Cubase e aplicativo Soundclound para publicar a história. O áudio desse projeto tem 9:35 segundo e poder ser encontrado no link abaixo:

https://soundcloud.com/user-498966694/relaxamento-para-criancas-doentes_o-mestre-da-cura




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este relatório de estágio cumpriu com seus principais objetivos que eram investigar como funciona a psicopedagogia hospitalar, também chamada classe hospitalar, através da avaliação e intervenção, assim também como pesquisar sobre tecnologia digital e relacionar com o estudo através da pesquisa Científica do Projeto Vozes da Pedagogia. Ficou concluído que o olhar humanizado às crianças hospitalizadas para o atendimento pedagógico hospitalar é crucial para uma prática com sucesso. A Psicopedagogia ainda está se estruturando e foi observado que é preciso reforçar a multidisciplinaridade e que haja planejamento das atividades aplicadas, de forma lúdica, para prevenir problemas com a aprendizagem, assim também como possíveis intervenções em dificuldades de aprendizagem identificadas. 

É de vital importância que a organização do trabalho pedagógico atenda a necessidades diferenciadas. Para isto é necessário que o psicopedagogo estabeleça vínculos com o educando, e que a prática pedagógica que for realizada em ambiente hospitalar esteja de acordo com as limitações do ambiente e dos pacientes em processo de escolarização. A condição de saúde dos alunos atendidos em ambiente hospitalar tem um ritmo diferente do ambiente escolar. As condutas afetivas e cognitivas destes alunos internados sofrem em contexto hospitalar, sendo o papel do psicopedagogo e de uma equipe multidisciplinar, avaliar, observar, diagnosticar e intervir de forma que estimule crianças e adolescentes a aprenderem.

Juntamente com a observação do trabalho do psicopedagogo, este estudo concluiu que a participação do projeto "Vozes da pedagogia e a formação docente" através da leitura do livro e das reuniões de estágio,  transitando entre a teoria e a prática nas articulações entre a EaD, semipresencial e presencial, foi de suma importância para se pensar nas possibilidades de intervenção, principalmente para crianças que não podem sair dos seus leitos, ou seja, aquelas que não podem estar nas brinquedotecas e salas pedagógicas, seja por limitação física ou até mesmo por conta da Pandemia, onde as salas coletivas precisaram ser suspensas. Sendo assim, foi possível unir a linha de estágio com o projeto Vozes da Pedagogia, pois é preciso, mais do que nunca, levar em consideração as tecnologias e metodologias atuais de ensino para atender com efetividade o problema de isolamento social de alunos internados em hospitais. 

A pesquisa através do documentário deste estágio trouxe uma alegria imensa em perceber esse olhar humanizado, a empatia e a força da disposição de pessoas que se dedicam a profissão da classe hospitalar, trazendo também a reflexão de que a importância desse trabalho precisa, urgentemente, de um apoio maior dos agentes das políticas públicas, para que se amplie e receba mais estruturas. Quantos hospitais ainda precisam receber a psicopedagogia hospitalar? Com certeza, muito mais do que já existem e a expansão da classe hospitalar deveria ser prioridade, já que existem leis para garantir este trabalho. 

A dificuldade do acesso aos pacientes nos leitos por conta da Pandemia, assim como a dificuldade de pacientes não terem acesso ao aprendizado pois não podem sair dos seus leitos nos tratamentos mais sérios, levou a pensar de que forma poderia contribuir para aliviar a pressão dos medos oriundos do ambiente hospitalar, aliviar as dores físicas e estimular a força de vontade. Mesmo que o método usado neste relatório não possa substituir efetivamente a intervenção psicopedagógica, ele pode ser a forma de se iniciar um trabalho pedagógico, para devolver ao paciente a vontade de aprender, e para isto se curar. 

Criar o material manipulável para este estágio foi a parte mais fascinante. A possibilidade de criar algo que possa transformar uma situação difícil, como um internamento no hospital, em oportunidade de crescimento e aprendizagem é o que traz sentido a este estágio e a esta profissão que estou iniciando como psicopedagoga. 


