Índice

domingo, 28 de fevereiro de 2010

resenha: O épico RAMAYANA






ÉPICO RAMAYANA – ITIHÂSA HINDU








Ramayana descreve a epopéia de RAMA, constituindo a conhecida filosofia épica que revela muito sobre a estrutura psicológica de um povo, sendo que sua influência é exercida até os dias atuais, como modelo de comportamento social. Composto por Valmiki, é uma obra que pode ser comparada com a mitologia grega, mais precisamente, a Ilíada de Homero, semelhante em muitos aspectos, como por exemplo, o rapto de Helena por Páris que causa a guerra entre gregos e troianos. Lembrando que o épico foi escrito anteriormente à obra grega.
Segundo o livro Rama, Os grande Iniciados, de Édouard Schuré, o nome de poema significa Façanhas de Rama (Rama+aiana) e foi escrito originalmente em sânscrito. Rama, o herói de Ramayana, é uma forma humana do deus Vishnu e serve como modelo aos homens hindus. É elegante, bravo e marido devotado. Sita, sua mulher, belíssima, representa o ideal indiano de devoção ao dever e ao marido.

O AUTOR E A ÉPOCA
Valmiki, o autor, é uma figura legendária, brâhmane de nascença, mas que era brigão, salteador, sempre envolvido em confusões e que atacou sete RISHIS, que estavam em profunda contemplação, afim de perturbá-los. Mas os RISHIS, não deixaram que a negatividade os atingissem e para “tocar” o coração de Valmiki e direcioná-lo na direção correta, ensinam o poderoso mantra de RAMA. Isto toca o coração de Valmiki que entra em meditação por mil anos. Quando os RISHIS voltam, encontram Valmiki coberto por formigas bravas e brancas e então surgiu seu nome (formigas brancas segundo Édouard Schuré).
Segundo Schuré a maioria dos eruditos, inclinam-se a favor da real existência de Valmiki dizendo que a obra é tão perfeita que só um autor único poderia conseguir tal unidade e tal segurança.
O ARGUMENTO
Independente do questionamento sobre a existência do autor, o Ramayana representa o drama eterno da vida, um permanente combate feito por um herói dotado de virtudes como a beleza, força e encarnação dos mais puros e nobres sentimentos (Vishnu), contra as potências do mal.
O Ramayana, como glorioso legado de uma das literaturas mais antigas do mundo, é um documento para que o homem comum possa ver refletir-se em sim os pensamentos que despertam na alma humana a contemplação e a nobre satisfação do cumprimento do dever.O poema representa também a libertação, como processo de desprendimento gradual, de sutilização.
A história acontece na cidade de Ayodhia onde reinava Dasaratha, um rei da raça solar. Essa cidade não tem uma exata localização até os dias de hoje. O Rei Dasaratha tinha três esposas. Aproximando-se da velhice decide realizar o Ashta-medha (ritual do sacrifício do cavalo) para ter filhos. Suas esposas deram à luz a quatro filhos. Rama, um deles é o avatar de vishnu (sétima encarnação da divindade) para combater o mal – RAVANA – o demônio que representa o símbolo da natureza inferior da alma, ou a mente cheia de ilusão e orgulho que precisamos dominar.
No primeiro capítulo, o Ramayana descreve a vida dos irmãos na floresta de Ayodhia, onde morava VISVAMITRA, um sábio. Era um lugar atacado constantemente por seres demoníacos: os RAKSHASAS, que simbolizam as hostes à serviço do mal. VISVAMITRA pede ao Rei que coloque Rama sob sua orientação. Rama vai juntamente com Laksham, seu fiel irmão à casa do guru e Rama é obrigado a matar TARAKA, o ser demoníaco que chefiava os que tentavam atrapalhar o trabalho do seu guru.VISVAMITRA ensina aos irmãos a manejaram as armas celestiais (siddhis).
Certo dia o guru VISVAMITRA leva os irmãos à corte do rei de JANAKA, no país de VIDEHA onde RAMA conhece SITA, cujo nome significa SULCO (que nasceu da terra), e era a própria LAKSMI em forma humana, esposa de Vishnu. Para ter a mão de SITA ,RAMA precisou passar pela prova do Arco de SHIVA. Além dele, seus irmãos também casaram com as irmãs de SITA. A felicidade não estava assegurada. KAIKEYI, a segunda esposa de DASHARATHA, sonha e ver seu filho BARATHA como rei do trono e consegue fazer com que o rei expulse do reino por quatorze anos, seu filho RAMA.