4 REFERÊNCIAS

ALE, M. B. S. F. Ação psicopedagógica hospitalar: pesquisas, vivências e práticas [livro eletrônico]: Série Panoramas da psicopedagogia. Curitiba: Intersaberes, 2020. 


AZEVEDO, A.V.S.; SANTOS, A.F.T. Intervenção psicológica no acompanhamento hospitalar de uma criança queimada. Brasília, 2011. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932011000200010. Acesso em 01 de março de 2021. 


COUTO, Janaina Martins. Intervenção psicopedagógica em classes hospitalares: uma alternativa de atendimento. Monografia de conclusão do curso de pós-graduação em Psicopedagogia, Universidade Candido de Mendes. Rio de Janeiro, 2004. Disponível no AVA, Uninter, acesso em 15 de fevereiro de 2021. 


CORDEIRO, G.R; KRAVISKI, M.R. Metodologias ativas na formação continuada de professores do curso de licenciatura me pedagogia. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.2. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


KAMINSKI, C; BENEVUTTI,C.D.S. Narrativas da vida profissional de professores do semipresencial: o reflexo do social e do tempo histórico da formação da prática pedagógica atual. Metodologias ativas na formação continuada de professores do curso de licenciatura me pedagogia. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.3. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


MACHADO, Dinamara Pereira. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


MOCELIN, M.R; MACHADO, D.P; INOCÊNCIO, K.C.M. Fluidez epistemológica na formação de professores: quando o excesso cega! Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.1. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


MUNHOZ, Antonio siemsen.  Utilização de professores como tutores inteligentes para criação de ambientes de alta empatia eletrônica com uso e tecnologias exponenciais. Metodologias ativas na formação continuada de professores do curso de licenciatura me pedagogia. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.12. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


PEREIRA, Wyliane de Lima. Psicopedagogia hospitalar: um olhar humanizado a crianças hospitalizadas. Trabalho de conclusão de Curso para Bacharelado de Psicopedagogia, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2015.  Disponível no AVA, Uninter, acesso em 18 de fevereiro de 2021. 


SANTOS, M.O.; MENEZES, C.V.A. A organização do trabalho pedagógico em ambientes hospitalares: um estudo de caso com educadores do serviço de atendimento à rede de escolarização hospitalar do hospital do trabalhador. Programa de Apoio à Iniciação Cientifica - PAIC 2012-2013. Disponível no AVA, Uninter, acesso em 19 de fevereiro de 2021.


SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA. Atendimento escolar no hospital infantil é adaptado durante a pandemia. 23 de novembro de 2020. Disponível em https://www.saude.sc.gov.br/index.php/noticias-geral/11818-atendimento-escolar-no-hospital-infantil-e-adaptado-durante-a-pandemia. Acesso em 25 de fevereiro de 2021.


SILVA, W.; MOCELIN, M.R.  Epistemologia genética [livro eletrônico]: Série Panoramas da Psicopedagogia. Curitiba: Intersaberes, 2019. 


SILVA, Alvez. A relação entre a Cultura escolar e o uso das tecnologias na formação continuada dos professores do ensino superior. Formação de professores em diferentes cenários [livro eletrônico]: vozes da pedagogia. Volume III, cap.4. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020.  


YAMAGUTI, Bruna. Alegria à prova de distância: voluntários em hospitais se reinventam. Brasília, 13 de setembro de 2020. Correio Braziliense. Disponível em https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2020/09/4874789-alegria-a-prova-de-distancia-voluntarios-em-hospitais-se-reinventam.html  Acesso em 23 de fevereiro de 2020.

 

RELATÓRIO DE ESTÁGIO HIBRIDO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA - YOGA NA EDUCAÇÃO

 GRUPO EDUCACIONAL UNINTER - Pontal do Paraná - 2020

ALUNA: PÉROLA MACHADO DE SOUZA

NOTA FINAL DO RELATÓRIO: 100


  1. INTRODUÇÃO

As atividades deste estágio supervisionado de Psicopedagogia Clínica foram realizadas através da pesquisa Científica do Projeto Vozes da Pedagogia. Foi realizada a leitura do livro Covid-19 e feito o fichamento de 8 autores para fundamentar a pesquisa que visa resolver o problema sobre como desenvolver as competências digitais em professores e estudantes na atualidade. Também houve a participação das reuniões do grupo Vozes da Pedagogia, com a participação da supervisora e autores dos textos dos livros para discutir o papel da educação no contexto epidêmico atual. 

Através do Estado da arte foi pesquisado sobre as competências digitais e recursos tecnológicos que estão sendo desenvolvidos e utilizados em tempo de pandemia Covid-19. Ainda no Estado da arte foram pesquisadas as avaliações psicopedagógicas, os distúrbios e dificuldades de aprendizagem e recursos digitais para indivíduos com dificuldades em aprender, para serem trabalhados de forma emergencial durante a pandemia. Também foi realizada uma pesquisa sobre como a prática de exercícios respiratórios do yoga para crianças pode ajudar na saúde mental e emocional em tempos de isolamento social. 

A análise Imagética foi realizada através do documentário Jemicy School - Escola especializada em Dislexia que foi utilizado para fundamentar sobre o papel dos educadores no desenvolvimento humano e social das crianças com dislexia e como um ambiente bem estruturado, com professores comprometidos refletem no interesse pelos indivíduos em aprender de forma significativa e transformadora. 

O objetivo da linha de psicopedagogia clínica é observar, diagnosticar, avaliar e intervir na metodologia da aprendizagem para crianças e adolescentes com dificuldades em aprender. O objetivo do projeto Vozes da pedagogia através da leitura do livro e das reuniões de estágio é discutir a formação de professores na sociedade moderna e em época de pandemia, buscando entender a inovação dos ensinos híbridos, EAD e presencial. Investigar como os educadores estão se adaptando e utilizando as tecnologias digitais para dar continuar a práxis pedagógica de forma emergencial e remota. Portanto, o objetivo que une a linha e o projeto de pesquisa é compreender como as avaliações e intervenções psicopedagógicas estão acontecendo durante a época de isolamento na Pandemia Covid-19, cuja pesquisa é de fundamental importância para a formação profissional do bacharel em psicopedagogia, que precisa entender tanto das dificuldades de aprendizagem, como avaliá-las, quais recursos devem ser utilizados na profissão. Dessa forma é que o bacharel em psicopedagogia é inserido no contexto de atuação, compreendendo as dinâmicas de funcionamento dos ambientes clínicos.  

Dessa forma, as atividades do estágio foram a) Leitura do Livro Covid-19, Educação em tempos de Pandemia; b) Fichamento dos autores do Grupo de Pesquisa e estado da Arte; c) Participação de 5 reuniões Vozes da Pedagogia com o grupo de pesquisa; d) Análise imagética do documentário Jemicy School - Escola especializada em Dislexia, fichamento e criação do relatório; e) Elaboração do plano de ação; f) Reflexão, criação e utilização do material didático manipulável; g) Elaboração de relatório de estágio.


ESTUDO RELACIONANDO O LIVRO EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE COVID – 19 – GRUPO VOZES DA PEDAGOGIA COM O ESTÁGIO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

Pandemia, palavra assustadora que mudou a vida de todo o planeta, levou os seres humanos ao isolamento social e estimulou as atividades remotas como recurso emergencial para a sobrevivência da educação e até mesmo da saúde física, mental e emocional no ano de 2020. Percebendo que a mudança para um isolamento seria significativa e sem prazo para terminar, professores de várias modalidades precisaram pesquisar emergencialmente como proceder com as aulas online, se adaptar as tecnologias, desenvolver a criatividade através dos recursos da internet e ainda por cima manter a interação com os alunos para poder perceber os efeitos das práticas. Não está sendo muito diferente para pedagogos, psicopedagogos e psicólogos, uma vez que avaliações e procedimentos para crianças com dificuldades e distúrbios de aprendizagem também tiveram que passar por adaptações e uma reflexão mais profunda das competências digitais. 

Com a pandemia Covid-19, professores, pedagogos e psicopedagogos precisam se reinventar e refletir sobre as intervenções clínicas que agora precisam de mais apoio tecnológico do que nunca. Também é necessário estimular o apoio para a família e através dela manter o acesso à educação e principalmente o auxílio às crianças que possuem dificuldades ou distúrbios de aprendizagem. As famílias também precisam se reinventar e ser mais solidárias.