RAMA obedece e com sua esposa e seu irmão LAKSHAMAN deixam o reino e vão morar no coração da floresta que simbolizam os anos de aprovação. É justamente o que descreve o terceiro capítulo, a sua vida de eremita. Depois de seis dias de viagem, chegam ao monte CHITRAKUTA onde morava o autor VALMIKI e esse monte até hoje é adorado pelos milhares de pessoas. Já o rei DASHARATHA não suportou a dor e morreu.
No quarto capítulo, o príncipe BHARATA, ao voltar de uma viagem e ao ficar sabendo da morte do pai, recusa o reino. Procura RAMA na floresta e implora para que este volte e assuma o trono, mas RAMA recusa com sabedoria. RAMA dá as sandálias ao irmão como símbolo de amor. BHARATA declarou que se RAMA não retornar depois de quatorze anos, terminará seus dias na pira.
No quinto capítulo é descrito a moradia de RAMA, SITA E LAKSHMAN. O livro número seis uma série de acontecimentos se inicia e uma princesa da hoste dos RAKSHASAS se apaixona por RAMA. Mas este é fiel é RAMA e não corresponde. A princesa inconformada solicita ao seu poderoso irmão RAVANA que ajuda. Este envia um demônio em forma de gazela para tirar RAMA de casa. RAMA pede para que LAKSHMAN cuide de SITA, enquanto sai à caça da gazela. O amor de SITA faz com que ela convença LAKSHMAN a ir atrás de RAMA, julgando que este estava em perigo, sob influência de RAVANA. LAKSHMAN abandona SITA, contrariado e RAVANA aproveita e rapta a esposa de RAMA.
Com muita dor e andando pelas montanhas Nilgiri, Rama vai até os VANARS. É o que nos conta o capítulo sete. VANARS são qualidades mentais que RAMA encontra para buscar por SITA. O rei dos macacos (que segundo alguns autores eram os povos de raça negróide da Índia e que foram mesclando com os arianos) se aliou na luta com RAMA contra RAVANA. O general do seu exército HANUMAN de origem divina e dotado de poderes sobrenaturais, pulou da Índia ao Ceilão (Lanka), onde morava RAVANA, em um único salto.
No oitavo capítulo, Hanuman descobre que SITA era prisioneira de RAVANA e estava guardada por entidades terríveis. SITA reconhece o anel e dá a HANUMAN para que este leve a RAMA e para comprovar que está viva. HANUMAN cruza o oceano e conta toda a história para RAMA a quem entregou a pedra preciosa de SITA.
RAMA vai até RAVANA, entra com facilidade em sua ilha e chega até a prisão de SITA. HANUMAN queima grande parte da cidade. RAVANA reúne-se com sua família e decidem iniciar uma grande guerra.
Então inicia-se o choque entre o BEM e o MAL, e em meio a temporais e trovões em fúria, inicia-se a guerra, no capítulo dez onde podemos ver a força da poesia:
“As trevas chegaram mas, os combatentes continuavam lutando sem cessar, com um ódio ainda maior na escuridão da noite!”
Os VANARS acabaram como uma chama o exército de RAVANA e este derrotado, fica só. Na terceira batalha, dá-se o encontro de RAMA e RAVANA. RAMA usa o dardo do BRAHMA, e com ele atinge o coração de RAVANA, matando-o rapidamente. Ainda nesse capítulo, RAMA demonstra sua bondade permitindo o ritual de sepultamento na pira do seu inimigo.
No último capítulo, RAMA volta ao lar com SITA, mas uma grande suspeita paira nesse amor, onde SITA precisa provar que não foi possuída por RAMA, entrando no sacrifício do fogo, na praça principal. Ele dever sair viva e sem queimaduras da fogueira se estiver inocente. E realmente ela saiu sem nenhum fio de cabelo mexido ou queimado, provando a sua inocência. RAMA volta feliz para seu trono, onde reinou por muitos anos.
No livro de Édouard Schuré, podemos encontrar uma parte instigante do poema que diz: “Eis aqui tua esposa, RAMA. Recebe-a pura, sem mancha e defeito, eu te asseguro. O fogo vê tudo que se mostra e tudo o que se oculta.” (pág 73).
Existe um outro final, triste onde RAMA manda a esposa embora por achar que foi maculada por RAVANA. A leva para Valmiki (o autor), na floresta. SITA tem com Valmiki dois filhos LAVA E KUSA que se tornam mestres exímios e aprender de cor todos os versos do RAMAYANA. Um dia RAMA implora o retorno de SITA a Valmiki que cede ao pedido de RAMA. Mas SITA, inconformada com a desconfiança do marido, volta para terra que se abre num sulco.