Contudo, quando a pandemia causa uma reviravolta perturbadora geral e requer o distanciamento social entre avós, filhos e netos e entre todos em geral, é hora de se repensar o sentido da família e da vida em família, da convivência em família e comunidade, e despertar para a solidariedade (MOSER, 2020, p. 31). 

A sombra da incerteza sobre o que está acontecendo com o mundo e de quando as atividades presenciais irão retornar deixam a família insegura. Mediadores da educação estão desnorteados. Professores dão aulas pela internet e os tutores dos alunos precisam assessorar seus filhos. Ambos precisam se aprofundar nos recursos da tecnologia para poder manter as práticas educativas. Crianças aprenderam que a tecnologia é muito mais do que um recurso para diversão e precisaram aprender, de forma remota, a manter atualizados os currículos, dentro das possibilidades que estão sendo apresentadas de forma emergencial. "Se a incerteza pode nos desnortear, também é propícia para a reinvenção" (MOSER, 2020, p.36). Mais do que nunca se torna necessário o desenvolvimento de mais competências de ensino, principalmente digitais, que para ser bem sucedido precisa levar em consideração aspectos da realidade humana, desde sentimentos até a facilitação de acesso tecnológico, […]” o que implica em uma grande integração de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e emoções […]". (SCHNEIDER, E. I., SCHNEIDER, A.B., 2020, p. 55).

A Pandemia fez, mesmo que forçosamente e até mesmo com um certo negacionismo, que as pessoas aceitem o desafio de produzir e acessar as informações. O mais importante é orientar o buscador dessas informações que elas devem ter qualidades e serem verdadeiras, éticas e sintonizadas com os diferentes contextos e realidades sociais. Schneider (2020) também afirma que o modelo europeu ensina sobre as competências e Literacias digitais explanando sobre o quanto é necessário realmente o envolvimento profissional, pois os recursos digitais estão disponíveis a todos e sendo assim a necessidade de observar as variedades e encontrar o que existe melhor para a sua prática docente.  No modelo europeu consta que não existe uma única metodologia e que é preciso criar estratégias de ensino e inclusive de avaliação onde se possa interpretar o processo de aprendizagem do aluno. Ainda neste modelo são discutidas as vantagens do uso de tecnologias inclusive para estruturar práticas pedagógicas centradas no aluno e envolvendo ativamente o aprendiz. Esta discussão abre portas para as possibilidades de inclusão de alunos com deficiências, dificuldades e distúrbios de aprendizagem, entre outros. Sendo assim, é importante observar que a sociedade atual já está na era da transformação digital, independente da Pandemia Covid-19, e que indivíduos que ainda não estão incluídos nesta mudança poderão brevemente ser considerados analfabetos digitais. Apesar das crianças da sociedade atual já terem disponíveis muitos recursos tecnológicos, o ensino domiciliar consiste em uma dificuldade muito grande por falta de formação dos tutores desses alunos."[…] o ensino domiciliar é bastante problematizado, principalmente por dois fatores: a socialização das crianças e a falta de formação dos pais", (QUADROS, CORDEIRO, 2020, p. 68)

O que precisa ser levado em consideração, seriamente, pelas políticas públicas é o fato de estudantes das classes sociais mais privilegiadas terem acesso à tecnologia, enquanto os mais vulneráveis perdem ainda mais a oportunidade de um ensino de qualidade. Mesmo para as famílias que têm acesso digital, muitas vezes é preciso dividir os equipamentos entre pais que estão em home office e até mesmo irmãos, dificultando ainda mais a organização do tempo e das tarefas para todos. Para Santo, Trindade (2020, cap. 19) as escolas precisam considerar tais questões para organizar como cada estudante pode, efetivamente, contatar com a Escola e continuar a suas atividades escolares. 

Certamente a Pandemia está exigindo que psicopedagogos reflitam sobre a mediação das aulas via remota para os alunos com dificuldade ou distúrbios de aprendizagem, uma vez que a atenção individualizada ainda precisar estar acontecendo, mesmo com a utilização de mídias interativas, mas principalmente na organização escolar dessas crianças que certamente devem continuar sendo de forma mais atenciosa e criteriosa. É preciso levar em consideração a limitação de sessões de aulas remotas com relação à exposição à tela, de acordo com a idade das crianças, independentemente de ela ter dificuldades de aprendizado.  A relação entre educadores e responsáveis pelos alunos precisa ser muito próxima para que os pais sejam orientados a colocar em prática as questões de ensino e organização dos estudos, entre outras atividades e segundo Santo, Trindade (2020), os pais também precisam de orientações claras dos professores.  A organização da vida escolar precisa incluir momentos onde a criança possa se mexer, criar, brincar e se possível ter momentos ao ar livre, situação bem difícil nos grandes centros urbanos. A falta de brincar ao ar livre certamente afetará as crianças, não só na vida ou currículo escolar, mas principalmente no seu desenvolvimento psicomotor. Sendo assim, mais do que nunca é preciso levar em consideração o que afirma Lopes (2020, p. 76), é necessário pensar em como aproveitar a energia acumulada para se ter um filho mais relaxado para que haja sintonia no que se precisa ensinar. 

Para fundamentar e organizar o plano de ação deste estágio foi preciso buscar sobre o funcionamento da avaliação clínica, pois para os psicopedagogos clínicos o diagnóstico dos alunos é crucial para indicar as dificuldades e também quais são as áreas que podem ser estimuladas e potencializadas nos estudantes. A avaliação psicopedagógica permite uma reflexão sobre a aprendizagem e como ela é desenvolvida na escola, considerando que a psicopedagogia abrange a pedagogia, a psicanálise, a psicologia, a epistemologia, a linguística e a neuropsicologia, entre outras áreas (Bossa, 2011, p.40). Segundo Weiss (2007), o objetivo do diagnóstico psicopedagógico é encontrar as dificuldades de aprendizagem através das informações que surgem da família, da escola e terapeutas. Como um dos instrumentos psicopedagógicos utilizados para as avaliações temos a Entrevista operatória centrada na aprendizagem (Eoca), proposta por Jorge Visca (1987), que é realizada na primeira sessão. Este instrumento tem como objetivo fazer com que a entrevista seja espontânea, dirigida de forma experimental e onde são identificadas as hipóteses da problemática. Outro instrumento importante é a anamnese, pois ela possibilita integrar passado, presente e futuro do paciente sendo assim é uma anamnese familiar que deve ser realizada de acordo com o que se pretende investigar. As provas operatórias foram desenvolvidas por Piaget e seus colaboradores e dividem-se em provas de classificação, de conservação e de seriação e são fundamentais para um bom diagnóstico. As provas projetivas psicopedagógicas (PPP) ajudam a avaliar a aprendizagem nos aspectos emocionais que interferem no aprendizado e como exemplos são citados: Quatro momentos do dia, Par educativo, Eu e meus companheiros, O plano da sala de aula, A planta da minha casa, O dia do aniversário e Família educativa.  Sendo assim, é necessário entender o que é o distúrbio de aprendizagem não se trata de doença e por isso não tem cura aparecendo nos primeiros anos da escola, com causas multifatoriais, em indivíduos que têm inteligência e que podem aprender se forem descobertas suas verdadeiras necessidades. 

A Pandemia Covid-19 trouxe um maior desafio para os psicopedagogos clínicos sobre como manter as práticas de avaliação e direcionamento da práxis de desenvolvimento dos indivíduos com os distúrbios de aprendizagem. Os principais transtornos do neurodesenvolvimento são: transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), deficiência intelectual (DI), transtorno específico de aprendizagem (dislexia, discalculia) e os transtornos motores (tiques, síndrome de Tourette) e que segundo Araujo e Oliveira (2020) há maior incidência de transtornos psiquiátricos e distúrbios do sono desde o início da pandemia, por conta da mudança de rotina. 

Com a interrupção abrupta e a falta de sociabilização fez com que as crianças com necessidades especiais perdessem atividades com estímulos motores, ocupacionais, neurossensoriais, fonoaudiológicos e psicopedagógicos e por isso surgiu a necessidade de criar programas caseiros, virtuais, como o envolvimento dos pais para dar continuidade ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. 