OBSERVAÇÕES DA PÉROLA
“Aqueles que prestarem atenção desta admirável história de trabalhos infatigáveis, ficará livre dos pecados, terá filhos, se deseja filhos e riquezas, se tem sede de riquezas. Os que, reunidos, ouvem o poema que o próprio Valmiki compôs, granjearão do céu todas as graças, objeto de seus desejos” (In O Ramaiana – Valmiki).
Ao meu ver é uma obra que instiga a prosperidade, a fidelidade de irmãos (Lakshman e baratha), a fidelidade da amizade de Hanuman, as qualidades sobrenaturais (siddhis) que só são dignas de quem realmente as merece e a fidelidade no amor (Rama e Sita).
Interessante também a vinda de um Avatar sempre no momento onde o é necessário o entrave das lutas entre o bem e o mal, trazendo a sétima reencarnação de Vishnu em forma de Rama, e como alma gêmea, Laksmi, em forma de SITA. É sem dúvida, um romântico e inspirador poema que nos leva a avaliar as nossas lutas, conflitos internos, relação com a vingança e com a desconfiança.
O professor de Yoga Goura Nataraj Das, nos contou uma vez em prática, que HANUMAN fez um caminho por dentro do mar, desde a Índia até o Lanka, para que RAMA pudesse passar. Muito questionado por historiadores o fato de ser impossível fazer um caminho no mar, pode vir a ser um fato. Hare Krishnas nos contam que existem fotos de satélite que mostram caminhos de pedras entre os dois países. Essas fotos estão publicadas como estão abaixo:


Arqueólogos descobriram, graças a fotos de satélite da NASA, resquícios de uma ponte de 30km de extensão, feita pelo homem, unindo a Índia ao Sri Lanka. Até aí nada de mais, a não ser pelo fato de que a ponte foi construída há 1.750.000 a.C. (quase dois milhões de anos!), ainda na época do O primeiro animal que os cientistas classificam como hominídeo. Foram os primeiros a usar ferramentas de pedra, mas são anteriores ao homo erectus. Vocês acreditam mesmo que foi esse bicho aí do lado que projetou essa ponte? Os caras, antes mesmo de andar eretos, já eram engenheiros habilidosos?');" onmouseout=nd();Homo habilis! Outro detalhe impressionante é que a construção dessa ponte foi contada nos Veda provém da raiz sânscrita vid, que significa saber, conhecimento. Esses ensinamentos foram passados de forma oral por milhares de anos, porém, com o advento da era de Kali, quando o homem perdeu o poder de concentração, inteligência e memória, se fez necessário codificar os Vedas em forma escrita. No começo era um só Veda, mas o sábio Vyasadeva o dividiu em várias partes, pra facilitar o aprendizado. Os quatro tipos principais de Vedas são o Rigveda, o Yajurveda, Samveda e o Atharvaveda. Os Vedas não são considerados histórias inventadas (existe outra palavra para isso em sânscrito), mas sim relatos de coisas que de fato aconteceram.');" onmouseout=nd();Vedas, mais especificamente no Épico hindu Ramayana (escrito há pelo menos 5.000 anos!), onde lemos que ela foi construída sob a supervisão de ninguém menos que o deus Rama (avatara, significa que desce. É a encarnação de Krishna (um aspecto da Divindade Brahman, que é Única) que veio para realizar diferentes tarefas no mundo material e restabelecer o reto agir, o verdadeiro Dharma, que se corrompe através dos séculos.');" onmouseout=nd();Avatar hindu, equivalente ao nosso Cristo), na Treta Yuga (Uma Era que vai de 2.163.000 a.C. a 1.296.000 a.C., o que bate com a idade da ponte!).Mais fotos podem ser vistas aqui. Leiam o trecho do Ramayana aqui (em inglês), e notem que o exército de Rama era composto por "macacos", que eram mais inteligentes e hábeis que os macacos que conhecemos atualmente... mais parecidos com o que seria o Homo habilis.No mínimo intrigante...Referência: As eras (Yugas), segundo os Hindus;Homo habilis;Fatos estranhos do passado.






BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, Nunes Murilo. O Pensamento do Extremo Oriente. O Olho do Furacão. São Paulo, Editora Pensamento.
SCHURÉ, Édouard. Os Grandes Iniciados. Rama. São Paulo, Editora Martin Claret.
VALMIKI. In Ramayana. Rio de Janeiro, Editora Matos Peixoto, 1964.
http://rodrigoenok.blogspot.com/2009/02/ponte-construida-pelo-homem-em-1750000.html - sobre Ponte de Ramayana – fotos de satélite.