Está sendo um momento muito desafiador para o psicopedagogo clínico, dar continuidade aos atendimentos e até mesmo se preparar para a nova demanda, neste tempo de Pandemia Covid -19. Para Mantovani, Santos (2011) será necessário que ele seja o protagonista para atender a demanda digital e desenvolver competências digitais para que possa manter a interação com a geração atual de alunos que em grande parte são nativos digitais. As tecnologias atuais permitem a comunicação em rede e formas de compartilhamento de arquivos e aplicativos que são ferramentas cruciais para o desenvolvimento da educação. Compete ao psicopedagogo clínico criar estratégias para que a aprendizagem aconteça.


DESCRIÇÃO REFLEXIVA SOBRE A AÇÃO REALIZADA EM CAMPO E O USO DO MATERIAL DIDÁTICO MANIPULÁVEL PRODUZIDO.

Para desenvolver uma ação em campo e um material didático manipulável foi necessário pesquisar sobre jogos digitais para crianças com dificuldades de distúrbios de aprendizagem, práticas de yoga para criança e desenvolver uma práxis com o apoio da família, com uma atenção dirigida por partes dos tutores, para criar um vídeo para apoiar a família em tempos de Pandemia Covid-19. Foi necessário o aprofundamento do estudo sobre exposição a telas, atividades fora do contexto virtual levando em consideração a saúde física e mental do indivíduo e aprender sobre a utilização da tecnologia digital para jogos, em forma de aplicativos. 

Assim como na docência, a psicopedagogia pode ser desenvolvida por um contato que desperta o imaginário dos alunos. A contação de histórias pelo Facebook tem sido uma das soluções mediadas por educadores que precisam refletir mais a fundo a profissão nesse sentido. Esta leitura citada no livro Educação em Tempos de COVID-19: reflexões e narrativas de pais e professores, através do grupo de estudos deste estágio, Vozes da pedagogia, inspirou o plano de aula para este estágio, para a criação de um vídeo, pois segundo as autoras Cordeiro, Burgo (2020), é necessário despertar o imaginário dos alunos e da comunidade como um todo.

Para crianças com dificuldades de aprendizagem podem ser utilizadas atividades, jogos e brincadeiras virtuais, que não são necessariamente psicopedagógicas, mas pode vir a ser se tiver um olhar investigativo para verificar com as crianças interagem com a atividade escolhida, quais estratégias elas usam, como se comportam, conhecido como observação lúdica. Segundo Teixeira (2020) o observador não interfere, atuando apenas como mediador. Sendo assim, o ideal é que sejam escolhidos jogos clássicos, jogos de construção e jogos pedagógicos. Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia, devem ser criteriosas as escolhas das tecnologias para garantir a qualidade dos recursos computacionais, explorando a interatividade para que o sujeito desenvolva a capacidade de representação por meio de palavras e imagens (signos verbais e imagéticos), testando caminhos diferentes, relacionando conceitos, tomando decisões, resolvendo problemas, estimulando a criatividade e portanto, construindo conhecimentos de forma autônoma através de competências e habilidades. Segundo as autoras Mantovani, Santos (2011), no artigo Aplicação das tecnologias digitais virtuais no contexto psicopedagógico, os recursos computacionais devem apresentar facilidades de uso e apresentar design agradável, o que me levou a experimentar vários jogos e aplicativos para achar um que seja fácil para acessar e jogar, além de divertidos e interessantes para ajudar a desenvolver habilidades, inclusive em crianças que apresentam TDHA e dislexia. A escolha dos jogos para serem apresentados no vídeo foram influenciadas pela pesquisa sobre dislexia e como estimular a leitura com jogos. 

O instituto Neurosaber, que reúne grandes especialistas para gerar conteúdos sobre comportamento e neurodesenvolvimento da infância e adolescência publicou no seu blog alguns exemplos de jogos indicados para o tratamento da dislexia. Alguns podem ser feitos fora das telas e outros utilizam a tecnologia digital. Fora da tela pode ser utilizado o jogo da forca que é ideal para que a criança desenvolva a formação das palavras e o uso adequado de sílabas. Já no universo digital, crianças com dislexia podem contar com jogos com ararumo onde o aplicativo Domlexia apresenta a crianças um áudio com um conjunto de palavras onde ela deve arrastar as sílabas presentes em bolhas flutuantes, desenvolvendo a leitura e a pronúncia. 