O que é bioenergética? Resenha do livro: BIOENERGÉTICA

BIOENERGÉTICA
Alexander Lowen

Existem duas formas de ser ler a linguagem corporal: uma através dos sinais e expressões do corpo e outra através das expressões verbais, e outra através da nossa linguagem cotidiana demonstrando que já deciframos algumas delas quando dizemos, por exemplo: “cabeça-dura”, “carrega o mundo nas costas”, ou “mão fechada” para traduzir o comportamento humano como: “inflexível”, “excessivamente responsável”, ou “não solta o dinheiro”, respectivamente.
As máquinas são complementos do corpo, como a pá é uma mão aumentada, o computador é o prolongamento do cérebro e assim por diante, explicando a frase de Sandor Rado, que a base de todas as linguagens é a linguagem do corpo. Apesar da Bioenergética não ver o corpo como uma máquina.
A atitude de uma pessoa pode ser determinada a partir da expressão do seu corpo, por isso é importante compreender sua linguagem. O formado do tórax, por exemplo, mostra que quando está saliente eu uma forma de desafio, como se a pessoa dissesse “fique longe de mim“. O canal de comunicação primário para o corpo é através da boca e da garganta e o primeiro canal do bebê que chega no seio da mãe e temos consciência que o beijo é uma expressão de amor. Uma forma clara de que mostra o bloqueio da passagem de qualquer sentimento é a garganta fechada e um pescoço contraído. Os braços e mãos são a continuação de canal de comunicação do coração. As mãos são carregadas de energia e tem poder de cura no seu toque.
Quanto às tensões nos ombros, temos como tradução a forma de se lançar à vida. Já a tensão nas mãos resulta da repressão de impulsos para pegar ou agarrar, rasgar ou ferir, explicação para artrite reumática. Um terceiro canal do coração com o mundo Oe o que desce da cintura e pelve pra as genitais. O orgasmo satisfatório só é possível quando a pessoa realmente se entrega. Por isso, o texto diz que sexo sem sentimento é como fazer uma refeição sem apetite.
As tensões nos músculos que circundam a pelve e as coxas, bloqueiam o livre fluxo de excitação e sentimentos. Por isso é ideal que se faça relaxamento nessa região para que a pessoa possa se sentir “ligada”, deixando claro que cabeça, coração e órgão genitais, ou pensamento, sentimentos e sexo não são mais funções isoladas.
Os seios das mulheres são ligados diretamente ao coração, mostrando que o ato de amamentar é umas das mais claras expressões de amor maternal. É provável que a mãe esteja ressentida e desgostosa com a responsabilidade que a criança representa quanto tem problemas com a amamentação.
O autor dá como exemplo as pessoas que chegam à sua terapia com queixas do tipo depressão, ansiedade, sentimentos de inadequação, de fracasso, etc, que cada uma dessas queixas demonstra falta de prazer e de satisfação no viver. Segundo ele, o objetivo de cada terapia é ajudar a pessoa a aumentar sua capacidade de dar e receber amor, e desenvolver o coração e não só sua mente.
Outras partes do corpo podem ser entendidas da seguinte forma: a face inclui a aparência externa de objeto e situações e é empregada para fazer referência à imagem de uma pessoa que se relaciona ao conceito de face do ego, por isso, a maior parte das pessoas se esforça para manter as aparências. A pessoa de ego forte “encara” as situações, enquanto a mais fraca desvia o rosto. Então podemos avaliar o ego da pessoa através da sua face. Pode-se observar a tendência de esconder o rosto com cabelos longos que pode parecer uma falta de vontade de encarar o mundo ou até mesmo rejeição de nossa cultura que valoriza a imagem. Uma forma de manifestar o anti-ego. Podemos analisar as sobrancelhas, as erguidas indicam refinamento ou intelectualidade e as baixar pertencem a indivíduos broncos. Olhos brilhantes são sinal e símbolo de exuberância. Podemos saber as respostas dos outros através do olhar. A boca também tem suas expressões como “linguarudo” ou “fala-manso”, ”queixo caído” e a terapia, muitas vezes, faz com que o paciente deixe seu queixo cair antes que consiga entregar-se ao choro.
Já a voz humana é o meio de maior expressividade ao alcance do homem e perder a voz pode significar a perda da própria posição. Pessoas que assumem suas responsabilidades “leva-as ao ombro” e a participação do indivíduo no acontecimento é expressada através do “deu uma mãozinha”. A expressão “você me tocou”, reflete um contato de sensibilidades entre pessoas. Bebês aprendem colocando objetos na boca e crianças aprendem tocando, trazendo a questão da terapia: “Será que alguém consegue realmente conhecer oura pessoas sem tocá-la?” Está aí a importância do terapeuta tocar o paciente, pois consegue sentir muitas coisas a respeito dessa pessoa. Assim, o terapeuta tem condição de transmitir ao paciente a noção de que o sente e o aceita como um ser corporal de forma que demonstra a natureza terna e amorosa de seus cuidados, como o colo da mãe. A dificuldade de aceitação do toque tem haver com os tabus da infância, relacionados a privação de carinho e à sexualidade. Tocando o paciente, principalmente do sexo oposto, de uma forma que assuma caráter sexual, pode-se confirmar as ansiedades do paciente com respeito ao contato físico. Mas qualquer envolvimento sexual do terapeuta é uma traição da confiança depositada no vínculo terapêutico. O toque terapêutico deve ser caloroso, amistoso, confiável e isento de qualquer interesse pessoal para que se possa inspirar confiança. Por isso, primeiramente o terapeuta tem que se conhecer, estar em contato consigo mesmo antes de tocar seu paciente.