Em cima desta pesquisa, foi produzido um vídeo dando uma sequência de atividades que podem ser feitas dentro e fora das tecnologias digitais, intercalando a prática de jogos virtuais, com práticas rápidas de yoga, acrescentando técnicas respiratórias de yoga para melhorar a atenção plena e diminuir a ansiedade das crianças, com uma respiração dinâmica que envolve o movimento dos braços e a coordenação da respiração. A escolha do yoga para este estágio vem da minha experiência de mais de 10 anos trabalhando com yoga para crianças, por conta da observação dos efeitos calmantes das técnicas respiratórias para diminuir a ansiedade, manter a atenção durante as brincadeiras de posturas do yoga e na contação de histórias. 

O Yoga é uma prática muito antiga e milenar, que surgiu na Índia. Para o Yoga, a respiração é mais do que um ato fisiológico pois segundo Patanjali, autor do Yoga Sutra que é um dos textos clássicos e básico do yoga, os exercícios respiratórios conhecidos como Pranayamas, tem também efeitos sobre as emoções e na energia do ser (SARASWATI, 1996). Segundo Santos (2013), estes exercícios respiratórios são capazes de influenciar no equilibro físico e mental, desenvolvendo uma consciência corporal mais eficaz, assim também como a concentração e o habito de pensamentos positivos. 

Para a produção do vídeo foram escolhidas técnicas de respiração para crianças, que de forma lúdica, aumentam a consciência do aparato e melhoram a qualidade de vida. Depois de concluir todas as pesquisas, foram organizados os recursos para a produção do vídeo e foram necessários câmera de celular, microfone, cenário atrativo com iluminação com um refletor, quadro de giz, aplicativos de edição (youtube, final cut pro), computador, internet de alta velocidade. A edição foi realizada com a orientação de Luis Henrique Lima Schwind, meu marido, que acompanhou esta pesquisa e o desenvolvimento do material manipulável para a criação do mesmo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Crise gera inovação. O sofrimento torna o ser humano resiliente e para se adaptar a novas condições precisa se reinventar. Esse pensamento gerou a motivação para este estudo, onde considerar a tecnologia uma aliada é necessária mais do que nunca. Tecnologias e inovações diversas surgiram por conta das crises com guerras, doenças e espera-se que com esta pandemia tenhamos como herança mais inclusão digital, acessibilidade, criação de competências digitais e sem que isso se torne rotina na nova era. Os professores precisaram se reinventar e psicopedagogos também precisam se adaptar a esse novo entendimento de aperfeiçoamento tecnológico, inclusive os psicopedagogos clínicos que precisaram se organizar com os atendimentos de forma remota. Avaliações, anamneses e intervenções também precisaram ser organizados de forma que se mantenha o profissionalismo e a ética dos psicopedagogos clínicos. 

A reflexão mais importante deste estudo, que precisou levar em consideração a necessidade da tecnologia e do desenvolvimento das competências digitais, é pensar que o aluno ainda precisa ser o protagonista da sua própria aprendizagem, participando desse processo independentemente se for presencial ou virtual. Esta reflexão foi o resultado do estudo das competências digiais através do estado da arte, onde o conhecimento de como deve ser feita a criação de conteúdo é crucial, levando em consideração a necessidade real do aprendente em tempos de pandemia e isolamento social.

Os encontros com o Grupo Vozes da Pedagogia e a leitura do livro Educação em tempos de Pandemia Covid-19 trouxe o conhecimento necessário para se entender a necessidade da humanidade em se aprimorar nas tecnologias digitais e assumir a importância dela no desenvolvimento humano por conta do isolamento social. Isto leva a entender também que para os "nativos digitais", que é esta geração que já nasceu tecnológica, não tem mais sentido aprender sem o apoio das ferramentas virtuais e digitais. 

A pesquisa através do documentário deste estágio traz outra reflexão importante com relação ao ensinar, levando em consideração a melhor forma de aprender para o indivíduo. Apesar do documentário citar que esta ação pedagógica e metodológica é ideal para as crianças com dislexia, um espaço para um grande questionamento foi gerado dentro desta investigação: Será que a metodologia onde se avalia a forma como o indivíduo aprende para melhor ensiná-lo e desvendar as suas potencialidades, deveria ser apenas para o aprendente com dificuldades ou transtorno de aprendizagem? Esta metodologia não poderia ser usada por todos os alunos, mesmo sem dificuldades, aumentando o estímulo e a vontade em aprender?

A investigação sobre jogos digitais ideais para crianças com transtorno de aprendizagem foi uma parte bem interessante pois existem muitas opções, mas que precisam ser olhadas com cautela e serem aplicadas de forma assistida para que se tenha um resultado positivo e melhorar a aprendizagem, levando em consideração também o tempo de exposição na tela para cada faixa etária. 

Os problemas causados por conta do isolamento social, na questão da saúde física e mental, estimularam a pesquisa de técnicas e brincadeiras que podem apoiar as crianças que estão em casa, com relação a energia acumulada e a ansiedade. Mesmo que estas técnicas não possam substituir efetivamente a sociabilização, elas aliviam a pressão e o medo oriundos da sensação de falta de controle que a Pandemia trouxe para a humanidade. A criação do material manipulável para este estágio foi sem dúvida, a parte mais emocionante e motivadora, pois abriu o campo das possibilidades para a criação de conteúdos que podem ser ministrados de forma digital e que podem apoiar as famílias, os educadores e os psicopedagogos clínicos com relação às intervenções que podem ser orientadas por via remota. 


4 REFERÊNCIAS 


MACHADO, Dinamara Pereira. Educação em tempos de covid-19 [livro eletrônico]: reflexões e narrativas de pais e professores. 1. ED. Curitiba: Editora Dialética e Realidade, 2020. 


HADDAD, Monaliza Ehlke Ozorio. Avaliação psicopedagógica clínica [livro eletrônico]. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia)

FARIAS, E, GRACINO, E. Dificuldades e distúrbios de aprendizagem. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia).


ARAUJO, R; OLIVEIRA, G. P. Oliveira Potenciais danos silenciosos da pandemia COVID-19 em crianças com transtorno do neurodesenvolvimento e paralisia cerebral. P de Vista - residenciapediatrica.com.br, São Paulo, 12 de agosto 2020. Disponívelemhttps://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/pprint418.pdf Acesso em 21 de dezembro 2020.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. A Assistência Neuropediátrica em Tempos de Pandemia. Departamento científico de neurologia. Novembro 2020.  Disponível em:  https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22801c-DC-Assist_Neurpediatrica_em_tempos_de_pandemia.pdf Acesso em 21 de dezembro 2020. 


MANTOVANI, A.M.; SANTOS, B.S. Aplicação das tecnologias digitais e virtuais no contexto psicopedagógico. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/160/aplicacao-das-tecnologias-digitais-virtuais-no-contexto-psicopedagogico Acesso em 21 de dezembro 2020. 


BLOG. 7 jogos recomendados para crianças com dislexia. Núcleo Paulista de Neuropsicologia Aplicada. São Paulo, 6 de julho de 2017. Disponível em  http://nucleopnpa.com.br/7-jogos-recomendados-para-criancas-com-dislexia/ Acesso em 21 de dezembro de 2020. 


ALMEIDA, C. A. Técnicas de respiração do yoga para crianças. 2016. 36 f. Trabalho de conclusão de curso (licenciatura - Educação física) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2016. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/155642 Acesso em 21 de dezembro de 2020. 


SARASWATI, S. S. Asana Pranayama Mudra Bandha. New Delhi: Bihar School of Yoga, 1996.


SANTOS, A. G. et al. Yoga, uma abordagem complementar para o desenvolvimento psicomotor da criança na escola. Coleção Pesquisa em Educação Física, Várzea Paulista, v. 12, n. 4, p.135-144, out. 2013.