Já o paciente tem imensa vontade de tocar o terapeuta para quebrar o tabu contra o tocar que o faz sentir-se isolado. Através desse toque pode-se atingir um nível mais profundo de um problema que as palavras somente não alcançariam. São variadas as explorações onde podem ser decifrados vários tabus, entre eles a aceitação.
Outro campo de interação reside na relação com o chão. Existem termos metafóricos que quando empregado para a descrição de condutas, podem ser aplicas à personalidade com relação a estar em pé e o modo como o indivíduo fica perante a vida, revela-se em seu corpo. Pode revelar sensação de insegurança na personalidade, independente de ser consciente ou não. O estudo dessas posturas como o corpo e pés tem aspectos culturas (como na china onde os pés das meninas eram amarrados para que permanecessem pequenos e inúteis e davam a posição social das mulheres) se manifestam nas expressões corporais e é chamado cinética e na bioenergética é estudado o efeito da cultura sobre o próprio corpo. Pode-se fazer diagnósticos através dos pés e pode-se fazer a pessoa tomar consciência deles e tornar-se capaz de equilibrar-se adequadamente.
Outro fenômeno bioenergético, cultural e assunto para uma investigação sociológica é a falta do senso de ter raízes que pode ser um distúrbio no funcionamento do corpo, localizado nas pernas, pois estas são nossas raízes móveis e exercícios específicos podem fazer a pessoa a vivenciar o “enraizamento”. A mãe é o primeiro chão do bebê e ele conquista suas raízes através do corpo da mãe. Terra e chão e identificam-se simbolicamente com a mãe que pode ser a causa de muitos pacientes que não tiveram um senso adequado de terem raízes, base, por falta de um contato agradável com o corpo de suas mães.
Comunicação não-verbal é a linguagem do corpo. O tom da voz ou o olhar de uma pessoa têm um impacto maior do que as palavras. Como o olhar de uma mãe pode deixar clara sua insatisfação para um filho. Crianças percebem mais a linguagem corporal que os adultos mas perdem com os anos pois passam a dar mais atenção às palavras. Pode-se tentar enganar por palavras, mas nunca pela linguagem corporal, pois o corpo demonstra a impostura pelo estado de tensão e como ninguém controla o corpo totalmente, os detectores de mentira são eficientes quando usados para distinguir a verdade da mentira. Quando a pessoa mente, a pressão sanguínea altera e a taxa de batimentos cardíacos é alterada. Pode-se analisar a própria voz, pois seu tom e ressonância refletem todos os sentimentos que a pessoa abriga.
Há como detectar traços da personalidade através do andar e cada aspecto corporal revela quem somos. Podemos até mesmo confiar ou não no outro a partir da expressão corporal. As crianças confiam mais nesse tipo de informação que os adultos. Se não confiarmos nos nossos sentidos, estamos aniquilando nossa capacidade de sentir e de fazer sentido e quando nos identificamos com a expressão corporal de uma pessoa, podemos sentir seu significado. Ou seja, quando se assume a atitude corporal de uma pessoa, pode-se captar os sentimentos daquela expressão. Quando a pessoa tem expressões já crônicas, torna-se sem consciência, pois as tensões perdem sua carga energética. Mas a linguagem do corpo não mente e outro corpo pode compreendê-la. Como exemplo temos traços masoquistas que são expressados quando alguém está de nádegas contraídas e de músculos tensos nessa região e o indivíduo adota compensatoriamente uma atitude de desafio na metade superior do corpo.
Como todos os padrões tensionais traduzem os traumas vividos no crescimentos, rejeições, privações, seduções, frustrações, etc, estão em todos os seres humanos, os próprios terapeutas de bioenergética submetem-se a um programa de treinamento para colocá-los em contato com seus corpos.
A expressão “segunda natureza” surge na aplicação da descrição de atitudes físicas e psicológicas e passam a fazer parte da vida da pessoa, por isso, é crucial que possamos reconhecer a existência da “primeira natureza”, a causa, a distinção entre a primeira e segunda natureza. Dessa forma, pode-se ter uma vida mais saudável e uma cultura sadia apoiando-se na primeira natureza.